Não é novidade para ninguém que as empresas disputam pelos melhores talentos. Porém, muitas vezes nessa busca, esquecem de ter um olhar mais cuidadoso e diferenciado para quem mais importa no processo seletivo: as pessoas candidatas. Esta deveria estar no centro de tudo e ter a oportunidade de participar de uma verdadeira experiência de aprendizado.

O processo seletivo deveria ser entendido como algo muito além de meras baterias de testes e sequências de entrevistas. Deveria ser uma forma de conhecer genuinamente as pessoas, de se aproximar e se conectar, além de possibilitar com que as pessoas extraiam algum conhecimento que lhes seja útil no futuro.

Sabemos o quanto o momento de avaliação e seleção podem ser geradores de ansiedade e estresse para as pessoas candidatas. Para que elas possam dar o melhor de si, é necessário que se sintam num ambiente no qual possam ser elas mesmas, expressando suas individualidades, sem julgamentos de valor. É papel das empresas criar esse ambiente de respeito e empatia para garantir uma experiência mais positiva às pessoas ao longo de cada uma das etapas do processo seletivo.

Para isso, é importante pensar cuidadosamente em cada etapa do processo, tornando-o o mais agradável e menos burocrático possível. É importante que as empresas removam fricções e etapas desnecessárias e que proponham momentos que realmente contribuirão para que as pessoas mostrem suas competências no processo avaliativo.

Uma ferramenta que vem sendo muito utilizada é o modelo de pitch, uma apresentação rápida, em média de dez minutos, na qual a pessoa candidata precisa discorrer sobre algum tema específico ou fazer uma apresentação focada em algum tópico solicitado pela empresa. Como exemplo, a Cyrela realizou um processo seletivo para contratar aprendizes no qual, primeiramente, os jovens foram convidados a imergir na exposição Amazônia, do Sebastião Salgado e, a partir desse estímulo, foi solicitado com que pensassem sobre as suas próprias origens e usassem os insights como insumo em suas apresentações pessoais.

Essa experiência proposta gerou uma conexão muito maior das pessoas candidatas com a empresa, pois, por meio do processo seletivo, puderam viver uma experiência marcante de aprendizado. Independentemente de serem aprovadas num processo, as acompanhará em sua jornada e sempre as fará lembrar da Cyrela como marca empregadora, de maneira positiva.

Um outro ponto muito importante quando falamos de experiência das pessoas candidatas é a transparência ao longo de todo processo. E, nesse sentido, a falta de retorno das empresas sobre os processos seletivos ainda é uma grande dor para os participantes.

De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia para RH Mindsight, 48% dos candidatos consideram que falta transparência nos processos seletivos por parte das empresas.  Já 58% dos entrevistados disseram não receber retornos adequados dos recrutadores após as avaliações. O estudo, realizado em maio de 2022, contou com a participação de 3.397 pessoas.

É essencial que a empresa seja ética e responsável na condução de seus processos, desde a primeira interação com a pessoa candidata, explicitado os critérios e atividades da posição com clareza e mostrando, desde o início, todas as etapas que serão percorridas ao longo da avaliação para a posição. A transparência garante o aumento da relação de confiança, ampliando a conexão das pessoas, fazendo com que elas tenham uma percepção mais positiva da marca empregadora.

Para Thaylan Toth, CEO da Mindsight, a experiência durante o processo é decisiva para atrair e reter talentos, além de impactar na reputação da empresa: “Quando falamos de experiência do candidato, os RHs devem levar em conta as expectativas pessoais e profissionais de quem se inscreve”.

A empresa e a liderança responsáveis pela vaga devem ser transparentes em relação às expectativas da empresa para a posição e também sobre a cultura organizacional. É importante que as pessoas conheçam as características de cultura para avaliarem se faz sentido para a vida, momento pessoal e profissional delas vincular-se à empresa em questão.

Em linha com esse pilar de transparência, a Cyrela atuou para melhor seu percentual de retornos às pessoas candidatas e conquistou o selo Gupy “Empresa que dá feedback”, alcançando a marca de 95.6% de vagas com feedback. O percentual de vagas sem feedback refere-se às posições ainda em aberto. Alcançar esse resultado garantiu uma satisfação muito maior das pessoas candidatas, que começaram a ter um retorno muito mais assertivo sobre os motivos de terem sido aprovadas ou reprovadas para determinada etapa, ampliando a confiança na marca.

Esse sentimento de confiança faz com que as pessoas indiquem a empresa para a sua rede de amigos, familiares e conhecidos, atraindo ainda mais interessados aos processos seletivos.

Para que as pessoas candidatas se tornem verdadeiras embaixadoras da marca é essencial impactá-las de maneira positiva, aproveitando o processo seletivo para apresentar a cultura da empresa, proporcionar experiências de aprendizado e se conectar com diversos perfis de maneira verdadeira e empática.

Adicionalmente, como boa prática, é fundamental sempre ouvir sobre as experiências que os candidatos tiveram ao longo do processo seletivo. Para isso, é possível aplicar pesquisas rápidas ao final de cada etapa ou mesmo convidar grupos focais de pessoas que já participaram de seleções da empresa e pedir que indiquem o que gostaram e o que pode ser melhorado.

Sabemos que as empresas ainda têm muito a evoluir quando se fala de experiência do candidato, mas é possível perceber um movimento cada vez mais crescente delas em colocar as pessoas no centro de todos os seus processos e esse é, sem dúvida, um primeiro passo fundamental.

Por Renata Meireles, Gerente Sênior de Pessoas & Performance da CyrelaÉ uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.