A palavra resiliência ganhou força no “dicionário corporativo” nos últimos anos, e muitas vezes é considerada pré-requisito para contratação durante seleções. Mas, afinal, o que significa ser um profissional resiliente? O conceito nada mais é que a “capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar a um revés ou a mudanças”, e muitas empresas esperam isso de seus colaboradores, o que pode acabar causando cobrança excessiva e sobrecarga. 

Para Tonia Casarin, mestre em Liderança com foco no desenvolvimento de Competências Socioemocionais e autora best-seller que lançou recentemente o livro “Liderança Exponencial”, a resiliência é um mito e pode causar impacto negativo para o time e as relações de trabalho em geral. “Esse termo não deve ser aplicado dessa maneira, pois o estresse causado por mudanças desnecessárias não trás resiliência e não ajuda no aprendizado, somente prejudica o clima organizacional”, avalia. 

Segundo pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, 87,5% dos líderes brasileiros disseram ter sofrido alguma mudança na saúde mental durante a pandemia, que se provou um momento de situação extrema para diversas pessoas, onde o mercado de trabalho estava se adaptado, mostrando que a resiliência tem, sim, seu lado prejudicial. 

Veja mais: As Muralhas da Resiliência

Uso de resiliência como “educação” 

Apesar das evidências de que a resiliência é prejudicial à relação entre o time, muitas lideranças recorrem a esse conceito como maneira de “educar” os seus funcionários a se submeterem a situações estressantes como meio de “aprendizado”. Em alguns casos, essas circunstâncias podem levar a desgastes mentais e causar problemas como a Síndrome de Burnout. 

“Uma equipe não deve aceitar tais pressões por receio de perder o emprego ou ser considerado um ponto fraco pelo resto da equipe. O colaborador nunca deve deixar de lado seu ponto de vista crítico, e pode (e deve) questionar internamente processos e condutas das quais discorde”, ensina Tonia.

RH TopTalks 2023

A vulnerabilidade é vista como uma fraqueza, e de acordo com a Tonia Casarin, o receio de parecer vulnerável perante os demais pode prejudicar o desempenho profissional, se a pessoa não souber lidar com essa cobrança. Portanto, encará-la mostra ser o melhor caminho, pois permite aprender a lidar com suas próprias fraquezas e fortalezas.

“Não ter medo de se mostrar vulnerável significa ter coragem, e trabalhar essa coragem é o melhor caminho para confiar mais em si mesmo e deixar de lado a atitude defensiva”, defende a autora.

Veja mais: Além do Janeiro Branco: como as empresas devem olhar para a saúde mental

Como derrubar esse mito? 

Para que o “mito” da resiliência perca relevância no mercado de trabalho, a liderança deve agir com transparência e ter confiança nas pessoas de seu time, criando um ambiente seguro para que cada um possa expressar suas personalidades e características, mas atue em prol do mesmo objetivo em comum. 

“Uma equipe coesa precisa construir uma relação respeitosa e de apoio mútuo entre seus pares, líderes, e na organização como um todo. Dessa forma, todos trabalharão mais satisfeitos e desejarão continuar a integrar a equipe em longo prazo, vislumbrando para si um futuro dentro da empresa”, finaliza Tonia Casarin.

Capa: Via Depositphotos

Por Redação