Nos anos 60, quando a oferta de mão de obra de qualificação superior era escassa, a cobertura de despesas com saúde começou a ser utilizada no Brasil como forma de atrair e reter talentos.

As coberturas de saúde iniciaram sob a forma de seguro de vida em grupo com cobertura HO, evoluindo para coberturas mais abrangentes oferecidas por associações médicas, gerando o novo nicho de negócios que hoje conhecemos.

Diga-se de passagem, que a valorização dos Planos de Saúde Privados deve-se a má imagem do sistema governamental “SUS”, o que me parece um grande equívoco.

Hoje, dentre os benefícios mais valorizados pelos trabalhadores, o plano de saúde complementar é, ao mesmo tempo, um pesado ônus sobre a folha de pagamentos, e o benefício que traz maiores problemas para obter satisfação plena.

Os custos dos planos de saúde empresariais são crescentes e impactados por diversos fatores, destacando-se:

– Os reajustes de preços que são feitos entre operadora e empresa contratante com base nos custos, normalmente acima da inflação;

– A sinistralidade crescente em função do avanço da idade dos segurados, além de estresse decorrente do ambiente interno (cobranças excessivas, mau clima organizacional, e lideranças negativas), e do ambiente externo (pandemia, problemas econômicos, políticos, insegurança jurídica etc.);

– Consultas e procedimentos desnecessários quando são gratuitos (chamado de Fee for service).

Uma das formas para reduzir os custos dos planos de saúde é possuir atendimento emergencial e preventivo próprio (médico do trabalho), e aderir à modalidade dos planos de saúde com coparticipação, onde os custos são parcialmente pagos pelo colaborador. Além disso, a coparticipação também promove o uso consciente do plano de saúde, evitando o excesso de consultas e procedimentos desnecessários.

Como Diretor de RH de uma multinacional com quadro funcional de formação superior, passei por vários níveis de planos, e o único formato que realmente funcionou, e acabou com a maioria das reclamações, foi um plano que incluiu a opção de Livre Escolha com coparticipação, e franquia nas coberturas de HO, criado em parceria com uma conceituada seguradora.

Concluímos que os que possuem um bom nível de independência econômica, não aceitam perder o livre-arbítrio no tratamento da saúde pessoal e de sua família, mesmo que isso custe mais caro! Tanto é verdade, que muitos profissionais optaram por permanecer no plano que implantei mesmo após se desligarem da empresa!

Por outro lado, um verdadeiro massacre nos meios de comunicação demonizou o atendimento do sistema governamental, afastando as pessoas de um atendimento eficaz e de custo zero, que atende melhor do que alguns planos privados.

As Unidades de Pronto Atendimentos do SUS oferecem, na maior parte dos municípios, um atendimento clínico bastante razoável, encaminhando para especialidades médicas, quando necessário. O grande volume de procura torna o atendimento lento, o que também ocorre com os planos privados, mas alimenta o preconceito contra o SUS.

Os hospitais públicos, para onde o SUS encaminha os atendimentos de emergência, como o Hospital de Clínicas, Hospitais de Base, Santas Casas, Hospitais Universitários são, na maioria das vezes, mais bem equipados, e com corpo médico mais experiente do que muitos hospitais particulares disponíveis na grande maioria das cidades brasileiras.

Uma empresa pode oferecer planos de saúde complementar diferenciado, para categorias diferentes, isto é, pode ter um plano privado para cargos de direção e nível superior, e outro plano menos abrangentes, ou mesmo não possuir plano algum para os colaboradores de menor responsabilidade.

Um levantamento realizado pela Ticket, pós pandemia, indicou que, entrevistados 1500 trabalhadores, 47% não possuem plano de saúde algum. Um plano parcial de baixo custo pode fazer uma grande diferença.

Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.