Muitas empresas tratam os princípios do ESG (Enviroment, Social and Governance) de forma limitada, seja por causa de falta de conhecimento/entendimento, seja por falta de engajamento. Outras os “usam” mais preocupadas com a sua imagem e reputação do que com a sua aplicação prática. E as pessoas do RH, direta ou indiretamente, influenciam muito estas escolhas.

Primeiro, é fundamental apontar que o RH é peça-chave para sensibilizar, desenvolver, lembrar e acompanhar a aplicação do ESG na empresa. Entretanto, nem sempre ele desempenha adequadamente o seu papel, como quando foca prioritariamente em questões de governança e gera pouca atenção ao meio ambiente e ao social.

Para mudar este quadro, conhecimento, visão sistêmica, intenção e coerência são fundamentais. É muito importante que o RH veja o ESG como a sua própria motivação, o próprio propósito do RH, que, de forma resumida, é ajudar as pessoas a poderem encontrar equilíbrio e darem o melhor delas, na empresa e na vida, gerando benefícios a todos/as.

ESG é sobre equilíbrio, sobre elementos que são fundamentais para o equilíbrio. E o RH tem quase uma obrigação, eu diria, de ajudar as pessoas a terem essa percepção. Como ele tem a obrigação de ajudar as pessoas a perceberem que elas devem respeitar umas às outras, que elas devem trabalhar em sintonia, que elas devem buscar dar o melhor delas. O ESG está diretamente ligado com tudo isso, pensando no todo.

Um desafio é o RH não ser seduzido e fazer uso de ESG quase que apenas como uma ferramenta de marketing, para vender uma imagem. ESG deve ser efetivamente incluído em todo processo decisório, começando pelos realizados pelas pessoas do RH.

Eu faço uma analogia àquele pai ou àquela mãe que fala bastante sobre paternidade e maternidade, sobre a importância de cuidar dos filhos, em estar presente e ajudá-los a criar uma percepção adequada do mundo, a receberem suporte, mas que na prática vive sem tempo para se dedicar e agir de forma coerente a este discurso. E quando chega o aniversário da criança, dá um belo presente, faz uma bela festa, acreditando que isso é o exercício da paternidade ou da maternidade. Ou seja, reduzindo seu papel a uma coisa muito pequena e não agindo naquilo que mais impacta.

Então, é muito importante que o RH esteja consciente do papel dele, e, para fazer isso, o primeiro passo é ter uma análise concreta: o que o RH está fazendo para aumentar a consciência das pessoas, em ações objetivas, começando pelas próprias pessoas do RH? O quanto que estas pessoas entendem e agem a partir dos princípios do ESG? Aliás, quais são estes princípios?

Este entendimento e coerência permitem que se encontre uma base sólida para poder propagar o ESG na organização, e, com isso, sensibilizar as pessoas, gerando, efetivamente, uma mudança positiva na empresa, na vida de cada um e no mundo.

Se você trabalha na área de RH, três perguntas podem te ajudar em uma importante reflexão: Eu (e meus colegas) estou preparada/o para fazer isso (ESG)? Eu realmente estou disposta/o a fazer isso? O que eu posso fazer para fazer mais pelo ESG?

A qualidade das suas respostas é o combustível para levar engajamento ao ESG em sua empresa. Eu, você e todos precisamos disso…

Eduardo Farah é sócio da Invok e professor na FGV. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.

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