Esse assunto é instigante, porque, desde os mais remotos tempos, a humanidade sente e se ressente com os altos e baixos do que se convencionou chamar de autoestima. Guerras foram ganhas e perdidas em função da autoestima dos generais, empresas cresceram ou faliram pela autoestima dos seus líderes e hoje percebe-se a autoestima afetando a felicidade, o desempenho e o sucesso de inúmeras pessoas.

E o que é autoestima?

Autoestima é a capacidade que temos em aceitar quem somos e estimar (gostar e dar valor) às nossas características, sejam elas positivas ou não.

No entanto, dizemos que às vezes nossa autoestima está alta e às vezes baixa. Essa variação depende de pessoa para pessoa e, quanto mais nos conhecemos, mais é possível manter um equilíbrio, porque esses altos e baixos interferem de maneira muito negativa nos relacionamentos e no desempenho em geral.

Para algumas pessoas, estar de acordo com os padrões estéticos da moda, ser valorizada como alguém que impressiona positivamente o meio social a que pertence, gera alta autoestima e o contrário também pode acontecer, ou seja, se está fora dos padrões estéticos, a autoestima abaixa. A repercussão disso pode ser inveja, tristeza, insegurança, destruindo bons momentos e talvez excelentes oportunidades.

Outra situação bastante corriqueira que “balança” a autoestima é a presença de emoções como ciúmes, irritabilidade, impotência, abandono que exercem, pelo lado emocional, uma grande força negativa. Ao contrário, a felicidade, o amor, a colaboração, o pertencimento melhoram nossa autoestima. Quando damos uma ideia e é aceita, quando somos ouvidos e reconhecidos, lembrados e bem avaliados, há uma certa elevação da nossa autoestima, mas o contrário, críticas, má avaliação, não ser ouvido nem reconhecido faz a autoestima descer. É o aspecto mental, junto com o emocional, servindo de gangorra para a autoestima.

Apesar de parecer um movimento externo, essas oscilações acontecem dentro de nós. Somos responsáveis diretos por esse movimento de sobe e desce que pode ser tão ruim para o nosso desempenho e nossas relações pessoais.

Mas, quando alguém se deixa influenciar pelo externo, passa a gostar de si pelo que os outros falam, perde o domínio sobre quem é e busca atender as necessidades dos outros, o que a faz refém e provavelmente com grandes dificuldades de autoestima… passa a ter uma “alteroestima”.

A autoestima é construída de dentro para fora. É importante reconhecer que não somos perfeitos e às vezes é difícil gostar das nossas imperfeições, mas, através de um bom trabalho de autoconhecimento, a aceitação é o primeiro passo para apreciarmos o que somos, sem comparações. Cada um é o que é, nem mais, nem menos. A partir daí pode-se tomar a decisão de trabalhar para melhorar,  mas sem angústia nem ansiedade e, desde que seja algo que realmente importa para a pessoa e não para os outros.

Assim, quando um líder tem uma autoestima equilibrada sabe dar bons feedbacks aos seus liderados, de forma que contribua para a autoestima deles também. Ou seja, o líder não tem medo de apontar os pontos positivos da equipe e nem as oportunidades a melhorar, porque percebe sua contribuição imediata à autoestima da equipe. Não tem medo de ser passado para trás e nem acredita que ele é muito melhor que todos.

O colaborador, da mesma forma, com uma autoestima equilibrada, ao receber a parte positiva do seu feedback não se posiciona como o melhor, acima dos outros e nem se decepciona com os pontos a melhorar, absorve-os como um presente para que possa aprender a ser melhor. Sua autoestima não sofre variações.

Mas, será que quando a autoestima está alta perde-se a humildade?

Humildade é a virtude que consiste em conhecer limitações e fraquezas e agir de acordo com a consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre outras pessoas.

Entendo, então, que humildade e autoestima devem se dar as mãos, no sentindo de serem complementares. Ou seja, se aceitamos nossas fraquezas e limitações, definimos passos para o crescimento, de forma natural.

Na essência, não somos nem superiores, nem inferiores e a autoestima com a humildade nos ajudam a sair tanto da prepotência como do vitimismo.

Encerrando essa breve reflexão, acredito que o desafio é cada pessoa aprender a gostar de si, com humildade, desafiando-se a revelar seu potencial, a partir do reconhecimento da própria essência.

Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.