O ingrediente fundamental para você ser feliz no trabalho e que nunca te contaram. Trabalhei 17 anos no mundo corporativo tradicional. Entre estágios, projeto de trabalho no verão durante o MBA no Canadá e como colaborador fixo passei no total por 6 empresas em setores como entretenimento, mídia, tecnologia, bens de consumo e varejo.

Vivi diferentes culturas, desde algumas que considerava paternalistas, como na Johnson & Johnson até culturas mais agressivas, como na BRMALLS, criada com base nos princípios dos fundadores do Garantia, posterior GP, fundadores da Ambev, fundo 3G, Jorge Paulo Lemman e Beto Sucupira. Vivi tudo que há de bom e de negativo que vem junto nestes pacotes mais “familiares” ou com extremo “foco no resultado”.

Durante boa parte destes 17 anos senti, provavelmente como você cara leitora e leitor, aquela famosa “dominguite” ou depressão pré-segunda feira. Achava que o problema poderia ser a empresa na qual estava trabalhando no momento, mas eu mudava de empresa, de setor, minha motivação melhorava por 1 ou 2 anos enquanto tudo ainda era novidade e aprendizado e logo depois voltava a sentir os sintomas.

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Falo que provavelmente como você, porque em última pesquisa realizada no Brasil em 2021, quase 35% dos profissionais se declararam infelizes no trabalho e 65% afirmaram que gostariam de fazer alguma mudança profissional para se sentirem mais felizes.

Em 2012 pedi demissão de forma definitiva não apenas da BRMALLS onde trabalhava, mas pedir demissão deste modelo de vida. Não conseguia mais permanecer em uma grande estrutura, com reuniões, calls, apresentações, processos que sentiam consumir meu tempo de forma ineficiente e desnecessária.

Sentia tudo aquilo como um grande teatro do qual eu não queria mais fazer parte. Queria reaprender o valor do tempo e poder decidir como usá-lo durante minha existência no planeta Terra.

Mergulhei em estudos, dados, ciência sobre a Felicidade no Trabalho. Queria entender se havia algo menos etéreo e mais concreto sobre como ser feliz profissionalmente, trazendo para mim a responsabilidade sobre ser feliz neste campo da vida, rejeitando a ideia de tratar essa tal felicidade como algo fora do nosso controle, uma nuvem que chega e vai embora sem explicações racionais.

Pesquisa Infojobs

Em 1 ano pude encontrar pessoalmente e conviver com pessoas como Daniel Pink, americano autor de 3 best sellers, entre eles “Drive“, uma coletânea de dados científicos sobre o que de verdade nos motiva enquanto seres humanos, Nic Mark, um grande pesquisador do tema felicidade no trabalho na Inglaterra, Brian Robertson, fundador de modelos como Holocracia que defendia o fim completo de qualquer hierarquia e Frederic Laloux, autor do Livro “Reinventando Organizações“, que propunha um modelo completo de autogestão, onde colaboradores por exemplo poderiam decidir seus próprios salários.

Ao final deste 1 ano preparei o que foi no Brasil o primeiro curso sobre Felicidade no Trabalho no Rio de Janeiro associado a escola de inovação Perestroika. Também levei o tema para grandes corporações como Petrobrás, Coca Cola, Nestlé, realizando mais de 60 palestras e workshops em apenas 2 anos.

Passados 10 anos, pude ver o crescimento do uso de pesquisas e divulgação de rankings sobre as “melhores empresas para se trabalhar” e o nascimento de cursos, formações e certificações de CHO, Chief Happiness Officer, hoje são uma realidade no país, realizados por profissionais sérios e preparados, integrados a redes internacionais que pesquisam e estudam o tema.

O crescimento do tema, a influência da Psicologia Positiva através do autor e professor americano Martin Seligman na formação de muitas pessoas que vieram a trabalhar no campo da Felicidade no Trabalho inclusive no Brasil é claro muito benéfico, Mas ao mesmo tempo, veio com ele uma noção que criou um cenário mais complexo e menos localizado para se construir ambientes mais felizes.

Uma noção que reduz a potência individual que as pessoas poderiam sentir caso entendessem que há um ingrediente determinante, fundamental e que deveria ser o foco principal dos indivíduos que querem construir e decidir por ambientes mais propícios para sua felicidade. Ele é o único? Não. Mas ele é a base. Sem ele, todos os demais ingredientes se tornam apenas placebos.

Autonomia. Essa é a palavra formal, que se encaixa melhor no ambiente profissional. Eu prefiro dizer que o ingrediente base para nossa felicidade no trabalho é “poder sermos nós mesmos”. Isso significa, entre outras coisas, poder tomar as decisões sobre seu próprio trabalho, sobre a forma que ele é feito, quando é feito, com quem é feito, onde é feito. Isso significa ser totalmente responsável pelo o que você faz e portanto pelo seu resultado. Pessoas boas, competentes, querem ser responsáveis pelo que fazem.

Muitos líderes e gestores ainda acreditam que seu trabalho é gerenciar pessoas para que elas façam o trabalho. Não sabem que o bom líder e gestor hoje gerencia resultados e serve e aconselha seus times e pessoas quando estes pedem ajuda. Uma pirâmide invertida.

Pessoas boas, que gostam do que fazem, só precisam de autonomia. Elas cometerão erros, cometerão acertos e terão orgulho em sentir-se responsáveis por eles. Quanto mais controladas, menos erros cometerão, é verdade. Mas também não irão inovar. Irão apresentar um trabalho na média, para não dizer medíocre.

Um trabalho controlado, dentro do esperado, nem abaixo e nem acima. E assim, você que é um gestor, ou CEO de uma corporação, pode ter certeza: com uma equipe com baixo grau de autonomia, bem controlada, que não erra e por isso também não inova, sua corporação estará indo com sucesso para o caminho da extinção.

O ingrediente fundamental para você ser feliz no trabalho

Por Rogério Oliveira, empreendedor brasileiro com mais de 10 anos de experiência no mercado de empreendedorismo. Com uma vasta carreira em empresas multinacionais e no mercado corporativo, entrou na jornada do empreendedorismo através das palestras e estudos que realizou sobre felicidade no trabalho e cultura empresarial. É fundador da Pipoca, uma plataforma de projetos culturais nas ruas, empresa que é pioneira no carnaval de rua de SP e trouxe ao Brasil o maior festival de gastronomia criativa do mundo, o Smorgasburg.

Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? No episódio de hoje, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:

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