Já parece ser um consenso entre as empresas reconhecer a diversidade como algo fundamental ao ambiente de trabalho. Cada vez mais, pesquisas e estudos suportam e confirmam essa constatação, de maneira objetiva e demonstrada por números, mostrando o quanto a diversidade importa para alavancar os resultados do negócio e, claro, para contribuir com uma sociedade com maior equidade e oportunidades.
Na era da Quarta Revolução Industrial, na qual uma nova forma de economia surge, quebrando paradigmas e colocando o consumidor no centro, para pensar ofertas de produtos, serviços e experiências cada vez mais customizadas e qualificadas, as empresas que não entenderem essa mudança ficarão para trás.
Para satisfazer as exigências desses consumidores, que se tornam mais imprevisíveis em seus hábitos de consumo e mais conscientes de seu valor para as marcas, as empresas precisam ser mais diversas justamente para conseguir atender clientes diversos.
Assim, ter um quadro plural de colaboradores se torna um diferencial competitivo, levando as organizações a repensarem suas práticas nos temas de diversidade e inclusão. E, nesse cenário, a área de Pessoas (o famosos RH) se torna ainda mais estratégico em seu papel de garantir essa estratégia.
Antes de pensar programas e iniciativas, é preciso entender o ponto de partida da organização em relação ao tema. O quanto a empresa é diversa e quais serão as mudanças propostas? Para responder a essas perguntas, é fundamental conduzir um senso de diversidade para compreender a população e a cultura da empresa. Com esses dados, é possível avaliar as lacunas e definir as transformações mais urgentes e necessárias, bem como definir os melhores indicadores para acompanhar a evolução do cenário.
Em 2021, a Cyrela aplicou um senso de diversidade (conduzido em parceria com a Transcendemos, consultoria de diversidade liderada pela Gabriela Augusto) e pode compreender algumas lacunas importantes para atuar em cada uma de suas frentes de negócio. A partir disso, estabeleceu metas concretas de mudança e foram criados os grupos de afinidade, compostos pelos próprios colaboradores da empresa, um Comitê de Diversidade (com representantes da alta liderança) e definido um plano tático que contempla uma série de iniciativas e programas para ampliar a diversidade e estimular a inclusão em seu quadro.
Surgiram programas como o Minas de Ouro, implementado na Vivaz, a marca de imóveis do segmento econômico do grupo, para impulsionar a liderança feminina, após constatar que apenas 17% das mulheres ocupavam posições de liderança. Foi estabelecida uma meta de ter pelo menos 50% de mulheres ocupando as novas posições de liderança ainda no ano de 2022.
Para apoiar as mulheres nesse caminho, o programa tem foco em formar vendedoras de alto desempenho, oferecendo uma trilha de desenvolvimento, pensada especialmente para os desafios que as mulheres enfrentam ao assumir posições de liderança, além de proporcionar treinamento prático e acompanhamento por meio de mentorias estruturadas.
Um dos pilares central desse programa é trabalhar a autoestima das mulheres. Por questões socioculturais, as mulheres acabam desenvolvendo uma autocritica muito alta, duvidando de suas capacidades e colocando barreiras para sua própria evolução. Como o machismo ainda é algo estrutural em nossa sociedade, os homens tendem a descreditar as mulheres, especialmente quando estas assumem funções de poder. Por isso, são conduzidas, também, inciativas para sensibilizar os homens para este tema e modificar essa cultura.
Outro pilar muito importante que a Cyrela vem trabalhando é a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Uma iniciativa de destaque nessa frente foi o recém finalizado Programa de Jovens aprendizes que, por meio de parcerias com a Gerando Falcões (do Edu Lyra), o Proa, a Espro, a Cáritas e a Rede Cidadã, convidou jovens em situação de vulnerabilidade social para participar da seleção. Desde o início, o projeto buscou oferecer uma experiência de aprendizado a esses jovens, ainda durante o processo seletivo. O grupo foi levado à exposição Amazônica, do Sebastião Salgado, como forma de estimular os candidatos a pensarem sobre o tema “origem” e, posteriormente, prepararem apresentações, em dupla, para debater problemas atuais e relevantes para a nossa sociedade. Ao final do processo, foram contratados 31 jovens, sendo 67% de pardos e pretos e 61% do gênero feminino, segundo os dados de autodeclaração.
O próximo passo desse programa é oferecer uma trilha de desenvolvimento diferenciada a esses jovens, bastante focada no mundo digital e nas novas tecnologias. A ideia é impulsionar o aprendizado para que esses jovens possam evoluir e desenvolver as suas carreiras dentro da empresa.
Sabemos que a jornada de transformação ainda é longa, mas é essencial celebrarmos os resultados já alcançados, tomar fôlego e dar os próximos passos, pois apenas com consistência nas ações e continuidade é possível gerar mudanças positivas e duradouras.
Por Renata Meireles, Gerente Sênior de Pessoas & Performance da Cyrela. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.