AUTONOMIA, EQUILÍBRIO E APRENDIZADO: UM TRIPÉ PARA A FELICIDADE NO TRABALHO

Recentemente, ao apoiar no Brasil a realização da pesquisa mundial “Estado da Felicidade no Trabalho”, capitaneada mundialmente pela Woohoo Unlimited Partnership, pude também acompanhar os resultados em primeira mão.

A primeira edição do inquérito após o início da pandemia do COVID-19 mostrou que os parâmetros de felicidade no trabalho mudaram. 

Participantes de 38 países indicaram que a autonomia se tornou o item número um para que se tenha um bom dia de trabalho. Na última edição, de 2018, o aspecto mais relevante era “Faço um trabalho do qual me orgulho”. Esse quesito caiu duas posições, dando lugar a “Tenho autonomia para trabalhar do meu jeito”.

Surgiram também, dois novos itens entre os cinco primeiros: “Tenho bom equilíbrio vida pessoal-vida profissional”, em quarto lugar, e “Aprendi algo novo no trabalho”, em quinto.

Sobre o outro lado da moeda, a infelicidade no trabalho, 18% dos entrevistados afirmaram ter “um dia ruim no trabalho” todos os dias ou quase todos os dias e 15% afirmaram que “o último dia bom no trabalho” ocorreu há mais de um mês.

Sobre os fatores que propiciam essa jornada insatisfatória destacam-se: carga excessiva de trabalho, ambiente e relações tóxicas, tédio e ausência de aprendizado. Nunca é demais destacar que a sobrecarga, além de causar infelicidade, é um dos fatores deflagradores de Burnout.

Cerca de 71% dos participantes afirmaram estar felizes em relação à vida, mas apenas 46% estão satisfeitos com o trabalho. E o pior: para mais de 50% dos entrevistados o trabalho figura como pano de fundo para o estado de languishing, que é caracterizado por tédio e esvaziamento de sentido de vida.

Não resta dúvida de que empresas em todo o mundo buscam estabelecer um foco em criar ambientes de trabalho mais saudáveis e positivos. Dos entrevistados, 79% acreditam que sua organização se preocupa com o bem-estar dos funcionários.

Contudo, o estudo mostra que benefícios e os chamados “perks”, ou regalias, não são capazes de garantir bem-estar. Ofertas como academia de ginástica e massagem apareceram em 21º lugar entre os aspectos que favorecem um bom dia de trabalho.

Vemos, mais uma vez, que não é possível construir ambientes que propiciem a felicidade apenas com recursos financeiros.

A organização vai precisar se comprometer com a construção de uma cultura saudável, com o desenvolvimento de líderes centrados na saúde e no bem-estar e com uma melhor distribuição do trabalho.

Ninguém será feliz extenuado física ou psiquicamente.

Por fim, cabe destacar que há necessidades psicológicas básicas que são universais: a autonomia é uma delas e a pesquisa mostrou o quanto neste momento ela é relevante para o trabalhador.

Um tripé para a Felicidade no Trabalho

Por Carla Furtado, Mestre e Doutoranda em Psicologia (Universidade Católica de Brasília/UCB). Especialista em Neurociência e Comportamento (PUCRS). Docente de Pós-Graduação na PUCRS e do Instituto de Ensino e Pesquisa Hospital Albert Einstein. Autora do livro “Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade” (Almedina). Diretora do Instituto Feliciência, com operações no Brasil e em Portugal.

 

Saiba mais sobre vida pessoal ouvindo o programa “Vida Pessoal e Profissional: há limites?” do PodCast do RHPraVocê. Nesse episódio, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Tiago Petreca, diretor fundador e curador chefe da Kuratore – consultoria de educação corporativa, Country Manager da getAbstract Brasil e autor do Livro “Do Mindset ao Mindflow”, sobre as principais descobertas da pesquisa. Acompanhe clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos