Um número não te define: os profissionais 50+ no setor de tecnologia.

Entre tantos setores da economia, sabemos que o mercado de tecnologia é um dos mais dinâmicos, que vem crescendo e se transformando rapidamente e de forma bastante acelerada.

A inovação constante, o surgimento de diferentes linguagens de programação e novas ferramentas digitais, impactam também na maneira como os profissionais inseridos nesse segmento atuam.

Vemos, ao longo das décadas, uma renovação constante de gerações, em as mais novas entram em cena trazendo consigo uma energia e ambição inigualáveis. Mas nesse ambiente de mudança constante, é crucial lembrar que a experiência e a estabilidade são outros grandes ativos valiosos muito presentes entre os profissionais com mais anos de atuação e experiência acumulada.

Dados do IBGE apontam que, em 2030, o número de pessoas acima dos 60 anos no Brasil vai superar o percentual de jovens e o Ministério do Trabalho mostra que o mercado de trabalho acompanha essa tendência: enquanto em 2006 os profissionais 50+ representavam 12,6% dos postos ocupados, em 2020 esse índice foi para 19%.

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Em números absolutos, significa que esse grupo etário saltou de 4,4 milhões de empregados para 8,7 milhões em 14 anos. Embora a quantidade de pessoas tenha aumentado, eles ainda representam apenas entre 3% e 5% dos quadros de colaboradores no país.

Nesse contexto, começa a surgir no mundo corporativo uma tendência de atrair e reter um número maior de profissionais com mais de 50 anos, levado principalmente pela busca de mais experiência e estabilidade. Colaboradores dessa geração demonstram maior segurança em suas ações e posicionamentos, além de contribuírem para um ambiente de trabalho mais equilibrado.

A menor ansiedade em relação ao crescimento rápido abre espaço para uma abordagem mais calma, segura e focada nos objetivos do negócio e dos clientes. Além disso, a experiência acumulada torna-os referências valiosas para os mais jovens, promovendo um aprendizado e inovação contínua entre todos os colaboradores.

A inserção desses profissionais também contribui para fomentar a diversidade nas organizações, condição essencial para o sucesso de qualquer negócio impulsionado pela agenda ESG. Ela garante melhores resultados ao promover um ambiente com mais empatia, segurança psicológica, inclusão, igualdade e produtividade.

E a diferença etária é um desses pilares, já que a união de gerações distintas traz experiências, expectativas, perspectivas e estilos variados sobre um mesmo tema, conjunto de fatores que promovem soluções mais eficazes e criativas.

No entanto, ao lidar com essa diversidade geracional, as empresas precisam considerar a importância da implementação de programas de gestão de pessoas que priorizam as características e necessidades de cada grupo e indivíduo.

A liderança de pessoas com idades muito diferentes envolve, inclusive, um processo de orientação e acompanhamento próximo, especialmente quando os profissionais mais jovens assumem cargos de gestão e passam a liderar pessoas mais experientes.

Ações como a redução na frequência das avaliações de desempenho anuais, proporcionando análises de performance mais frequentes, ajudam a mitigar a ansiedade e a promover um ambiente mais estável.

No que diz respeito ao plano de carreira, é importante reconhecer que as trajetórias podem variar, especialmente no mercado de tecnologia em que o modelo conhecido como Y é muito comum para quem deseja se tornar especialista em uma determinada linguagem de programação, por exemplo.

Nesse sentido, profissionais com vivências mais longas podem assumir papéis técnicos especializados, sem a necessidade de cargos de gestão, já que desejam retornar ao mercado após uma pausa ou mesmo estejam dispostos a explorar novas tecnologias e linguagens de programação. Nesses casos, a avaliação contínua baseada em méritos, levando em conta o desempenho e o potencial de cada indivíduo, é essencial independentemente da idade.

Além das iniciativas de gestão e carreira, a cultura organizacional também desempenha um papel vital nesse equilíbrio, fornecendo as orientações necessárias para que todos possam trabalhar de maneira eficaz, promovendo uma convivência respeitosa de pessoas com características, condições e opiniões diferentes.

É integrando de forma inclusiva todos os colaboradores que as organizações podem combater o preconceito etário e assim eliminar qualquer tipo de discriminação contra os mais velhos e outros grupos.

À medida que navegamos por esse cenário dinâmico da tecnologia, é essencial abraçar a pluralidade de talentos e experiências que os profissionais 50+ trazem consigo. A diversidade geracional enriquece o ambiente de trabalho, fornecendo diferentes perspectivas e soluções para os desafios.

Ao valorizar as contribuições individuais de cada membro, independentemente da idade, formação ou trajetória profissional, as empresas podem colher os benefícios de uma força de trabalho verdadeiramente diversificada, que fortalece um ambiente de inovação e a resiliência das organizações.

Os profissionais 50+ no setor de tecnologia

Por Priscila Serpa, diretora de Gente e Gestão da Quod e da ABRH São Paulo.

 

 

Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast, “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)“. Como você se enxerga daqui a cinco ou dez anos? O questionamento, que já deve ter sido feito a muitos de vocês durante algum processo seletivo ao longo da carreira, nem sempre traz consigo uma resposta fácil. Especialmente para um público que, diante de tantos estereótipos e preconceitos, sequer sabe como será o dia de amanhã em sua vida profissional. A cada nova geração que entra no mercado, uma anterior se vê diante do dilema de ficar para trás e ver cada vez menos portas se abrirem.

O panorama, todavia, não só precisa como deve ser mudado. Pesquisas revelam que o tão falado “choque geracional” é extremamente benéfico não só a profissionais de todas as idades, mas também às empresas. E, afinal, se não olharmos para o público 50+ com atenção, como será quando chegar a nossa vez de lutar por espaço com os mais jovens? Para falar sobre as vantagens de mesclar gerações e como desenvolver mecanismos de inclusão, o RH Pra Você Cast traz Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Confira o papo clicando no app abaixo:

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