Em muitos e muitos filmes de ficção científica, robôs desenvolvem vontade própria, voltam-se contra nós e lutam para aniquilar a humanidade. Dizem que a vida imita a arte. Neste caso, ela ganha de goleada.
Como nos filmes, os robôs são cada vez mais numerosos, infiltrados entre nós e, com frequência, não os distinguimos dos humanos. Ao contrário dos filmes, eles não têm vontade própria, nem querem aniquilar a humanidade. Ao contrário dos temores, eles não estão roubando o emprego de ninguém, mas estão nos levando algo ainda mais precioso.
Estou me referindo a robôs criados e controlados por humanos e que agem exclusivamente em benefício de seus criadores. O bem ou o mal da humanidade lhes é totalmente irrelevante. Só o que importa é o endeusamento de seus criadores. Servem incansavelmente a políticos e seus interesses, proliferam-se mais rapidamente do que o coronavírus e já infestaram o universo digital. São perfeitamente adaptados à temperatura das redes sociais e da internet em geral. São especialistas em disseminar meia verdades e mentiras inteiras em benefício de seus criadores, em politizar absolutamente qualquer assunto e, principalmente, apresentar seu político-criador como o único possível salvador da pátria e da humanidade em uma cruzada contra tudo e todos, que ao contrário de seu Deus-criador, querem que a vida de todos só piore. Enfim, são mestres da manipulação através do imaginário do bem contra o mal.
Seu modo de atuação é simples. Se algo, alguma ideia ou alguém colocar-se ou aparecer por acaso no caminho deste processo de politização e endeusamento ou for contra o interesse de seu político-Deus, destrua-o. Arruíne sua credibilidade, dissemine teorias da conspiração, espalhe mentiras. Principalmente, crie, fomente e alimente rebanhos de adoradores passivos, manipulados e dóceis com seus líderes políticos e implacáveis com qualquer coisa ou qualquer um que seja ou pareça um obstáculo a eles.
Sua capacidade de cegar seguidores em apoio a seus políticos de estimação faria o pastor americano Jim Jones, que convenceu quase mil de seus seguidores a se suicidarem na Guiana em 1978, envergonhar-se de seu baixo poder de persuasão.
Convencida de que os bilhões e bilhões de posts e comentários repetidos ao infinito pelos robôs seriam a opinião de muitas pessoas, cada vez mais gente fica com a falsa impressão de que certa opinião reflete o pensamento da maioria ou ao menos de muita gente. Gradualmente, sem perceber, estas pessoas vão se juntando ao rebanho e se transformam em defensores ferrenhos de toda e qualquer posição do mestre dos robôs, reconfortados pelo apoio irrestrito dos mesmos robôs que os converteram em uma útil massa de manipulação.
A vida ganha da arte. Os robôs não têm por que eliminar as pessoas. Eles conseguem algo muito mais valioso. Eles transformam pessoas em robôs, incapazes de pensar por si próprios e prontos a defenderem seus líderes-políticos sempre e com o tanto afinco quanto os próprios robôs.
Ao contrário do que acontece com o coronavírus, a vacina contra a robotização já é conhecida e não tem contraindicações. Para cada ideia ou proposta que você ouvir, assume que ela não tem nada a ver com política. Neste caso, a ideia é boa ou ruim? Impossível não politizar esta ideia específica? Então, o que você acharia dela se ela viesse do maior opositor da pessoa ou grupo que a propôs? Talvez, você mude de ideia ou não, mas se fizer isso sempre, você estará imune ao vírus da robotização. Quem sabe, você até consiga ajudar a humanidade a virar este jogo contra os robôs.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.