Como posso ter uma equipe se há assuntos que os colaboradores não podem perguntar?
Vivemos em um mundo difícil de ser compreendido. A todo instante somos invadidos pela necessidade de compartilhar, colaborar, participar, ser presente, mas ….. perguntar às vezes ofende… incomoda… Então, a mensagem é: participe, mas não pergunte… colabore, mas não queira saber o que não queremos contar… Essa realidade traz, no mínimo, uma relação muito pouco construtiva e real.
Por outro lado, se entendêssemos o valor das perguntas, saberíamos que, quando construtivas, geram empatia, fazendo com que os questionamentos levem à resolução de problemas de um modo mais confortável.
Em geral, as perguntas provocam reações físicas, emocionais e mentais e essas reações nos direcionam a um movimento, a uma mudança de estado, a uma transformação.
Uma pergunta induz a pensar e avaliar situações como o que se está fazendo da vida, por que se está em um relacionamento, em determinado trabalho, qual tipo de carreira se quer… e assim, darmos um passo em relação a um movimento efetivo de mudança.
As perguntas também podem gerar movimentos mais ousados, como por exemplo: “o que você pode fazer de melhor para você?” “O que você pode fazer para contribuir mais com a humanidade?” “O que você pode fazer para sair da sua zona de conforto?”
Assim, quando as perguntas são elaboradas com a intenção de ajuda e de desenvolvimento, devem ser muito bem-vindas. Tanto é verdade que todo processo de mentoria, coaching, terapia ou de desenvolvimento humano que gera transformação, faz esse movimento. E, por outro lado, quando a resposta surge de dentro da pessoa que foi questionada, traz uma verdade evidente, pois foi acolhida como um grande presente.
No entanto, para que as perguntas gerem um impacto positivo e de desenvolvimento, é necessário que se aprenda a perguntar sem julgar, perguntar para ajudar a crescer, perguntar para resolver o que for preciso. Uma técnica importante é aprendermos a não utilizar o por que no início da pergunta, uma vez que sempre tendemos a nos justificar, por que é um convite a procurarmos um culpado.
Em vez de usarmos o por que, talvez devêssemos trabalhar mais com o quê e o como. Essas outras formas talvez nos ajudem a chegar a um outro patamar de consciência. Ou seja, as perguntas, quando acolhedoras e amorosas geram efeitos muito mais positivos e transformadores, do que perguntas agressivas e julgadoras.
Existem duas perguntas das quais gosto muito: O que eu faço que te ajuda? O que eu faço que te atrapalha? Talvez possamos colocar uma outra pergunta: O que eu posso fazer para te ajudar ainda mais?
Quando se faz essas perguntas e se escuta a resposta, é possível obter informações muito relevantes para o autodesenvolvimento. De outra forma, sem esses feedbacks, é possível estacionar em uma ilusão em relação ao que se pensa saber.
Para que as perguntas sejam agregadoras, além da intenção ser verdadeira, é necessário que seja expressa no momento certo, com adequação e bom senso.
Uma pergunta pode nos despertar ou nos afundar. Isso depende muito da nossa predisposição, do nosso olhar.
Termino essa reflexão com duas frases que resumem tudo que quis dizer nessas 3 partes desse artigo:
“Questionar e estar consciente, esses são os mais preciosos mestres que moram no coração de todo ser humano, que começa a acordar para o desperdício e o perigo de uma vida não examinada.” (Thartang Tulku)
“Eu sou capaz de controlar apenas as coisas das quais tenho consciência, as coisas das quais não tenho consciência me controlam.” (John Witmore)
Agora… a escolha é sua!!!
Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.