O Brasil registrou um recorde de mais de 6 milhões de pedidos de demissão, entre maio de 2021 e maio de 2022. Uma análise da consultoria LCA, com base em dados do Caged, mapeou que o número de demissões significa que um em cada três desligamentos foram voluntários.
Ou seja, nunca foi demandado da área de RH das organizações ter ações tão inovadoras para atrair e reter os melhores talentos.
É indiscutível que essa “fuga” dos profissionais é um dos principais impactos da pandemia.
Afinal, diante da prova sobre a alta fragilidade da vida, as pessoas começaram a refletir melhor com relação a qualidade de sua saúde, seu bem-estar e do tempo dedicado a si mesmo e às suas relações pessoais.
Nessa reflexão, muitos intensificaram a busca pelo entendimento do quanto o dia a dia profissional impactava negativamente nessa equação.
Paralelamente a isso, a flexibilidade da rotina no ambiente corporativo se tornou um sonho possível, se igualando ao salário atrativo em nível de importância. Já vi, inclusive, pessoas aceitando remunerações abaixo das desejadas em troca de desempenhar suas tarefas no modelo home office ou anywhere office.
Algumas organizações já estão testando as jornadas reduzidas, enquanto outras, simplesmente, extinguiram seus ambientes físicos, migrando a operação para plataformas on-line, aumentando ainda mais nos profissionais o desejo de ter cada vez mais autonomia no quesito trabalho.
Nesse novo cenário, os RHs das empresas têm corrido contra o tempo para implementar todas as complexas adaptações dentro das companhias.
Mas esses profissionais sabem que não se trata apenas de métodos, processos e ações. É, também, uma questão de atualizar a cultura corporativa para que os discursos de ambiente inovador e adaptável realmente se concretizem na prática.
Parte da autonomia desejada pelos colaboradores dessa nova era está relacionada aos benefícios. Uma extensa lista de auxílios como complemento do salário já não fazem mais sentido se esses itens não puderem realmente agregar valor às suas vidas ou se adaptar às suas reais necessidades e o seu modo de viver.
Por que não pensar em incorporar ao pacote de benefícios um auxílio pet, tendo em vista que, cada vez mais, as pessoas têm tratado seus animais de estimação como membros da família?
Qual seria o sentimento do seu colaborador com relação à companhia se, por exemplo, você o beneficiasse com créditos para ele viajar ao invés de simplesmente discursar o quanto valoriza que os profissionais da empresa realmente se desconectem aos finais de semana e nos períodos de férias?
Quão maior seria a motivação dos colaboradores destaque se pudessem viajar para um destino desejado em vez de receber como prêmio um trajeto pré-definido?
O que vejo é que, daqui para frente, o ser humano sempre estará no centro do mundo do trabalho, porque as empresas são feitas de pessoas, o dia a dia corporativo é feito de relações.
E as empresas que souberem valorizar as pessoas além de seus títulos, suas certificações e seus crachás sempre estarão no radar dos profissionais de talento.
Muito do que, hoje, uma organização precisa para driblar a acirrada guerra por talentos, não é mesmo?
Por Bruno Carone, cofundador do Férias & Co.
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Capa: Deposithphotos
