Mais do que salários, condições de trabalho ou perspectivas, investir em relacionamentos de confiança é a estratégia organizacional mais inteligente de um profissional de RH.

Recebi a ligação de um gestor de RH do alto escalão de uma empresa. Antes mesmo de partirmos para o assunto que o fez entrar em contato, sua voz denunciava que algo não estava bem. Mais à vontade, ele desabafou: “já não sei o que fazer com o pessoal da empresa! As mudanças e incertezas nesse tempo de pandemia têm sido tão rápidas que mal consigo pensar em uma situação e logo surge outra e mais outra questão para eu resolver. A empresa tem atrasado o salário, já não tenho perspectivas! Como motivar quando nem eu tenho automotivação?

Este tipo de enfrentamento tem sido frequente e, no mundo organizacional, de qual mente pensante se espera respostas para manter os ânimos do capital humano? Mudanças em diversas esferas já eram previstas, mas uma avalanche de adaptações urgentes no mundo dos negócios caiu abruptamente no colo dos profissionais de RH.

Como humanizar a gestão de pessoas à sombra de uma pandemia, justamente quando planejamentos perderam sentido e um número expressivo de empresas têm lutado mês a mês para sustentar a motivação e o salário de seus colaboradores?

Meu interlocutor queria uma fórmula mágica para trabalhar motivação, sem dinheiro para as necessidades básicas da empresa. Bastou o rápido briefing e o fiz enxergar um outro lado da situação. Ele estava no processo e logo percebeu que não existe magia e, sim, trabalho árduo com resultados!

Levantamento feito pela Você RH mostrou que 72% dos gestores assumem que a pandemia foi a razão efetiva para adotarem transformações na organização – meio como que pegar no tranco, testar o que tinha receio, colocar de lado os medos e experienciar. Profissionais de RH entendem que motivar para a ação (motivação) não é oba-oba. Qualquer ambiente motivado tem antes indivíduos automotivados que, bem direcionados, podem ser inspirados para a confiança – chave para o desenvolvimento pessoal e empresarial.

Tempos de crise não são para baixar a guarda e, sim, valorizar e exercitar competências, como uma equação: C = 7Cs (Confiança = a soma de competência profissional, consciência, cumprimento, clareza, coerência, consistência e coragem).

Reconhecida como um fenômeno emocional que predispõe as pessoas a integrarem e se abrirem para trocas, a confiança fomenta a cooperação, a transferência e encoraja os integrantes para se fortalecerem num só objetivo. Os medos do gestor de RH dispersaram quando ele se deu conta que sua prioridade era posicionar-se como protagonista no combate às incertezas, exercitar a autoconfiança e inspirar a confiança nos membros da sua equipe.

Quando um gestor é transparente, mesmo nas suas vulnerabilidades, e transmite confiança, os esforços dos colaboradores se concentram na solução e, juntos, podem criar o futuro.

Por Leila Navarro, palestrante Internacional com foco em comportamento e motivação, empresária, startuper, mentora e conferencista. Autora de 16 livros. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.