Ainda que seja um ângulo novo, cada vez mais empresas estão entendendo que a saúde financeira desequilibrada impacta diretamente a saúde mental das pessoas. Frente aos desafios do dia a dia, a preocupação com as dívidas e com a falta de dinheiro invade a mente das pessoas e acaba tirando o foco do trabalho, além de afetar diversas outras áreas da vida de um colaborador. É aí que percebemos como isso pode afetar, também, o dia a dia do RH.
O foco não é o único prejudicado. Pesquisas já comprovaram que as pessoas endividadas têm mais ansiedade, irritabilidade e apresentam uma maior falta de motivação. Uma pesquisa realizada pela Onze, com 1.603 trabalhadores de empregos formais, mostrou que 74% dos brasileiros apontam o dinheiro como principal fonte de preocupação, à frente de motivos como violência e saúde.
De 74% das pessoas que estavam preocupadas com dinheiro, 20% disseram que precisam resolver pendências ao longo do dia, 54% perdem o foco no trabalho por conta das preocupações, 20% ficam mal-humoradas e impacientes com colegas de trabalho e 59% perdem o sono pensando nas finanças. Além de influenciar o clima organizacional, tudo isso tende a aumentar o turnover e gerar mais custos com demissões, recrutamento de novos funcionários e treinamentos.
As empresas podem contribuir para a saúde financeira dos colaboradores de diversas maneiras. É possível ofertar ferramentas de gestão financeira, orientação em investimentos, planos de previdência, demonstrar estabilidade no emprego, além de promover eventos que falem de maneira abrangente sobre saúde financeira, estimulando o debate sobre poupar e se organizar em relação ao dinheiro.
Um caminho para isso é, em primeiro lugar, compreender a situação de cada colaborador. Vale lembrar que, embora as pessoas trabalhem na mesma empresa e, muitas vezes, tenham até a mesma faixa salarial, a realidade de cada um é diferente, já que é influenciada por muitos fatores. Feito isso, o próximo passo é agir ativamente em sua educação financeira, com conteúdos e ações. Por fim – e mais importante – é essencial apoiar o time durante essa trajetória, deixando o canal totalmente aberto para dúvidas e outros questionamentos.
Os benefícios corporativos também podem ser aliados na busca pelas finanças pessoais mais saudáveis. Antes de implementar novos programas, é necessário, primeiramente, entender que tipo de benefício é relevante e útil para o colaborador. Mais dinheiro na mão não quer dizer, necessariamente, que as contas vão se equilibrar automaticamente. Portanto, investir na educação é fundamental.
Sei que a teoria pode parecer muito mais simples do que a prática. No mesmo estudo sobre estresse financeiro dos brasileiros, inclusive, a Onze descobriu que apenas 25% dos RHs conseguem efetivamente implementar benefícios corporativos de bem-estar financeiro. Desenvolver conteúdos e ações complementares ao tema pode ser ainda mais desafiador. Por isso, uma alternativa interessante é buscar aliados do RH para auxiliar os colaboradores: empresas como a Onze, que desenvolve soluções com esse foco e até mesmo estrutura palestras e ações personalizadas para as organizações (deixo já o suspense para o artigo do próximo mês).
Facilitar o acesso a produtos e serviços que garantam um maior equilíbrio e bem-estar social ao colaborador faz parte do presente e futuro do mercado de trabalho. Além disso, os planos de previdência podem educá-los para que saibam como agir diante de novas situações de risco financeiro. Iniciativas como essas garantem uma equipe engajada e que se compromete com resultados. De quebra, você ainda reduz consideravelmente o turnover e atua como um agente de transformação. Falar de dinheiro ainda é um desafio grande para muitos brasileiros. Quando a organização facilita esse caminho, os ganhos para a empresa, para os colaboradores e para a própria sociedade são imensuráveis.
Antonio Rocha é CEO e cofundador da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. É um dos colunistas do RH Pra Você.O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.