John F. Kennedy observou uma vez que a palavra “crise” em chinês é composta de dois personagens — um representando o perigo, a outra oportunidade. Ele pode não ter sido inteiramente correto sobre a linguística, mas o sentimento é verdadeiro o suficiente: uma crise apresenta uma escolha.

No cerne dessas mudanças, como as epidemias que influenciam o comportamento humano há milhares de anos, dizimando populações e promovendo êxodos, está justamente a alteração de comportamentos que buscam gerar respostas, ou seja, as soluções inovadoras.

À medida em que falamos sobre inovação, precisamos adentrar a lógica de cultura, visto que estas estão interligadas diretamente.

A ruptura final das barreiras geográficas e a conquista da liberdade de viver e trabalhar onde se quiser – o chamado Anywhere Office – elevou a capacidade dos seres humanos de criar e propor idealizações práticas para o seu cotidiano remoto.

Para se ter uma noção da importância emergencial de iniciativas inovadoras, segundo o estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) encomendado ao Instituto FSB Pesquisa, 83% das empresas afirmam que vão precisar de mais implementações nesse sentido para que possam crescer ou até mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia.

O principal passo para isso é a mudança na mentalidade de aplicação de novos recursos, distorcendo os conceitos da Lei da Difusão da Inovação de Everett Rogers, da década de 60, na qual defendia a velocidade de sua implantação e um patamar de 15% de adoção, tanto pelos inovadores, como pelos early adopters para a estruturação e posteriormente, a expansão de modelos mais dinâmicos de negócios.

Sendo assim, é importante notar que as vantagens competitivas mudam dinamicamente no decorrer em que os modelos de negócios se adaptam às novas realidades do mercado. As principais capacidades que tornaram uma organização distinta podem de repente ser menos diferenciais.

Embora a ascensão do digital tenha aumentado pressões semelhantes por mais de uma década, a crise atual agravou significativamente e acelerou sua força disruptiva.

A pandemia impôs novas perspectivas gerenciais, em especial nas áreas de logística, de saúde e operacional, fazendo com que o grande desafio das empresas esteja ligado à reinvenção das formas convencionais de negócio. Isso em primeira instância, perpassa pela elaboração de um ambiente interno de inovação.

Como criar um ambiente inovador interno nas empresas?

A inovação sempre deve “nascer” de dentro para fora e não ao contrário. O conceito de intraempreendedorismo, visa justamente introduzir aplicações práticas dentro das empresas. Mesmo que a solução esteja lá fora, dentro do ecossistema de startups, se não houver processos adequados para mapear as dores que devem ser atacadas e direcionar a busca da solução externa, o ato de inovar pode se tornar uma ação dispersa e sem qualquer resultado efetivo.

Portanto, é essencial conhecer os problemas que devem ser resolvidos internamente. No entanto, não é tão simples quanto se pensa, o grande dilema dessa equação está na competição entre a operação e a inovação.

Os times operacionais estão absortos no dia a dia e não conseguem atuar alinhados ao um pensamento fora da caixa, pois estão automatizados. Quando digo automatizado, refiro-me a um processo mecânico, que por vezes, foi o vislumbre do mundo antes da pandemia.

Por outro lado, as equipes de inovação estão isoladas em laboratórios moderníssimos, muitas vezes descolados da realidade da empresa e de seu mercado, o que reforça ainda mais esse distanciamento entre a projeção e a ação de fato.

Para conciliar esses dois mundos é preciso disseminar e integrar uma cultura flexível em todo o staff colaborativo, que leve em conta o inconformismo em relação às respostas já dadas. A obviedade neste espectro não pode fazer parte do grupo, este não deve se conformar com os processos e resultados anteriormente realizados.

Sempre há lacunas e a necessidade de captá-las é imprescindível para que as dores de seus clientes sejam diagnosticadas e solucionadas.

Atualmente, o que se vê infelizmente é que os investimentos, ou não existem (por descrédito ou acomodação) ou são feitos de maneira incorreta internamente, com áreas de inovação dispersas e desintegradas da operação, usadas apenas como figura de marketing sem resultados palpáveis.

Existe um universo de startups buscando diariamente se reinventar, mas que em algumas vezes, esbarram no desconhecimento de como se investir, usar o dinheiro e monetizar o empreendimento de recursos. Essa guerra empresarial está longe de acabar.

Há dois lados de uma longa corda, onde estão empresas que já entenderam que precisam se atualizar, rever seus procedimentos e estão incessantemente buscando novas tecnologias e um ambiente ainda mais ágil e outras, que se apresentam como tradicionais, nas quais se mantiverem acomodadas durante todo esse período.

De qual lado da corda você pretende estar?

O que posso afirmar é que um dos lados vai pender e aposto que pode imaginar qual.

Cultura flexível e suas implicações em cenário de crise de iniciativas

Por Adriano da Silva Santos, jornalista e escritor. Reconhecido pelos prêmios de Excelência em webjornalismo e jornalismo impresso, é comentarista do podcast “Abaixa a Bola” e colunista de editorias de criptomoedas, economia, investimentos, sustentabilidade e tecnologia voltada à medicina.

 

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