Quiet quitting’ e ‘quiet firing’: é possível resolver esse conflito entre funcionário e empresa. O recente, porém, impactante termo ‘quiet quitting’ (que significa ‘demissão silenciosa’ na tradução do inglês), vem tomando as redes sociais e publicações na mídia nas últimas semanas, principalmente com vídeos no TikTok.

O termo, que foi usado primeiro por usuários do Reddit durante a pandemia, ganhou tração e cada vez mais visibilidade por ser considerada uma ‘resposta’ as condições de trabalho não favoráveis, principalmente nos Estados Unidos. Para quem não sabe, esta “demissão” nada mais é do que um colaborador fazendo apenas o necessário para manutenção do emprego, ou seja, sem nenhum esforço a mais do que lhe é pago. Este movimento se tornou, desde então, comum entre pessoas das gerações Z e Millenials.

Recentemente, como uma solução, empresas adotaram o ‘quiet firing’ (demitir silenciosamente), onde gradualmente se cria um ambiente de trabalho insustentável, que force o colaborador a sair. Na minha opinião, como especialista em Comunicação Empresarial, após trabalhar com muitas empresas e profissionais para resolver falhas no diálogo institucional, uma atitude como essa está longe de ser um recurso viável para resolver o reflexo de uma insatisfação em grande escala. O funcionário está procurando apenas trabalhar conforme o acordado, nem mais, nem menos.


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Para mim, esse é o grande “X” da questão, e onde se desencontram líderes e colaboradores: falta a comunicação efetiva, e para isso não basta apenas falar, mas principalmente escutar. Estamos presenciando um movimento de ruptura, um momento de oportunidade para reflexão, um ‘presta atenção’ para gestores e empresários. É na verdade um grito silencioso por parte de nossa juventude, que busca uma transformação ainda mais radical do mindset, que procura viver para se dedicar a outras atividades além do trabalho, e assim cultivar uma boa saúde mental.

Ambos os fenômenos mostram que existe um buraco neste diálogo, e quando a conversa entre empregado e empregador se torna apenas focada na rotina, na meta e no resultado, não se cria um ambiente de trabalho saudável e pode forçar as pessoas à um nível de produção insustentável.

Pode ser uma realização desconfortável para muitos, principalmente depois de tanto tempo aplicando um mesmo formato. Mas as pessoas estão pedindo, mesmo que de maneira silenciosa, por um tratamento humanizado. Querendo ou não, estamos evoluindo como sociedade e o novo mundo do trabalho exige diálogos mais transparentes sobre os indivíduos que compõe uma instituição.

No final, o que resta entre o ‘quiet quitting’ e o ‘quiet firing’ é apenas o silêncio entre as partes, o que não leva a nenhuma solução, e apenas vai gerar mais antipatia. Para que alcancemos um nível de mudança positiva é preciso dialogar, se comunicar com o outro, e isso só acontece com o amadurecimento do senso de coletividade.

Estudos mostram que essa transformação para a visão corporativa humanizada vem gerando resultados positivos e comprovados para empresas no mundo todo. O levantamento do Empresas Humanizadas divulgado em 2019, por exemplo, mostrou 225% mais engajamento entre os colaboradores, e 240% maior fidelização de clientes em organizações do tipo.

Um líder precisa entender o seu time, e conforme o tempo passa isso significa um alinhamento da cultura organizacional com novos valores. O “a mais” do colaborador deve ser conversado e recompensado, devemos incentivar e respeitar os limites da dinâmica trabalho/vida, para evitar o esgotamento. Um protesto silencioso é sinônimo da falha em ouvir, e essa correção é essencial para caminharmos juntos em frente.

"Quiet quitting" é uma resposta à falha em ouvir

Por Fabiana Teixeira, jornalista formada pela PUC-SP e tem experiência como repórter em emissoras como Record TV, TV Bandeirantes, Rede TV e TV Cultura. Também é especialista em Comunicação Empresarial, Branding e posicionamento de marcas pela ESPM e Marketing Digital pela Universidade de Columbia, em Nova York.

 

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