“Não foi fácil.
Dizer ‘eu te amo’ não foi fácil.
Dizer amor não foi fácil.
Dizer adeus não foi fácil.
Com certeza, o chinês é uma língua realmente difícil!!!”
(Flavio Oreglio: artista de cabaré, músico, escritor e humorista italiano.)
Para descrever nosso mundo nos últimos anos, o acrônimo VUCA se espalhou, composto pelas iniciais de Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity, que significam Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.
No entanto, estas palavras parecem inadequadas para representar completamente o mundo em que vivemos. Em vez de VUCA, outro acrônimo está se difundindo: BANI, introduzido por Jamais Cascio, historiador, pesquisador, professor da University of California e membro do Institute for the Future, em um artigo no Medium intitulado “Enfrentando a Era do Caos“. BANI é composto pelas iniciais de Brittleness, Anxiety, Non-linearity e Incomprehensibility (fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade).
A sigla VUCA remonta ao final dos anos 80: cunhada pelo United States Army War College, sintetizou eficazmente o mundo que estava se delineando com a chegada da era digital e a globalização dos mercados de bens e capitais. Todas as quatro palavras descreviam objetivamente a sociedade conforme se apresentava aos nossos olhos.
Após a pandemia, no entanto, o mundo parece muito diferente. As tensões internacionais se intensificam e a guerra parece iminente. O medo de um conflito nuclear está presente na mente da maioria das pessoas no Ocidente. A economia está se recuperando, mas a percepção geral é de uma crise permanente. Vivemos em um amplo e generalizado sentimento de mal-estar que afeta não apenas o mundo do trabalho, mas também toda a sociedade civil e nosso universo relacional.
Com o passar dos anos, o uso da expressão VUCA se disseminou no mundo empresarial para representar os desafios diários que as organizações enfrentam. De fato, viver em um mundo em constante transformação, onde tudo muda rapidamente, onde a incerteza é predominante, onde a complexidade continua a aumentar e a ambiguidade prevalece, significa renunciar à pretensão de fazer previsões a longo prazo.
Hoje, porém, o foco está mudando do objeto para o sujeito. Por isso, o acrônimo BANI parece mais adequado para descrever sinteticamente a realidade que vivemos diariamente.
Vamos, então, entrar mais especificamente neste acrônimo:
– Fragilidade: o sujeito está se revelando cada vez mais frágil em um mundo onde os equilíbrios são cada vez mais instáveis e efêmeros. A situação – seja política, social, econômica, civil, subjetiva ou objetiva – às vezes parece estável e potencialmente duradoura, mas todos sabemos que o ponto de ruptura está sempre próximo, tantas são as variáveis que podem influenciar em um mundo cada vez mais interconectado.
– Ansiedade: a fragilidade e a insegurança geram ansiedade. Ao contrário do medo, que é uma reação a um perigo concreto e específico, a ansiedade é uma resposta geral a um perigo genérico, a uma situação percebida como potencialmente ameaçadora. As situações que vivemos parecem sempre ter um sinal negativo. O desafio está em ver as oportunidades e não apenas o perigo.
– Não linearidade: já em outros escritos, descrevi o novo século como “a era do paradoxo”. Polos fortemente antinômicos se confrontam constantemente, dentro e fora de nós. A complexidade do mundo em que vivemos contém contradições aparentemente insolúveis que coexistem constantemente, causando dificuldades às vezes aparentemente insuperáveis.
– Incompreensibilidade: esses paradoxos resultam em situações que escapam não apenas ao nosso controle, mas também à nossa capacidade de compreensão. A rede permitiu uma facilidade de comunicação e informação absolutamente inédita, mas ao mesmo tempo trouxe consigo uma sobrecarga de notícias falsas e inventadas diante das quais, em muitos casos, é muito difícil se desvencilhar.
J. Cascio, no artigo onde pela primeira vez se falava do BANI, afirmou:
“Pelo menos superficialmente, os componentes do acrônimo podem até sugerir oportunidades de resposta: a fragilidade pode ser enfrentada com resiliência e flexibilidade; a ansiedade pode ser aliviada pela empatia e consciência; a não linearidade requer contexto e flexibilidade; a incompreensibilidade exige transparência e intuição. Estas podem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de encontrar respostas. […] É algo que pode precisar de uma nova linguagem para ser descrito. É algo que definitivamente exigirá uma nova forma de pensar a ser explorada.”
Nas nossas empresas, antes de buscar soluções operacionais fáceis, acredito que seja importante nos treinarmos para entender essa nova situação, pois somente através da compreensão e da consciência podemos traçar novos caminhos a serem percorridos.
Por Paolo Iacci, Presidente Eca Itália, empresa líder na gestão de pessoal em mobilidade internacional. Ele auxilia empresas em todos os aspectos da administração, tributação e previdência social para italianos que vão para o exterior e para estrangeiros que vêm trabalhar na Itália. É também professor da Universidade de Milão. Artigo publicado originalmente em 2024 na HR ONLine da AIDP – ‘Associazione Italiana per la Direzione del Personale‘.
Ouça o episódio 180 do podcast RH Pra Você Cast, “A cada ano que passa, mais voltamos para o “velho normal”? O que podemos esperar para 2024 em relação aos modelos de trabalho? Embora muitos colaboradores não estejam dispostos a abrir mão do trabalho híbrido ou do home office, não são poucas as organizações que contam os dias para retomar o ritmo do “velho normal”, ou seja, a jornada 100% presencial.
Diante disso, o questionamento é inevitável: o “novo normal” começa a perder sua força? Quem nos ajuda com essa e outras questões é Luciana Carvalho, CEO e Fundadora da Chiefs.Group. A executiva trouxe diversos pontos que servem de alerta, em especial, para os gestores. Confira!
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