Etarismo: como combater o preconceito de idade no mercado de trabalho. O etarismo consiste no preconceito, intolerância e discriminação contra pessoas com idade avançada e pode impactar os indivíduos em vários aspectos da vida, principalmente no mercado de trabalho. 

Na nossa curva demográfica a longevidade só aumenta, a curva dos 60 anos será maioria no nosso país. Vamos olhar para os dados: em 2021, a população estimada do Brasil com mais de 60 anos é de aproximadamente 32,9 milhões, segundo o Banco Mundial.

Ainda, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para 2020, a taxa de participação na força de trabalho para pessoas de 55 a 64 anos no Brasil foi de 65,7%, enquanto a taxa para aqueles com 65 anos ou mais foi de 8,2%.

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Com isso, podemos observar que o mercado de trabalho costuma ser um lugar hostil para os trabalhadores com mais de 60 anos, que podem enfrentar discriminação durante o processo de contratação ou no desempenho de funções.

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A questão do preconceito etário está relacionada a como olhamos a capacidade dessas pessoas em desempenhar funções no mundo moderno. Muitos empregadores mantêm estereótipos negativos sobre os trabalhadores mais velhos.

Por exemplo, suposições de serem menos produtivos, menos flexíveis e mais caros do que os profissionais mais jovens. No entanto, esses estereótipos geralmente são baseados em preconceitos e não em evidências reais.

Isso pode levar a uma série de consequências negativas, incluindo salários mais baixos, redução da segurança no emprego e oportunidades de carreira limitadas.

Entretanto, quando analisamos o cenário prático, a realidade é outra. Esses profissionais podem ser colaboradores altamente qualificados, experientes e produtivos. Geralmente, trazem uma riqueza de conhecimento e experiência na execução de suas atividades, têm forte ética de trabalho, dedicação, lealdade e compromisso com seus empregos, ou seja, são menos propensos a mudar de emprego com frequência, o que reduz os custos de rotatividade para os empregadores.

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Por exemplo, de acordo com o relatório do Japan Institute for Labor Policy and Training, as empresas no Japão estão cada vez mais contratando pessoas com idade mais avançada devido à sua experiência e confiabilidade. O relatório também constatou que esse grupo de pessoas tende a ter uma taxa de rotatividade menor, reduzindo os custos de recrutamento para as empresas. Além disso, costumam ser mais leais aos seus empregadores, o que pode levar ao aumento da produtividade e à redução do absenteísmo.

Somado a isso, por terem mais experiência, exigem menos treinamento do que os trabalhadores mais jovens, o que economiza tempo e investimentos dos empregadores em programas de capacitação.

Por fim, costumam ter fortes habilidades interpessoais, que podem ser valiosas em funções voltadas a prestação de serviços. Podem ser mais pacientes, compreensivos e empáticos, ajudando a construir relacionamentos sólidos com os clientes.

Apesar dessas vantagens, os “60+”, ainda são preteridos em oportunidades de emprego ou alvo de demissões quando as empresas buscam cortar custos, o que pode ser devastador para aqueles que dedicaram toda a sua carreira a uma determinada indústria ou empresa. Também ocasiona uma série de desafios financeiros e emocionais, como redução da poupança para a aposentadoria, aumento do estresse e ansiedade.

Para combater o preconceito de idade no mercado de trabalho, é importante que os empregadores reconheçam o valor desses colaboradores e busquem ativamente seus conhecimentos e experiência. Isso deve envolver esforços de R&S direcionados a pessoas mais experientes, bem como programas de desenvolvimento que os ajudem a atualizar suas habilidades e conhecimentos. 

Por fim, o mais importante, criar um ambiente de trabalho inclusivo e favorável para essas pessoas, na prática, pode ser feito por meio de programas do RH que destaquem as vantagens de trabalhar com esses colaboradores.

Falo com conhecimento de causa pois, desde 2020, nosso Programa 50+ atua com o objetivo de contratar ao menos 30% dos colaboradores acima desta faixa etária, independente da experiência prévia na área de alimentação. Desde então, já foram contratadas 432 pessoas com idades de 52 a 72 anos.

A principal vantagem observada é o alto nível de comprometimento no desempenho de suas funções, proporcionando uma redução de aproximadamente 30% no turn over.

Em conclusão, o preconceito de idade no mercado de trabalho é uma forma prejudicial de discriminação que pode impactar negativamente o mercado de trabalho de uma forma geral. Para combater o preconceito de idade, os empregadores devem reconhecer o valor dos colaboradores mais velhos e tomar medidas para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e solidário.

Isso não apenas beneficiará esses trabalhadores, mas também ajudará as empresas a atrair e reter funcionários talentosos e experientes. É uma obrigação das empresas promover um mercado de trabalho mais igualitário e inclusivo.

Etarismo: como combater o preconceito de idade

Por Caroline Nogueira, Diretora de RH da Premium Essential Kitchen.

 

 

 

Ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 76, “Como pavimentar a inclusão e o desenvolvimento de profissionais 50+” com Fran Winandy, Autora do Livro ” Etarismo, um novo nome para um velho preconceito“. Apaixonada pela evolução das pessoas. Palestrante e Consultora em Diversidade Etária e Etarismo. Transição de Carreira. Clique no app abaixo:

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Capa: Depositphotos