Diante de um cenário com tantas falas, discursos, lives, entrevistas, palestras, debates, homilias, sermões, reportagens, temos a oportunidade de aprender muito e avaliarmos como é a nossa comunicação.

Ao longo da minha jornada como professor de Oratória e Comunicação, tive a oportunidade de apoiar mais de 120.000 pessoas no seu processo de autoconhecimento, percepção e valorização de suas qualidades e consciência dos seus problemas, apresentando soluções e exercícios para a minimização das dificuldades e fortalecimento das suas virtudes.

São inúmeros os aspectos e vieses no contexto da comunicação, tais como forma e conteúdo, adequação de linguagem e vocabulário ao público-alvo, estruturação do pensamento, storytelling, controle emocional. Entretanto, um dos tópicos mais importantes é a Assertividade.

Eu acreditava que sabia muito sobre comunicação, afinal, fiz dezenas de cursos, lidei com milhares de profissionais em salas de aulas, em sessões de mentoria, em palestras, participei de inúmeros congressos, li centenas de livros, fiz até um mestrado em Neuromarketing na FCU, Florida Christian University, e a minha tese foi sobre uma metodologia que criei, mas quando me deparei com estudos e a matéria Assertividade, surpreendi-me, pois, de forma simples, objetiva, técnica e dinâmica, modificou minhas crenças e mostrou-me que pouco sabia, de verdade, sobre comunicação. Comecei a estudar e valorizar a Comunicação assertiva.

Afinal, o que é assertividade?

Curiosamente tenho ouvido muitas falas considerando a assertividade como sinônimo de acertar, por exemplo: – João foi assertivo, fez uma excelente prova e tirou uma nota alta. Isso é errado, pois a assertividade nada tem a ver com acertar

Assertividade origina-se de asserção, que pela etimologia da palavra “assero”, do latim, que significa afirmar. Portanto, assertividade significa fazer asserções, que quer dizer afirmar, tornar firme, consolidar e declarar com firmeza, conforme esclarece Vera Martins no seu livro Seja Assertivo!

Ninguém nasceu assertivo e muitas pessoas, embora adultas e com idade avançada, mantêm comportamentos inadequados ao seu grau de conhecimento e aprendizados amealhados durante a vida e evidenciam imaturidade no jeito de se relacionar com outras pessoas. Para entender isso melhor, em um contexto profissional, por exemplo, relações maduras mostram controle emocional e um grau elevado de interdependência.

Para entender a interdependência, que significa total imaturidade e incompetência para assumir responsabilidade pelos seus atos e, conforme Vera Martins, alguns casos dessa situação de dependência são:

  •  A criança que depende dos pais para sua alimentação e sobrevivência.
  • Um moribundo ou uma pessoa doente, impossibilitada de se locomover.
  • Um profissional novato que ainda não domina as habilidades do seu ofício e que depende de pessoas mais experientes para lhe ensinar.

Por outro lado, existem aquelas pessoas independentes, ou que adotam posturas independentes, normalmente adotadas pelos jovens em uma fase de transição para a maturidade e implica uma posição autossuficiente para atingir um determinado objetivo, ou adolescentes mostrando uma certa rebeldia diante de orientações dos pais ou professores. No contexto profissional, é comum observar certas pessoas adotarem posturas independentes ou por imaturidade ou por medo ou outra razão quando, na verdade, deveriam se portar de maneira interdependente e com isso, gerando conflitos, boicotes, falta de cooperação, dificultando a comunicação e gerando prejuízos.

Já a relação de interdependência é positiva e ideal, pois pressupõem a consciência das suas qualidades e dos seus limites e admitem a necessidade de pedir ajuda e aceitam de bom grado a colaboração de outras pessoas para o que precisa realizar e para isso é preciso:

  • Humildade para aceitar ajuda e reconhecer que não sabe o suficiente.
  • Flexibilidade para aprender e respeitar o conhecimento e experiência de outra pessoa.
  • Aceitação para modificar seu modo de pensar.

As relações assertivas são interdependentes, acompanhadas de respeito e consideração para com a outra pessoa e estão presentes (ou deveriam estar) nas relações interpessoais produtivas e positivas.

Compartilho o pensamento da minha querida amiga Vera Martins sobre pessoas imaturas. Ela disse: “Pessoas imaturas do ponto de vista emocional normalmente se sentem mais confortáveis em relações dependentes e são suscetíveis e vulneráveis ao domínio e controle das emoções. Por isso, frustram-se e se ofendem com mais facilidade. Diante de situações de conflitos, reagem para se defender, não assumem responsabilidade e colocam a culpa do problema na outra pessoa. Também podem manifestar reações passivas, pedindo desculpas até por ações alheias à sua reponsabilidade”.

Para entender melhor a assertividade, há quatro tipos básicos de comportamentos: Passivo, Agressivo, Passivo-agressivo e Assertivo.

O comportamento tipo Passivo mostra pessoas submissas, medrosas e que se fazem de vítimas ou por imaturidade ou para chamarem a atenção, não olham nos olhos, falam baixo, tendem à linearidade. Por outro lado, o comportamento do tipo agressivo, mostra as pessoas autoritárias, seus pedidos parecem ordens, são egocêntricos, adoram falar de si mesmas, desvalorizam a opinião das outras pessoas, olha para intimidar seu interlocutor, não assume responsabilidades, culpa alguém ou algo pelas suas falhas e deslizes.

O tipo passivo-agressivo, representa as pessoas falas, maledicentes, vingativas, dissimuladas. Parecem que são do bem, mas na prática são as que deveriam ser evitadas. Não se preocupam se prejudicam ou não alguém. Devemos tomar muito cuidado com pessoas desse tipo, pois não estão nem aí se vão ou não prejudicar outras pessoas pelas suas ações. Nessa categoria encontram-se os psicopatas e sociopatas.

Já a pessoa com comportamento tipicamente assertivo são as pessoas firmes e decididas, elegantes no jeito de se relacionar com outros. É educada, gentil, sabe lidar com conflitos. Quando necessário, fala com firmeza respeitosa, não com agressividade. Olha nos olhos para manter a conversa, procura ter qualidade na sua fala, fazer gestos adequados ao conteúdo, sabe ouvir e calar, não julga, procura compreender o que ouvir e se tiver dúvidas, pergunta para não correr o risco de interpretar.

Algumas frases para você avaliar se seu comportamento é assertivo:

  • Perco a paciência com facilidade.
  • Reajo com ironia quando me tratam assim.
  • Fico magoado quando dizem algo que não gosto.
  • Tenho dificuldade de dizer não.
  • Tenho que explicar tudo, tim-tim por tim-tim para ser claro.
  • Fico sem graça quando recebo um elogio.
  • Tenho dificuldade quando tenho que demitir alguém, mesmo quando há motivo para isso.
  • Fico irritado quando discordam de mim.
  • Tenho dificuldades em pedir ajuda.
  • Não me incomodo em me desculpar quando erro.
  • Quando sou criticado, me calo para não gerar conflito.
  • Frequentemente percebo que as pessoas tiram vantagem de mim.

A partir dessas perguntas, considerando os tipos apresentados anteriormente e com a definição sobre assertividade, perceba se tende a ser mais assertivo, passivo ou agressivo.

Lembre-se que a comunicação assertiva é a que assegura uma melhor relação em situações de liderança, atendimento a clientes, vendas, negociações, processos terapêuticos, mentorias e contatos com outras pessoas em geral, pois é mais do que um comportamento, engloba valores, atitudes, pensamentos e sentimentos diante da vida. Por fim, a assertividade é considerada o “ingrediente mais importante” dos relacionamentos saudáveis.

Reinaldo Passadori, Professor de Oratória e Escritor, Mentor, fundador e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação. Adaptação do seu livro ‘Quem Não Comunica Não Lidera’ – Ed. Passadori. É um dos colunista do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.