A saúde mental, mais que nunca, é um tema que necessita de muita atenção, afinal todos nós, sem distinção, vivemos um grande trauma coletivo com o episódio da pandemia da Covid-19.
Depressão, stress, pânico e um estado de ansiedade tremendo são sintomas hoje bastante presentes nas pessoas, sejam elas adolescentes, jovens , adultos e idosos.
Somados a isso, estão todos os impactos socioeconômicos provocados por esse cenário e que desestabilizaram a vida de muitas pessoas.
E, ao contrário do que muitos pensam, esse não é um daqueles tipos de problemas que ficam em casa quando o colaborador vem para o trabalho.
Cada vez mais as organizações estão tendo que se preocupar com essas questões e entender que o que no passado parecia presente em algumas pessoas, hoje faz parte do cotidiano em maior ou menor grau. E na área de tecnologia não é diferente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente o Plano de Ação Integral de Saúde Mental 2013–2030, assinado por todos os 194 Estados-membros.
A ideia é chamar a atenção para a necessidade urgente de transformar a saúde mental e a atenção. Entre outros aspectos abordados pelo plano está a necessidade de reorganizar os entornos que influenciam a saúde mental, incluindo os locais de trabalho.
Em especial, porque crescem os números de casos de pessoas que adoecem por conta do trabalho. Inclusive, desde janeiro deste ano, a Síndrome do Burnout está oficialmente classificada pela própria OMS através do CID 11 como uma doença causada pelo estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso.
Trazendo para a realidade que eu mais conheço, apesar de ser um problema que atinge profissionais de todas as áreas, o ritmo acelerado e o nível elevado de exigência contribuem para as altas taxas de esgotamento no mercado tech.
Nota-se ainda que a menor interação social, natural dos profissionais da área da tecnologia, é um outro agravante importante quando o assunto é burnout, justamente porque são os mais propensos a não interagir com outras pessoas.
A Pesquisa Burnout para Desenvolvedores de Software, conduzida em 2020, revelou sintomas comuns entre os profissionais da área:
- 80% dos entrevistados identificaram falta de energia necessária para fazer seu trabalho ou outros projetos de codificação;
- 43% sentem uma compulsão por excesso de trabalho devido à sensação de que estão ficando para trás e
- 58% disseram que o esgotamento não é inevitável na indústria de tecnologia.
Porém, muitas vezes estes sintomas não estão percebidos ou em um nível de autoconsciência. E, aprender a Identificar a ansiedade é sempre o primeiro passo, entendendo quais os gatilhos que disparam os sentimentos de ansiedade e como isso acontece.
Em seguida, é preciso também descobrir caminhos para gerenciar essa inquietação interna.
Mas, ao mesmo tempo, em que os colaboradores devem conhecer as causas e os sintomas para identificar quando precisam de ajuda, os empregadores precisam criar um ambiente que evite o esgotamento, além de oferecer apoio quando necessário.
Os avanços nas tecnologias de inteligência artificial tendem a melhorar o futuro das sessões de terapia e diagnósticos de saúde mental, e isso pode ser aproveitado positivamente pelas empresas.
De acordo com a pesquisa Trust Source, publicada em dezembro de 2021, os sensores de movimento de inteligência artificial podem ser usados para detectar sintomas de ansiedade, tais como: roer unhas, estalar os dedos e batendo as mãos.
Além disso, o mesmo estudo sugere que essa inteligência pode ajudar a treinar terapeutas avaliando suas habilidades, incluindo se eles estão ou não criando um ambiente ideal para seus clientes.
Ou seja, todos podem sair ganhando.
A tecnologia também viabilizou os atendimentos à distância. Desde 2020, os profissionais estão preparados para isso, sentem-se confiantes para usar a tecnologia com eficácia e ética, bem como os pacientes sentem-se confortáveis em usar essa ferramenta.
Na Shift, por exemplo, os colaboradores contam e fazem uso de um recurso importante para ajudá-los a cuidar de sua saúde mental com o apoio da tecnologia.
Eles contam com uma plataforma, ou melhor, um hospital digital, que facilita, entre outras coisas, o acesso ao cuidado integral de psicologia. Além disso, custeamos sessões de terapia floral e promovemos atividades de descompressão, como yoga, pilates, meditação guiada, entre outras.
Mas, também é cada vez mais nosso papel como organização e dos líderes oferecer treinamentos relacionados à saúde mental e oportunidades de desenvolvimento para as equipes de trabalho, sempre pensando em impactar o clima organizacional.
Afinal, essa é uma das premissas do público de tecnologia. Essa geração leva em consideração outras prioridades e não somente remuneração e benefício.
Voltando ao nosso exemplo, durante toda a pandemia, por exemplo, abordamos em pílulas de conhecimento e eventos internos do Setembro Amarelo a importância do colaborador aprender como lidar com essas emoções negativas.
O incentivo à saúde mental e trazer tópicos importantes colaboram para a construção de resiliência em face de desafios inesperados e estratégias para criar segurança psicológica entre as equipes.
Até por isso vem sendo fortemente recomendado que, através das lideranças e programas internos, os colaboradores tenham espaço para falar abertamente sobre esses sentimentos.
Mesmo porque, em alguns casos, é a própria liderança que pode querer se manifestar.
No entanto, é importante ir além de modismos e atentar-se ao fato que o objetivo principal deve ser sempre melhorar a qualidade de vida, os hábitos, diminuir o nível de stress e, claro, agir de maneira preditiva, antecipando possíveis problemas.
Esse é o começo de um longo caminho.
Por Cristina Bertolino, diretora de governança e DHO da Shift, empresa especializada em Tecnologia da Informação (TI) para medicina diagnóstica e preventiva.
Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 90, “Burnout como doença do trabalho: o que muda?” com Marcela Ziliotto, Head de People na Pipo Saúde e José Ricardo Amaro, Diretor de RH da Ticket. Clique no app abaixo:
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