O profissional brasileiro quer capacitação. É o que diz a pesquisa Workmonitor, realizada pela Randstad, com mais de 30 mil pessoas ao redor do mundo. Segundo o estudo, 92% dos trabalhadores do país alegam que oportunidades de desenvolvimento são critérios relevantes na decisão de escolher, permanecer ou mudar de emprego.

Em meio a isso, é fundamental que as organizações olhem com maior atenção para o treinamento de seus profissionais. A justificativa passa não apenas por atração, retenção e engajamento de talentos, mas também pela consequente perda de competitividade e produtividade quando líderes e liderados não desenvolvem skills técnicas e comportamentais tão importantes para o contexto atual de mercado.

Para Flávio Legieri, CEO e Cofundador da Intelligenza IT, consultoria de tecnologia SAP para RH, “temos um mercado cada vez mais acelerado e em constante evolução, além de amplamente competitivo para alguns segmentos. Por este motivo, apostar em diferenciais, como os programas de capacitação internos, ampliam as possibilidades de crescimento das empresas, que passam a focar em seus talentos”, afirma.

COO da Alura, Adriano Almeida vê no desenvolvimento de pessoas um mecanismo para lidar, entre outros problemas enfrentados pelas organizações, com o movimento dos layoffs – que já fez com que 35 mil pessoas fossem desligadas nas ondas recentes de demissão em massa no Brasil, segundo a Layoffs.fyi.

RH TopTalks 2023

O líder da unidade de negócios Alura Para Empresas enfatiza que a partir do momento que as organizações olham para dentro, por meio da valorização da mobilidade interna, da reeducação dos quadros de colaboradores, da capacitação e promoção de colaboradores, cria-se uma cultura capaz de entregar valor agregado e de impulsionar o desenvolvimento de soluções. Preparar pessoas evita contratações desnecessárias, índices elevados de turnover e promove um olhar mais assertivo em relação a desligamentos.

“Apostar na aprendizagem dentro do ambiente institucional abre espaço para a otimização de diversas atividades e funções, fazendo com que o desenvolvimento de habilidades digitais se torne o diferencial a ser alcançado pelas empresas em 2023. Times engajados entregam resultados extraordinários. E cenários adversos precisam desses resultados”, destaca Almeida.

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Tendências de capacitação

Dada a relevância do tema para o desenvolvimento profissional das pessoas e, consequentemente, para a prosperidade do negócio, em qual direção as empresas devem focar seus projetos de capacitação? Valdirene Soares Secato, Diretora de Recursos Humanos, Ouvidoria e Sustentabilidade do Grupo Bradesco Seguros, aponta abaixo algumas das tendências para o mercado em 2023:

  1. Trilhas de aprendizagem: Nos últimos anos, as trilhas se mostraram importantes aliadas do desenvolvimento profissional, e a tendência é que elas ganhem ainda mais força. Isso porque o modelo apresenta uma variedade de formatos e tamanhos, podendo envolver textos, palestras, entrevistas, podcasts entre outros. Os benefícios das trilhas favorecem tanto metodologias síncronas quanto assíncronas.
  1. Nanolearning: De acordo com pesquisa da Microsoft Corp, o tempo médio de concentração das pessoas, hoje, é de apenas oito segundos, quatro a menos do que a média nos anos 2000. Por isso, formatos curtos estão florescendo no mercado. Mas não se engane: não é apenas produzir por produzir. O material deve ser coeso com o todo.
  1. Gamificação: Novamente, aqui entramos na disputa pela atenção. Não podemos nos negar a ver as aceleradas mudanças que aconteceram nas últimas décadas e continuar produzindo educação corporativa como se fazia nos anos 80. A gamificação, como o próprio nome diz, consiste em transformar conteúdos educativos em jogos. Com isso, o material fica mais dinâmico, interativo e cresce a fixação do aprendizado.
  1. Flexibilidade: Assim como conteúdos ao vivo e gravados se equilibram para oferecer ao profissional flexibilidade, o mesmo vale para treinamentos presenciais e a distância. Com o advento do home office, principalmente, é justificável que haja um olhar atencioso para a capacitação remota, com conteúdos que o funcionário possa acessar onde e como quiser.

Por sua vez, Legieri reforça que organizações que cultivam a cultura de aprendizagem têm uma série de benefícios, tais como:

Maior engajamento entre os colaboradores, uma vez que a iniciativa proporciona um senso de propósito entre os times, que visa um bem comum; 

Redução de custos para a organização ao qualificar seus profissionais. Dessa forma, a empresa consegue se voltar para o desenvolvimento de talentos internos ao invés da busca externa; 

Desenvolvimento de novos talentos. O benefício é capaz de promover uma maior especialização de funcionários em diversas áreas, o que possibilita o desenvolvimento orgânico de novos talentos; 

Fortalecimento e valorização da cultura interna da empresa, ao trabalhar com projetos voltados para a valorização do time interno é possível notar um maior espírito de pertencimento entre os colaboradores; 

Redução de turnover e retenção de talentos. Da mesma forma que os projetos conseguem desenvolver talentos internos, também é possível promover maiores índices de retenção e por consequência, a diminuição do turnover acentuado.

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