Visando cuidar da saúde dos funcionários, mesmo após os picos da pandemia terem passado, grande parte das empresas optaram por oficializar o regime híbrido. Para manter o ritmo de trabalho, essas organizações passaram a digitalizar alguns processos, como avaliações de desempenho, assinaturas de documentos, cálculos de folha de pagamento e gestão de pessoas.

Esse avanço tecnológico trouxe diversos benefícios às empresas, porém, segundo uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria empresarial McKinsey com 70 CHROs (Diretores de RH) de alguma das maiores empresas da Europa, a grande maioria dos gestores veem a necessidade de as empresas voltarem o foco ao humano, reunindo líderes e funcionários para um diálogo real. 

Um lado bom dessa digitalização, para os gestores entrevistados, é que a crise também transformou em realidade a ideia de criar modelos de RH mais ágeis. Os CHROs afirmam que querem manter esse ímpeto. Outros dados da pesquisa, que trouxeram como principal direcionamento a volta do foco para o humano, apontam para as principais áreas em que os CHROs desejam se concentrar: 

  1. 98% dos entrevistados: Permissão para que os funcionários levem sua pessoa inteira ao trabalho;
  2. 90% dos entrevistados: Envolvimento mais direto e profundo com os funcionários;
  3. 85% dos entrevistados: Pavimentação do caminho para o “novo possível”;
  4. 91% dos entrevistados: Atuação como “Capitalistas Humanos”.

Pesquisa McKinsey

Luís Felipe Carvalho, CEO da AEVO, empresa de gestão da inovação, com foco em pessoas, aponta que a tecnologia pode e deve auxiliar gestores de RH, principalmente se ela promover a integração entre as áreas e facilitar a gestão de cultura em empresas que atuem no que é o novo formato preferido das empresas: o híbrido. Mas, reforça, não deve substituir a preocupação com o humano. “Pelo contrário, as tecnologias devem integrar e aumentar a produtividade dos times de RH para que eles possam focar nas pessoas, não as substituir”.

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“Por causa da urgência à adesão da digitalização, os profissionais de recursos humanos não tiveram tempo hábil para estudar a melhor forma de conciliar o trabalho digital com a gestão de pessoas e tarefas. Não é de hoje que as empresas perceberam que se cada funcionário se sentir melhor com relação a seu trabalho, gerará um ganho de desempenho para os clientes e empregadores em termos gerais”, reforça Carvalho. 

Na principal área em que os diretores de RH desejam se concentrar, a permissão de que as pessoas “levem sua pessoa inteira ao trabalho”, o desafio percebido pelos gestores é migrar da gestão mecanicista de habilidades e talentos para uma abordagem mais direcionada e dinâmica da experiência do funcionário. Essa nova atuação, que deve ser o foco de 98% dos líderes entrevistados, visa ter uma visão mais ampla da diversidade, equidade, inclusão e sentido de propósito dos colaboradores. 

Neste sentido, Luís Felipe acredita que a tecnologia é uma ferramenta para ajudar a entender as necessidades, personalizar a experiência, monitorar e medir os impactos das adaptações nas tratativas com os talentos. A pesquisa da McKinsey ilustra o uso da tecnologia como facilitadora de trocas humanas com o case da Cisco. A empresa lançou um “breakathon” de 24 horas, com mais de 800 funcionários, que usaram princípios de design thinking para identificar os momentos mais importantes das interações entre o RH e os funcionários, que levou a uma reformulação total da integração de novos colaboradores. 

“Quando pensamos em empresas, e nas novas tecnologias que surgem, a criatividade, ousadia e o ‘pensar fora da caixa’ ainda são capacidades intrinsecamente humanas. As pessoas são capazes de ter ideias incríveis, de pensar na sua própria experiência e contribuir para o próximo passo da sua organização”, pontua o executivo. 

A pesquisa enfatiza que, segundo os CHROs Europeus entrevistados, os principais processos e os mais delicados, como a integração de novos funcionários, brainstorming coaching e desligamento, devem ser realizados presencialmente ou, pelo menos, com atenção individual suficiente para que as interações, mesmo remotas, pareçam pessoais.

Por Redação