Apesar de as demissões em massa assolarem um alto número de empresas pelo país, os setores de RH continuam a sentir os efeitos da chamada “Guerra por Talentos”.

Na era do Linkedin e dos headhunters, a disputa por bons profissionais para ocuparem os cargos mais estratégicos das empresas é algo que não tem prazo para acabar. Muito pelo contrário. É exatamente nos momentos de crise que os colaboradores mais dinâmicos, experientes e qualificados fazem a diferença.

Um mapeamento das principais dores do RH, feito em 2022 pela Onze, descobriu que melhorar os salários e o pacote de benefícios é o principal desafio enfrentado pelo setor hoje, com 45% das respostas.

E foi exatamente pensando em ajudar as empresas a serem assertivas nesse desafio, que lançamos mais recentemente a pesquisa Tendências em Benefícios Corporativos, que ouviu 2 mil colaboradores e 2 mil profissionais de RH de todas as regiões do país.

Benefícios decisivos e desejados pelos brasileiros

O estudo foi bastante profundo. Entre outras perguntas que nos ajudaram a compreender o mercado, mapeamos quais benefícios os colaboradores consideram decisivos na hora de aceitar uma proposta de emprego. Descobrimos que o plano de saúde, o vale-alimentação e a previdência privada ocupam os três primeiros lugares da lista de essenciais.

Também perguntamos quais benefícios os entrevistados não recebem em seus atuais empregos, mas gostariam de receber e achamos sensato desconsiderar as opções mais oferecidas do país, pois são consideradas praticamente obrigatórias em empresas competitivas. E aqui falo do plano de saúde, do vale-alimentação, do plano odontológico, do vale-refeição e do seguro de vida.

Com isso, chegamos ao ranking de benefícios realmente inovadores e desejados, que é liderado pelo plano de academia, pela previdência privada e pelo vale-turismo, seguidos pelo auxílio educação e pelo programa de consultoria financeira – um combo de bem-estar que consegue alcançar o colaborador em suas mais profundas necessidades.

Saúde financeira: 80% das demissões podem estar relacionadas a ela (ou à falta dela)

Outra descoberta interessante do nosso levantamento foi que o bem-estar financeiro, e todos os benefícios que levam diretamente a ele, nunca teve tamanho destaque na preferência dos colaboradores como tem agora!

Prova disso é que o estudo perguntou a eles se concordam que a saúde financeira dos times deve ser uma prioridade das empresas e obteve 94% de respostas afirmativas. A mesma pergunta foi feita aos RHs entrevistados e, dessa vez, 93% das respostas indicaram que, sim, o bem-estar financeiro deve estar no topo das preocupações dos empregadores.

No ranking de benefícios mais desejados e decisivos na hora de aceitar uma proposta de emprego, o protagonismo da saúde financeira ficou representado especialmente pela previdência privada, que aparece como 3º benefício mais decisivo e 2º mais desejado. 

No recorte de cargos estratégicos, ela se destaca ainda mais: é o benefício mais desejado por quem ganha acima de R$ 3 mil reais, com 25% das respostas.

A carta na manga das empresas competitivas

A essa altura, você pode estar se perguntando: “Ok, mas e na prática? O que perco em não olhar com atenção para essas tendências?”. E a resposta é: “colaboradores”. 

Segundo a pesquisa Tendências em Benefícios, o cuidado com a saúde financeira é considerado um diferencial pelos trabalhadores na hora de decidir aceitar ou não uma nova proposta de emprego. 

E só sabemos disso porque perguntamos aos entrevistados se eles ficariam inclinados a aceitar uma proposta de emprego feita por uma empresa que cuida melhor da saúde financeira dos seus times do que o local em que trabalham atualmente.

Cerca de 80% dos respondentes afirmou que, sim, esse é um critério que pesaria muito na hora de aceitar uma nova oferta de emprego.

Além disso, 80% dos RHs entrevistados disseram que consideram os benefícios de saúde financeira um diferencial na hora de atrair talentos e 79% afirmaram ser um diferencial para reter talentos.

Portanto, profissional de RH, finalizo meu artigo com uma sugestão: em vez de basear decisões estratégicas apenas em suposições, melhor será para sua empresa ouvir as peças chaves de qualquer política de atração e retenção de talentos: os colaboradores. As necessidades evoluem, o mercado de benefícios evolui. O RH precisa acompanhar o ritmo da inovação. Boa sorte!

Antonio Rocha é CEO e cofundador da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. É um dos colunistas do RH Pra Você.O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.