A maioria da população brasileira se sente esgotada em relação ao trabalho. De acordo com um levantamento realizado pela 121 Labs, via Hazo.App, 85% dos entrevistados estão passando por alguma fase de Burnout. O número é 34% maior em relação aos Estados Unidos, onde 52% se dizem afetados pelo distúrbio. O estudo, realizado entre os dias 17 e 18 de setembro de 2022, contou com a resposta de  2.100 entrevistados, e possui margem de erro de 2,2%, com 95% de índice de confiabilidade.

A síndrome é definida como um esgotamento físico, mental e emocional que se dá nas relações de trabalho e é causado pela organização do trabalho. De acordo com o Mestre em qualidade de vida, saúde e atividade coletiva, Ricardo Massola, alguns sinais como apatia, desânimo, falta de interesse, irritabilidade, tristeza excessiva, alterações do sono e do apetite, bem como uma perda no sentido da realização profissional podem ser alguns dos sintomas da enfermidade.

Segundo o médico psiquiatra Alexandre Valverde, especialista em comportamento e doenças psíquicas, desde o início da pandemia ocorreu um aumento na demanda de atendimentos ligados ao Burnout entre seus pacientes, espalhados por todo Brasil. “Houve muito abuso nas relações de trabalho, com uma questão inicial de organização e muitas demandas das empresas para as pessoas, que sobrepuseram os períodos de descanso. As coisas estão mudando, mas vemos cada vez mais o turnover, pois as pessoas não veem mais sentido em trabalhar para se esgotar e gastar o próprio dinheiro com tratamentos”, afirma Valverde.

Ingressos Top of Mind

Massola explica que a identificação do Burnout não é uma tarefa fácil, pois exige uma reflexão sobre o papel da empresa e do trabalho como causadores do problema. O especialista também diz que cabe aos líderes identificar as mudanças comportamentais, físicas, cognitivas e emocionais de seus colaboradores.

“Os primeiros sinais perceptíveis estarão nas faltas constantes por motivos de saúde, nas alterações emocionais, na dificuldade das pessoas em entregar as tarefas dentro dos prazos prometidos, na percepção de desânimo e apatia, na falta de atenção, concentração e memória e no distanciamento das relações de trabalho”, diz ele.

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Ambiente saudável

De acordo com Renato Mayer, CEO da 121 Labs e coordenador da pesquisa, os dados demonstram como as empresas têm exigido cada vez mais e oferecido cada vez menos para os seus colaboradores. “Entre os entrevistados, 77% assumem que dependem de um grande esforço para realizar as atividades diárias no trabalho e, 40,52% diz acreditar que o salário não corresponde às funções executadas”, comenta.

A pesquisa realizada pelo Hazo.App também revela que 92% dos brasileiros acreditam na importância de ações de bem-estar e promoção à saúde dentro das empresas. Porém, somente 50% delas têm realizado essas ações de forma rotineira. Para Ricardo Massola, a chamada Liderança Transformacional pode ser outro fator importante para a construção de ambientes de trabalho saudáveis.

“Algumas pesquisas mostram que líderes transformacionais tendem a ter colaboradores mais saudáveis e com maior bem-estar quando comparado a outros tipos de liderança. Esse estilo de liderança incentiva a motivação intrínseca e preza por valores éticos entre a equipe, por isso faz com que o colaborador tenha um maior senso de pertencimento e promove um significado ao trabalho realizado” pontua o especialista.

Neste cenário, o papel das empresas passa a ser o de apresentar políticas de boa comunicação, objetivos claros, proporcionar autonomia e dar significado social ao trabalho de cada um. Também é recomendada a organização participativa, em que os próprios colaboradores possam opinar e decidir quais ações são mais importantes.

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Controle de estresse

Do ponto de vista individual, é importante que haja um investimento no autoconhecimento, uma vez que as pessoas tendem a negar o estado de Burnout. De acordo com a psicóloga Camila Puertas, dormir entre seis e sete horas diariamente e fazer um controle de suas atividades por meio de uma agenda ou programação pode resultar em melhoras significativas no humor e bem-estar.

Diante dos sinais de estresse, Camila recomenda reduzir a ingestão de cafeína e diminuir o tempo gasto com redes sociais. “Também é importante introduzir atividades físicas na rotina, seja ela uma caminhada de 15 minutos até o ponto de ônibus, ou 2 horas de treino intenso na academia da sua cidade. A alimentação também deve ser observada, é preciso se alimentar o mínimo possível de processados e industrializados  e comer frutas, legumes e verduras”, diz a psicóloga.

Apesar do aumento no estresse o sintomas de Burnout, 55% dos entrevistados pelo Hazo.App acreditam que a sua saúde melhorou em comparação ao período anterior à pandemia de Covid-19 (2019), já outros 25% sentem que a saúde piorou e os demais (20%) dizem que a situação se manteve igual. No geral, 60% avaliam positivamente o seu estado de saúde.

Por Redação