O sociólogo e psicanalista alemão Erich Fromm escreveu profundamente a respeito da crise social contemporânea e a essência de sua obra permanece válida, quando divide a humanidade entre duas opções de existência, que ele chamou de “o ter ou o ser”.

O modo do “ter” está fundamentado na consolidação pela busca da realização – felicidade essencialmente pelo usufruto de bens materiais, um conceito evidente em nossa sociedade de consumo, de ostentação e de foco no sucesso financeiro.

Citando Fromm, podemos também dizer que a sociedade moderna, a despeito de toda ênfase que atribui à felicidade, à individualidade e ao interesse de cada um, ensinou ao homem que não é a sua felicidade a meta da vida, e sim a satisfação de seu dever de trabalhar e o seu sucesso baseado em dinheiro, prestígio e poder, que constituiriam os seus incentivos e razão de existir.

Não existiria assim espaço para a busca da felicidade, algo a ser deixado para histórias e crianças e para momentos fugazes de consumo escapista. Mas, a própria sociedade, hoje, sejam empresas e seus colaboradores, ou as famílias, debate este conceito do “ter”, principalmente entre as gerações mais novas, frequentemente trocando carreiras por uma vida mais feliz, com novos conceitos para medir o “sucesso”.

Pesquisa Infojobs

Mas, como empreendedores, como gestores, sabemos também que essa tal de felicidade é na verdade um relevante fator para melhoria da produtividade das empresas, assim como também é a diversidade. Segundo artigo publicado na Harvard Business Review, em determinadas condições pesquisadas, a produtividade foi 18% menor entre colaboradores infelizes.

A infelicidade também gera 16% a menos de lucro, eleva em 49% os acidentes no trabalho e aumenta em 37% o absenteísmo. Em outras palavras, podemos dizer que a felicidade afeta profundamente um ambiente corporativo.

Colaboradores mais felizes se sentem usualmente mais satisfeitos com as suas atividades na empresa, na convivência com os colegas e até mesmo com o ambiente corporativo. Por isso, uma empresa que consegue proporcionar atributos atrativos se torna um lugar em que as pessoas querem estar, facilitando a retenção e a atração de talentos.

A questão, portanto, é definir os meios para que nossas empresas sejam locais que proporcionem mais momentos de felicidade, com menos estresse e casos de burnout, com redução de turn over e evitando perda de produtividade.

Certamente isso não se constrói com lanches gratuitos e piscinas de bolinhas e muito menos com trajes informais. Aqui na empresa, testamos, e por isso eu indico três trilhas que podem ser seguidas:

1- Comunicação efetiva: Abrindo canais claros e diretos, garantindo que todos estejam na mesma página. O fácil acesso aos sócios/diretoria é muito importante, demandando estruturas menos hierárquicas;

2- Flexibilidade: Reconhecemos que o mundo é dinâmico. Com flexibilidade, enfrentamos mudanças com agilidade – em projetos, na gestão de crises, nas relações trabalhistas e na definição de prioridades;

3 – Ambiente positivo: Criamos um local onde a positividade é o motor, que reconhecimento vale mais do que críticas, que parcerias efetivas rendem mais do que “gênios” isolados. Resultados notáveis brotam de um ambiente saudável.

Mas não se engane. É preciso muito investimento de tempo. Estamos sempre ocupados e sobrecarregados, o que afeta diretamente nossa produtividade e qualidade como gestores.

Mas que tal transformar o cenário e inspirar o time, deixando um legado duradouro?

Cada conexão, cada decisão e cada negociação é uma chance de deixar um vestígio bom na equipe. Para a produtividade inclusive… Eu só vejo vantagens.

Produtividade e felicidade andam juntas?

Por Ricardo Lopes – Com mais de 23 anos de experiência, Ricardo atua com vendas de soluções de tecnologia, passou por grandes companhias antes de chegar na CBYK. O executivo teve grande sucesso atuando no setor público com vendas de soluções SaaS, PaaS, IaaS, Fábrica de Software e alocação de recursos para um fornecedor de serviços líder no setor. Com formação em Ciência da Computação na Universidade Paulista, MBA pela FGV, Lopes é sócio-diretor na CBYK, desenvolvedora de software e de soluções personalizadas de TI para diversas indústrias do mercado brasileiro.

Saiba mais sobre vida pessoal ouvindo o programa “Vida Pessoal e Profissional: há limites?” do PodCast do RHPraVocê. Nesse episódio, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Tiago Petreca, diretor fundador e curador chefe da Kuratore – consultoria de educação corporativa, Country Manager da getAbstract Brasil e autor do Livro “Do Mindset ao Mindflow”, sobre as principais descobertas da pesquisa. Acompanhe clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos