Criação de estereótipos, falta de representação, dificuldades estruturais e consequências psicológicas são alguns dos efeitos da discriminação que as pessoas com deficiência sofrem.
Nos dias de hoje, vivemos um movimento de discussões sobre diversidade, inclusão e combate a qualquer tipo de discriminação. As discussões, os questionamentos ao machismo, racismo, LGBTfobia vem ganhando cada vez mais espaço e provocando mudanças essenciais para a nossa sociedade. Mas, apesar da facilidade da internet, dos debates e todas informações, ainda estamos longe de construir uma sociedade justa, onde todos, em todas as suas formas, são respeitados.
A rejeição e o preconceito se apresentam das mais diferentes formas e, uma delas, é o capacitismo. Infelizmente, ainda muitos perguntam:
O que é o capacitismo?
O capacitismo é uma forma de preconceito com pessoas com deficiência, que está enraizado na sociedade. O termo se refere à uma preconcepção sobre as capacidades que a pessoa tem ou não devido a uma deficiência e, ainda, reduz a pessoa a essa deficiência. Considera o corpo “normal” como o corpo que é “capaz” de fazer todas as coisas, em contrapartida, considera o corpo com deficiência um corpo anormal.
Importante ainda ressaltar que o capacitismo surge, por muitas vezes, de forma sutil, mesmo entre aqueles que dizem não ter nenhum preconceito. Trago como exemplo as narrativas que colocam as pessoas com diversidade funcional como guerreiras ou coitadas.
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – o que representa 17,3 milhões de pessoas – tem algum tipo de deficiência. O levantamento também aponta que, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho ainda é um obstáculo. Apenas 28,3% delas em idade de trabalhar se posicionam na força de trabalho brasileira. Entre as pessoas sem deficiência, o índice sobe para 66,3%.
Os dados ainda são mais alarmantes quando falamos de oportunidades de carreira e cargos de liderança para pessoas com deficiência. Menos de 10% dos profissionais com deficiência ocupam cargos de liderança.
Maior concentração desses trabalhadores está nos cargos de assistente (57%), segundo pesquisa da Santo Caos em parceria com a Catho.
Esses dados refletem uma rasa inclusão desses profissionais, onde a contratação tende a ser feita simplesmente para o cumprimento da Lei de Cotas. Neste cenário, encontram-se profissionais que, quando contratados, possuem baixas perspectivas profissionais e pessoais, somado também à desmotivação e ao isolamento.
É muito importante nos questionarmos: O que impede uma pessoa com deficiência ter a capacidade de liderar?
Capacidade de liderança está relacionada as competências comportamentais, as habilidades, a motivação.
Dar visibilidade e oportunidade são fundamentais para tirarmos os profissionais com deficiência dos cargos de entrada.
Atualmente, as organizações buscam por líderes com maior empatia, capacidade de adaptação, mudança e criatividade, e ter uma gestão inclusiva e diversa são fundamentais para engajar a equipe a lidar com as mudanças e os cenários turbulentos, trazendo melhores resultados.
Combater o capacitismo e construir uma sociedade mais inclusiva é um processo que exige a desconstrução individual, educação e mudanças de paradigmas.
“Deficiência não faz ninguém menor”
Por Hellen Rosa Ferreira. Sou mulher, 40+, mãe de 3 e PCD. Sou Líder há mais de 10 anos e hoje atuo como Head de Pessoas & Cultura LATAM da Schmersal, multinacional alemã e Professora dos cursos de Pós Graduação do Grupo Ser Educacional. Psicanalista, Psicopedagoga, Especialista em Recursos Humanos, Dinâmica dos Grupos, Diversidade & Inclusão e Doutorado em Psicologia Social pela Universidade John F. Kennedy (Buenos Aires – AR).
Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 89, “O poder do investimento em diversidade” com a fundadora da Newa Consultoria, Carine Roos. Clique no app abaixo:
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