Quem aí não ama ou odeia os famosos jargões? Seguramente, em algum círculo social – seja ele composto por familiares, amigos ou colegas de trabalho –, você tem um tipo de linguagem específico para aquele grupo. Eu, por exemplo, nunca vi ninguém no supermercado dizendo que está com a calculadora na mão para controlar o “budget”. Mas quantas vezes já não ouvimos essa palavra no trabalho, não é mesmo?

Pois bem, segundo uma pesquisa global realizada pelo Duolingo em parceria com o LinkedIn, por mais que alguns jargões estejam até naturalizados no nosso dia a dia, os mesmos, para outras pessoas, podem ser bastante confusos ou até mesmo incômodos.

Antes de nomeá-los, vale destacar alguns dados do estudo, como a bipolaridade dos millennials brasileiros. Apesar da nossa Geração Y ser a que mais utiliza os jargões no ambiente de trabalho (34%), ela é, também, a que mais deseja colocar um fim neles (50%). Veja só!

Enquanto isso, a geração menos adepta da “linguagem característica de um grupo profissional ou sociocultural” – colei do dicionário – é a dos baby boomers. Somente 14% fazem uso.

Por mais que a popularização dos jargões em inglês, para uso mais técnico, seja crescente, ela não acolhe todos os profissionais. O levantamento revela que 28% dos brasileiros já tiveram algum mal-entendido ou cometeram um erro no trabalho por não entender um jargão.

Por outro lado, buscar entendê-los – apesar do incômodo que pode ser causado por eles fugirem da língua nativa – pode ser mais válido do que tentar extingui-los. A pesquisa revela que conhecê-los pode resultar em aumento de salário e até mesmo em promoções, o que é uma consequência natural da globalização de idiomas como o inglês. Diversos estudos reforçam a importância de aprender a segunda língua.

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Sucesso e discórdia

Na lista dos jargões em inglês mais utilizados no Brasil estão: Feedback (47.7%); Networking (22.4%); Call (18.6%); Job (17.6%); e Insight (14.0%). Todavia, alguns deles podem ser considerados bem confusos. Os principais que contam com tal status são: Feedback (13.0%); Networking (9.8%); ASAP (9.7%) – As soon as possible; Briefing (8.9%); e Brainstorm (8.6%).

“O uso de jargões no dia a dia de profissionais brasileiros pode ser explicado por diversos motivos, incluindo a forte presença internacional em empresas ou até mesmo a falta de tradução para expressões corriqueiras. É preciso encontrar um equilíbrio na linguagem e buscar uma forma de comunicação clara, acessível e inclusiva, sem deixar de lado o conhecimento técnico. E, claro, as empresas têm o papel de criar um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para tirarem dúvidas. Os termos podem não ser óbvios, e novos jargões aparecem no dia a dia, então o aprendizado e o ensinamento contínuo são essenciais”, diz Karuna Daswani Lopes, Head de Comunicação do LinkedIn para América Latina e Ibéria.

A pesquisa do Duolingo com a rede social corporativa identificou que o Brasil é o quarto país que mais usa jargões no ambiente de trabalho (66%). A liderança da estatística pertence à Índia (78%). Embora 29% dos brasileiros tenham dito que mal sabem que estão usando jargões no trabalho, 20% dos brasileiros dizem que o processo de descobrir os jargões usados em seu ambiente de trabalho fez com que se sentissem excluídos das conversas. 16% alegaram, ainda, que o processo foi estressante.

Inteligencia artificial

Em escala global, 49% dos profissionais dizem que, pelo menos uma vez por semana, os jargões usados em uma reunião de trabalho os faz sentir que os seus colegas estão falando uma língua que eles não entendem.

“A boa comunicação é poderosíssima para as empresas. Ela é o mecanismo para engajar, para fortalecer conexões, para unir times e setores, para que não haja ruídos nas mensagens e para que as pessoas se sintam pertencentes. Os líderes, principalmente, precisam adaptar a sua linguagem para que todos sejam envolvidos. Jargões são importantes, especialmente por seu caráter global em um mercado cada vez mais multicultural, mas o cuidado com a comunicação deve ser prioridade”, finaliza a especialista em Recrutamento & Seleção, Ana Paula Ferreira.

Capa: Via Depositphotos

Por Bruno Piai