Em janeiro de 2020, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, David Solomon, CEO do Goldman Sachs, declarou que não iria participar do IPO de empresas que não apresentassem pelo menos um membro do conselho com perfil diverso.
A frase dita por um líder de um grupo financeiro multinacional chamou a atenção naquele momento e evidenciou que a incorporação das temáticas de diversidade e inclusão dentro do mundo corporativo já havia rumado para um caminho sem volta.
Mais recentemente, a B3 também trouxe uma diretriz similar a de David Solomon em um contexto nacional. Essas falas e práticas escancaram uma preocupação recente e cada vez mais presente dentro da lógica corporativa.
Outro estudo, conduzido pela Lenovo e Intel, mostrou que 92% dos trabalhadores brasileiros acreditam que a diversidade e a inclusão são importantes nas empresas, como também em escolas/faculdades (93%) e no setor público (91%).
Apesar desses números positivos, também não é difícil encontrar exemplos que mostram uma realidade bem menos agradável. Um exemplo claro disso pode ser observado no estudo da ABStartups, que apresentou dados alarmantes referentes à baixa representatividade presentes nas startups.
Dentre os valores mais problemáticos ilustrados no estudo podemos destacar, por exemplo, que quase 20% das empresas não possuem nenhuma mulher na equipe, enquanto pessoas negras são ausência em 30% das companhias e que 90% do setor não conta com nenhum talento com deficiência.
Ou seja, as empresas podem até começar sua jornada sem pensar em diversidade, mas será impossível avançar, crescer, escalar e ganhar relevância – inclusive atraindo os maiores investidores do mundo – sem contemplar um olhar mais inclusivo e diverso.
Todos os dias, converso com empresas que relatam o insucesso em uma concorrência porque foram desclassificadas pela ausência de um programa de diversidade, ou companhias que pegaram empréstimos com organizações internacionais e precisam potencializar ações de D&I como contrapartida, dentre vários outros exemplos.
Todos esses fatos evidenciam a importância da temática nos dias atuais, a ponto de ser possível dizer que uma organização não conseguirá sobreviver sem ter esses conceitos como base da sua cultura.
Digo isso porque as empresas acompanharam as transformações trazidas com o enaltecimento da diversidade e passaram a compreender que é essa uma tendência sem volta. Tanto que vemos o aumento de líderes buscando fomentar a conexão dessa temática com a cultura e estratégia do negócio.
O resultado desse movimento é o fortalecimento de valores organizacionais e sociais dentro das companhias, além de evidenciar que um ambiente inclusivo é mais saudável e propício à inovação.
Não à toa, o tópico se tornou primordial pelos principais fundos de investimento e bolsas de valores do planeta no momento de decidir de onde o capital será investido. Isso porque, o mercado já compreendeu que uma marca que não esteja alinhada às diretrizes da diversidade tende a se tornar pouco atrativa para os olhos da sociedade.
Caso ainda tenha dúvidas sobre isso, basta conferir a recente crise relatada no documentário sobre a marca Abercrombie & Fitch, lançado neste ano em um grande canal de streaming. Esse estudo de caso é digno de uma aula de MBA.
Além disso, é necessário ressaltar ainda que o investimento nessas práticas no meio corporativo é um caminho que se justifica por uma série de fatores, inclusive pelo lado da produtividade e lucratividade – sem contar o argumento ético e moral.
Dados do relatório Diversity Matters, publicado em 2015 pela consultoria McKinsey & Company, indicam que organizações que consideram a diversidade no recrutamento entregam resultados 25% melhores do que organizações “não-diversas”.
Mais do que isso, empresas com diversidade de gênero são 15% mais propensas a terem performance superior e naquelas que há promoção de diversidade étnica o número sobe para 35%.
Tais informações confirmam que aumentar a diversidade do quadro de colaboradores simboliza, não só uma forma de reduzir as desigualdades sociais, mas também uma forma de estimular corporações a se tornarem mais eficientes.
Como se isso não bastasse, é preciso destacar o papel importante protagonizado pela temática em relação à possibilidade de promover e valorizar a preocupação da empresa no que diz respeito às diferenças e construção de uma cultura organizacional acolhedora, coletiva e humanizada.
Ir contra essa realidade, além de ser algo inaceitável pela sociedade, pode comprometer a imagem da corporação frente aos próprios colaboradores, consumidores, mercado e população em geral.
Pior do que isso, as organizações que não se adaptarem e respeitarem este novo momento tendem a se tornar obsoletas.
Por Thalita Gelenske, fundadora da Blend Edu, HRtech e ESGtech especializada em diversidade e inclusão, Com 11 anos de experiência em gestão da diversidade e cultura organizacional.
Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 44, “Os desafios da diversidade nas empresas” com Mara Turolla, Gerente de Desenvolvimento de Talentos e Diversidade da LHH. Clique diretamente no app abaixo:
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