O cuidado da família empresária envolve três ferramentas essenciais especializadas. A primeira delas é o Acompanhamento atento dos integrantes da família empresária para a criação de letramento e repertório sobre a construção de sua carreira pessoal, da separação entre família e negócios e a gestão da empresa familiar.

Cada integrante merece atenção específica, seja sucedido(a), sócio(a), sucessor(a), administrador(a) e gestor(a). O mesmo se aplica aos que não têm participação societária e não trabalham na organização. Todos desempenham papel relevante, seja por ação ou silêncio.

Portanto, a atenção com cada um aumenta a possibilidade de impacto positivo de sua atuação individual e da atuação empreendedora do grupo. 

O segundo fator, de caráter técnico, é o Conhecimento e implementação do Modelo dos Três Círculos, que delineia a separação entre família, empresa e propriedade. A consciência desses três espaços diferentes em escopos e conteúdos de decisão proporciona mais clareza sobre os efeitos da sobreposição dos papéis de cada um na empresa, na família ou como sócio.

É algo libertador e revolucionário. A partir daí, abre-se uma nova dimensão para cada família encontrar suas próprias soluções. Acreditem: funciona!

Pesquisa Infojobs

Conhecimento técnico-formal é o terceiro processo, também de caráter técnico. Conhecer os centros de conhecimento sobre a família empresária é uma ferramenta importante de trabalho.

Para isso, há núcleos consistentes de conteúdos sobre o tema, como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), escolas de negócios e entidades de classe.

Além dos três preceitos básicos, outro fator é relevante: o Respeito à limitação de tempo. Em um mundo de ansiedades e soluções rápidas, a implementação do processo de tomada de decisão não é trivial. Envolve criar agenda, levar os participantes à mesa de negociação, apresentar valores e intenções, ouvir as outras partes, buscar decisões possíveis de implementação e, finalmente, decidir. 

Ou seja, há um processo de espera ativa até a definição. Depois dela, há a comunicação para a gestão, a execução da decisão, a estruturação da informação para apreciação dos decisores e, por fim, o monitoramento do desempenho, com nova rodada de decisões.

Tudo leva tempo e tem de ser feito enquanto a empresa precisa seguir dando resultados. Sim, a espera tem limites. Equilibrar com sabedoria a utilização do tempo para tomada e implementação de decisão e a consciência de que o tempo de vida é restrito proporcionam efeitos muito positivos. 

Outro aspecto importante diz respeito ao Fortalecimento dos Silêncios. Os silêncios (sim, no plural), tanto interior como em ambientes externos, são ferramentas de trabalho cruciais para a família empresária, a empresa e quem participa das estruturas de governança.

Não se trata de omissão ou de inércia. O silêncio atento lastreia a escuta ostensiva, que lastreia a correta percepção das pessoas e ambientes. 

O conhecimento de pessoas possibilita o diálogo. O conhecimento dos ambientes permite movimentações seguras. O diálogo em ambientes seguros lastreia decisões individuais e coletivas possíveis de serem cumpridas, fundamentadas na realidade que se apresenta.

Depois das decisões tomadas, especialistas poderão executá-las com mais precisão e definir o formato de monitoramento e, se for o caso, a alteração de rota no futuro. O silêncio, como se lê, é uma ferramenta poderosa de trabalho em prol da sustentabilidade. 

Perguntas também são um processo crucial. O óbvio precisa ser dito: boas questões são o primeiro passo para encontrar respostas. As indagações trazem à tona a sabedoria acumulada no ambiente familiar e as intenções de seus integrantes até então não expressadas.

Os recursos extraordinários da família empresária. O gran finale é ressaltar que vocês, caros leitor e leitora, já têm recursos extraordinários que não conseguem mensurar. Desconfiem de uma confiança excessiva, mas não duvidem: vocês têm recursos individuais insubstituíveis e únicos.

Peço sua atenção a esses tesouros que cada um de vocês carrega e a consciência serena de que tais recursos serão potencializados com as ferramentas mencionadas acima.

Vocês saberão a hora certa para fazer o seu relato de como perceberam seus recursos extraordinários e utilizaram as ferramentas para gerenciar os problemas do dia a dia. 

Os recursos extraordinários  de cada família empresária

Por Vanessa Brenneke, advogada, mediadora, associada da WCD Brasil (Women Corporate Directors), conselheira consultiva, professora.

 

 

Ouça o episódio 103 do RH Pra Você Cast, “O desafio da sucessão familiar e o case Magalu“. Empresas familiares representam 65% do PIB e 75% dos empregos no Brasil, de acordo com o estudo “Family Business Index 2021”, realizado pela consultoria EY – Ernest Young, em parceria com a Universidade de St. Gallen, na Suíça. Ao mesmo tempo, apenas 25% dos negócios familiares conseguem ultrapassar a barreira da terceira geração dos fundadores e alcançar a longevidade, segundo o SEBRAE. O que torna a gestão familiar tão complexa? Enquanto isso, o processo sucessório que tornou Fred Trajano (filho de Luiza Helena Trajano e membro da terceira geração da família) CEO do Magazine Luiza em 2016, é um exemplo de bom planejamento. Nesse episódio, o CEO Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com César Souza, Presidente do Grupo Empreenda® e autor do livro “O Jeito de ser Magalu”.

Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:

Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube

Foto: Depositphotos