Cada vez mais pessoas, de idades variadas, estão mudando de carreira e apostando na busca por uma nova área de trabalho, o que pode ser bastante positivo – pessoal e profissionalmente – desde que seja feito da forma correta. Com o aumento da expectativa de vida, os profissionais têm uma carreira mais longa, e isso pesa na hora da decisão de optar ou não pela mudança.

O ambiente corporativo costuma ser desafiador, e a jornada de trabalho muitas vezes vem acompanhada de competição excessiva, sobrecarga e outros cenários desmotivadores que podem acarretar na opção por uma mudança de carreira. De acordo com pesquisa recente da Pagegroup, a principal razão para a transição no âmbito profissional é a falta de perspectiva de crescimento na empresa. 

Segundo a Mentora em Carreira & Liderança, Gisele Miranda, para uma boa transição de carreira, é necessário antes de tudo ter clareza em seus objetivos profissionais. “De nada adianta querer mudar de empresa, ou mesmo de profissão, se não se tiver claro onde se quer chegar. Isso porque esse profissional corre o risco de mudar por mudar, e se ver sem rumo definido, o que é prejudicial”, alerta.

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Além disso, ela ressalta que é importante planejamento, inclusive da parte financeira. “Nunca é bom agir sem refletir, essa não é uma decisão para ser tomada da ‘noite para o dia’. Além disso, é fundamental ter um plano bem elaborado, inclusive de recursos, já que a pessoa estará abrindo mão de estabilidade e iniciando em uma área nova, onde não sabe bem qual será o retorno”, ensina ela.

Gisele aconselha ainda quem “abraçar” a ideia da mudança a priorizar ambientes de trabalho saudáveis. “Uma firma que ajude seus funcionários a crescer, tanto internamente quanto no mercado em geral, e que valorize seus profissionais, é a ideal”, explica. No entanto, ela alerta que a “visão romântica” de um trabalho 100% positivo é inviável. “Nenhuma instituição será perfeita. Por isso, o importante é ter equilíbrio e buscar por empresas respeitosas e éticas, mesmo que haja contrapontos não tão positivos”, ensina ela.

Pensando em ajudar em uma transição de carreira de sucesso, Gisele listou alguns erros frequentes cometidos por profissionais:

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Agir impulsivamente

Segundo a mentora, é interessante ter sempre um plano bem estruturado: “Quando agimos impulsivamente, corremos o risco de tomar decisões que podem levar ao arrependimento no futuro, já que são questões importantes e que acarretam consequências significativas”, explica Gisele. 

Sendo assim, ao identificar seu descontentamento, o indivíduo pode buscar novos meios para estruturar-se. Gisele aconselha que, por exemplo, quando há insatisfação com o trabalho do momento, procure outros antes de optar pela demissão, para não ficar “à deriva” e sem emprego, um risco para o profissional.       

Fechar-se para outras opções 

Um erro comum daqueles que estão passando pelo processo de transição entre carreira é a exclusão de oportunidades, na opinião de Gisele.  “Planos são bons, mas quando passam a eliminar possibilidades diferentes do programado, o planejamento pode tornar-se maléfico”, avalia a mentora.

É importante ter um plano de carreira, mas sem segui-lo “à risca”, já que este deve servir para o profissional apenas se apoiar. “Cegar-se para novas possibilidades pode não ser a melhor opção”, alerta Gisele.

Veja mais: Como o vício em trabalho pode ser prejudicial para a sua carreira

A teoria é diferente da prática

É natural que o ser humano coloque expectativas sobre situações – o problema é que muitas vezes estas não são supridas. Sendo assim, antes do compromisso com um novo emprego, é interessante que o indivíduo conheça-o o melhor possível. 

“Sempre digo que a teoria é diferente da prática. Por isso, é importante que aquele que busca um novo propósito tenha em mente esse pensamento. Além disso, é possível que a ideia não seja exatamente como se pensou no dia-a-dia, por isso deve-se evitar fazer uma transição de carreira e realizar escolhas baseadas em achismos, e não na realidade”, opina a mentora.  

Para evitar esse erro, ela recomenda pesquisar sobre a nova profissão e conversar com profissionais daquele mercado, para ter um panorama realista.


A decisão de mudar de carreira (seja a mudança de profissão, setor ou área) é sempre acompanhada por muitas dúvidas e reflexões. Há um momento certo para isso? Há algum sinal para identificarmos que esse momento chegou? O CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Dani Verdugo, empresária, headhunter e CEO da THE Consulting e Hugo Capobianco, especialista de carreira da Consultoria Global Lee Hecht Harrison (LHH), sobre o processo de mudança de carreira e qual o planejamento para isso. Confira o papo player abaixo ou clicando aqui.


Não ter uma reserva financeira

“A palavra ‘transição’, ao meu ver, é quase um sinônimo para “mover-se do conforto”, opina Gisele. “Quando saímos da nossa ‘bolha’, mesmo que acompanhados de um plano bem estruturado, haverá imprescindivelmente obstáculos em nossos caminhos, que podem vir a atrapalhar o alcance do objetivo final. Sendo assim, é interessante uma poupança de emergência”, continua.

Devemos sempre ser otimistas, mas também realistas. “A reserva monetária será muito importante até a estabilização da mudança, e ajudará inclusive a controlar a ansiedade. Saber que tem recursos para se manter por um período ajudará aquele profissional a fazer a transição de forma mais tranquila”, opina Gisele.

Acreditar que dinheiro é tudo

A vida de cada pessoa é singular e, portanto, cada um vive de acordo com sua realidade. As vivências variam em cenários socioeconômicos: há pessoas mais confortáveis em termos de recursos financeiros, e outros cuja situação passa bem longe disso. Mas o retorno financeiro não deve ser o fator principal para a escolha do próximo passo na transição de carreira, na visão da especialista.

“A prioridade de alguns indivíduos é ter uma boa condição financeira, o que é compreensível e saudável. É claro que o dinheiro é importante, no entanto, no momento de troca de profissão ou emprego, outros fatores devem ser levados em conta, como as funções e a rotina daquela nova carreira, o ambiente de trabalho, a cultura da empresa, as possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional”, finaliza a mentora em Carreira.

Por Redação