Esta pergunta pode levar ao entendimento equivocado de que ela questiona o nome da empresa para qual você trabalha, mas este não é o seu objetivo. O que ela quer verificar é o que realmente importa, que é se você trabalha para aquela parte sua que podemos chamar de essência, que está comprometida com o seu desenvolvimento e evolução nessa vida.

Como o ser humano tem uma psiquê fragmentada, ou seja, tem várias vozes ou partes que o habitam e direcionam os seus pensamentos, sentimentos, palavras e ações, e muitas vezes elas se alternam no comando, pois em determinada situação ou momento nos identificamos com uma parte e em outros momentos nos identificamos com outra, muitas vezes fica difícil saber quem em nós está no comando e determina o nosso trabalho.

Por exemplo, quando estamos identificados com o medo, com a falta, o nosso trabalho visa principalmente a nossa sobrevivência, pois escolhemos e decidimos a partir do medo da escassez. Se pesquisarmos a fundo poderemos dizer que trabalhamos para o medo em nós.

Esta pode não ser uma conclusão muito agradável, mas entender isso é o primeiro passo para se desidentificar desta realidade e sermos capazes de escolher diferente. Se temos consciência que é por meio dos nossos dons que está o caminho para nos manifestarmos totalmente no dia a dia e aprendermos a partir da experiência o nosso real valor, o trabalho pode vir a ser servo desse caminho de crescimento.

O mês de maio, que traz a importância do tema trabalho, é um excelente momento para você se questionar: para quem eu trabalho, de verdade? Isso é o mesmo que se perguntar qual o propósito do seu trabalho, do que você faz, do convívio com aquelas pessoas que você se relaciona, da missão que você serve, seja enquanto empregado em uma empresa, profissional autônomo ou empreendedor.

O tempo investido no trabalho costuma ser maior do que o investido em todas as outras áreas da nossa vida. Com esta proporção e importância, como é possível que ainda tratemos o trabalho apenas como algo necessário para sobrevivermos neste mundo? Para fazermos esta reflexão com honestidade precisamos de atenção, auto-observação, autoconhecimento e autorrespeito.

É preciso também termos coragem de ser quem somos e isso implica investigarmos e seguirmos o nosso propósito ou sentido de vida, que sempre traz preenchimento e torna a experiência de viver algo que vale a pena. Mas sem fantasia, sem a idealização de algo que não tem desafios, que muitas vezes não gera fricções, ou que só fazemos aquilo que gostamos 100% do tempo. Servir ao nosso propósito é trabalhar para aquela consciência dentro de nós que sabe o que veio fazer na Terra. Isso nos traz empoderamento, contentamento e tranquilidade para lidar inclusive com momentos difíceis.

Se formos capazes de saber para quem trabalhamos e estivermos firmados na nossa essência, que é a nossa realidade última e, ao mesmo tempo, o nosso melhor, o trabalho será algo que efetivamente gerará consequências positivas para nós e para todos. Assim será possível festejar e dizer: Viva o trabalho!

Eduardo Farah é sócio da Invok e professor na FGV. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.