Embora não haja estatísticas formais sobre o tema, os recrutadores dão preferência a candidatos que tenham comprovada experiência profissional no exterior.

No atual cenário brasileiro, de desemprego alto – quase 12 milhões de pessoas (Pnad IBGE, 1º trimestre de 2022) e crescimento baixo – estimativa de 1,1% para este ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada –, contar com esta “simpatia” dos responsáveis pela contratação é um enorme diferencial.

As vantagens para quem trabalha fora e retorna ao país vão do desenvolvimento de competências técnicas na área e do domínio de um segundo ou terceiro idioma – o que, por si só, já colocam o candidato em posição privilegiada.

A vivência no exterior agrega atributos subjetivos, as chamadas competências comportamentais (soft skills), como habilidade de conviver e trabalhar em equipe com pessoas de diferentes culturas, capacidade de decidir e dar respostas rápidas a situações imprevistas (algo bastante comum para quem mora fora de seu país de origem) e networking vasto e globalizado, entre outras – características bastante valorizadas pelos recrutadores.

Planejar é preciso
Considerar o trabalho no exterior no plano de carreira requer planejamento prévio para decidir o melhor momento profissional e pessoal para dar este passo. Chegado o momento, é preciso considerar vários aspectos para evitar contratempos e tirar o melhor proveito da experiência.

É fundamental dominar o idioma do país onde se quer trabalhar e muitas agências de recrutamento e empresas exigem prova de proficiência.

Além disso, o candidato deve pesquisar sobre a situação da sua profissão em termos de vagas, salário, carga horária, necessidade de revalidação do diploma, legislação vigente, inscrição no respectivo conselho profissional e exigências para obtenção do visto de trabalho.

Questões do dia-a-dia também devem ser levadas em conta, como valor do aluguel e despesas com transporte e alimentação, e é possível buscar estas informações em agências de recrutamento ou com pessoas conhecidas que já residem no país.

Antes de embarcar, tenha em mãos um bom currículo ou, de preferência, seu perfil no LinkedIn atualizado na língua estrangeira.

Da mesma forma que ao buscar uma vaga no Brasil, prepare-se para a entrevista de emprego pesquisando sobre o funcionamento e valores da empresa.

Em frente ao entrevistador, transmita confiança, tranquilidade e demonstre que você deu este passo importante na sua carreira porque está disposto a enfrentar desafios.

Uma vez instalado no país estrangeiro, não deixe de investir no networking, desenvolver soft skills e manter uma atitude de aprendizado contínuo não só pelas perspectivas técnicas, mas também as culturais.

Vantagens imediatas
Para além da maior qualificação do profissional quando ele retornar ao Brasil, o trabalho no exterior oferece vantagens imediatas.

Para ficar no exemplo dos profissionais de saúde, o salário inicial no sistema público de saúde do Reino Unido, o National Health Service (NHS), está em torno de R$ 25.000 (£3.333) para médicos e R$ 17.500 (£2,333) para enfermeiros – neste último caso, mais que o triplo do piso brasileiro de R$ 4.750 recém-aprovado pelo Congresso Nacional e que ainda carece de sanção presidencial.

Para se ter uma ideia, há hoje na Inglaterra cerca de 130.000 vagas para enfermeiros e técnicos de enfermagem (e mais 50.000 devem ser criadas pelo atual governo britânico), 30.000 vagas para médicos e cerca de 105.000 para cuidadores e enfermeiros em asilos.

A maioria dos países europeus têm taxa de desemprego menor que a do Brasil, o que aumenta as chances dos candidatos a uma vaga. No Reino Unido, por exemplo, está em 3,7%, enquanto a média na zona do Euro gira em torno de 6,8%.

Outra vantagem é que o Brasil mantém acordos internacionais de previdência com uma lista de países para que o tempo trabalhado no exterior possa ser somado ao daqui para efeito de cálculo da aposentadoria.

Entre eles estão o Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai), CLCP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e outros como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Itália.

Não importa qual o atual estágio da sua carreira. Com planejamento sempre é tempo de turbinar o currículo e vivenciar o desafio de uma carreira internacional.

Como o emprego no exterior pode fazer parte do seu plano de carreiraPor Thomas Jay, CEO da Health Recruitment UK. É mestre em administração de empresas (MBA) e com especializações em Gestão de Projetos, Marketing, Serviços Financeiros, Governança e Ética e Fellow do Chartered Management Institute. Como Consultor de Negócios e Recrutamento, já entregou projetos estratégicos e recrutou equipes de operações para mais de 30 clientes em 12 países. Também exerce a função de County Councillor na Inglaterra (o equivalente ao Deputado Estadual do Brasil).

Para uma visão inversa deste tema, ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 86, “As histórias de quem cruzou fronteiras para trabalhar ou empreender no Brasil” com com Rui Brandão, CEO ZenKlub e Veronica Figueredo, da CashMe, fintech do grupo Cyrela. Clique no app abaixo:

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