Daqui a sete anos cerca 1/3 da população brasileira terá 50 anos ou mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), até o ano de 2050, o número de pessoas acima de 60 anos no mundo chegará a 2 bilhões.

O envelhecimento das pessoas nas organizações deve ser mapeado e as empresas precisam estar atentas sobre práticas de diversidade etária como estratégia de inovação. Quem ainda não se debruçou sobre esse tema pode estar comprometendo o futuro do seu negócio.

No mundo globalizado e competitivo, o que vai fazer diferença para as empresas é ser inovador. Estudos indicam que há uma relação direta entre os programas de diversidade e os programas de inovação.

A inovação demanda modelos diversos para fomentar a criatividade. Mas, como as empresas estão trabalhando o envelhecimento natural de suas equipes pensando na inovação?

O estudo “Envelhecimento nas Organizações: práticas de diversidade etária como estratégia de inovação” publicado em dissertação de mestrado pela FGV aponta que empresas que investem na diversidade de suas equipes tendem a ter performances financeiras superiores àquelas que nada investem neste tema. O conceito de inovação vem da criatividade e o ambiente diverso e muito mais favorável.


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A diversidade nas equipes é a fonte que abastece a inovação. Mas, o mercado ainda resiste em atuar com equipes multigeracionais, motivado por vieses inconscientes que, de forma totalmente capacitista, afasta injustamente dos profissionais seniores as habilidades com tecnologia, por exemplo, por puro preconceito.

Em 2016, o governo japonês lançou o 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia, um documento com políticas de inovação a serem estimuladas pelo país. Neste plano, surgiu o conceito de sociedade 5.0.

Ela descreve uma sociedade com computadores e hiper conexão, que resultem em um modo de vida mais inteligente, eficiente e sustentável.

O novo modelo é apoiado em vários pilares, sendo os principais: qualidade de vida, sustentabilidade e inclusão. Vários países já estão criando projetos e trabalhando nessa transição de forma que a tecnologia, cada vez mais impacte positivamente a sociedade.

As tecnologias estão chegando como novidade para todos. Sendo assim, qual a diferença de ensinar um profissional jovem e um sênior?

A resposta é simples: apenas o jeito de ensinar.

A empresa que se declara competitiva precisa diferenciar boas práticas autodeclaráveis de cultura de inclusão afirmativa e intencional. No geral, as ações de inclusão nas empresas priorizam marcadores sociais como LGBTQIA+, equidade e raça. A inclusão dos profissionais sêniores está lá no fim da fila, talvez…

O mundo corporativo vai precisar se acostumar com quadros funcionais 45+ e com a longevidade de forma muito mais colaborativa do que assistencial. A falta de mão de obra qualificada vai acometer cada vez mais as empresas em diversas áreas.

Os profissionais 45+ serão estratégicos para manter o conhecimento na empresa e sobre ela e, principalmente, para contribuir com a inovação, que só acontece por meio de pessoas. Além disso, esse profissional se mostra muito fiel à empresa, menos adepto às mudanças de emprego e carrega consigo a expertise importante sobre o negócio.

É preciso desenvolver práticas focadas nesse público e entender se a empresa está preparada para esse consumidor com seus produtos e serviços. Também deve refletir essa preocupação nas ações para seu público interno.

  • Mapear ações para os 45+ de dentro para fora da empresa;
  • definir e avaliar as oportunidades internas que a empresa oferece a os seus profissionais 45+ e como insere eles nos temas de inovação;
  • estimular a área comercial para atender a esse público;
  • traçar um plano de ação para administrar as equipes intergeracionais de forma produtiva são iniciativas fundamentais para inserir esses profissionais.

Também é imprescindível desenvolver ações alinhadas com os objetivos das 17 ODS do Pacto Global que já apontam a inclusão de profissionais sêniores como importante meta do mundo do trabalho.

Às empresas cabe a tarefa de capacitar e contribuir para o “reskill desses profissionais, detentores de um conhecimento tácito importante para os negócios, ao invés de se ocuparem com preparações para torná-los empreendedores, mesmo que não queiram. O empreendedorismo não é e nem deve ser a única opção para um profissional sênior.

Ainda que a empresa não tenha espaço para eles, seu RH pode desenvolver programas de capacitação e recolocação dessa mão de obra em seus fornecedores e parceiros de negócio, onde podem empregar muito bem seus conhecimentos.

É preciso olhar para a longevidade como estratégica para as empresas que de fato querem assumir gestões genuinamente humanizadas, levando para a alta administração as grandes questões da humanidade.

Cuidar do futuro dos profissionais 45+ é uma dessas grandes questões e deve ser tratada como mudança cultural e ao invés de resumi-la a ações pontuais e sem impacto nas estratégias da companhia.

Ações que não passam de um “Silver Washing”, empenhadas muito mais em disfarçar os “cabelos brancos” da empresa do que considerá-los como parte importante de uma história rica em conhecimento, colaboração e, que na maioria das vezes, não precisa ser interrompida somente por conta somente da idade!

Inovação: vieses inconscientes fragilizam atuação de profissionais 45+

Por Cristina Sabbag, CDO (Chief Diversity Officer) e sócia e principal Research da Talento Sênior – empresa do grupo Talento Incluir – que tem como objetivo colaborar com a inclusão de profissionais 45+ no mercado de trabalho. Como mestre em Gestão para Competitividade pela Fundação Getúlio Vargas, defendeu o tema: “Envelhecimento nas organizações: práticas de diversidade etária como estratégia e inovação”. Atua também como consultora e palestrante, elaborando trabalhos de curadoria sobre temas como a importância da diversidade para inovação, viés inconsciente, ageísmo e suas intersecções, gestão multigeracional e cultura inclusiva. Formada em Administração, Cris tem MBA pela Fundação Dom Cabral, e pós-MBA no programa internacional FDC/Kellogg School of Management, além de ‘Curadoria de conhecimento’ e ‘Black Belt em Six Sigma’.

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