O grande desafio das mulheres é conciliar carreira e maternidade, isto quando a maternidade faz parte do projeto de vida da profissional (pessoal). Para as mulheres que optam pela maternidade (seja ela biológica ou não), há um relógio interno que nos pressionam, bem como uma pressão social.

As barreiras profissionais começam aí, na maioria das entrevistas de emprego, perguntas constantes feitas às mulheres se possuem filhos; se a resposta é positiva; se tem apoio para deixar os filhos enquanto trabalham. Para os homens essas perguntas quase nunca são feitas.

Outra situação corriqueira para mulheres mães que têm a responsabilidade de levar filho às consultas médicas, acompanhar as reuniões e apresentações na escola e/ ou serem chamadas para atender uma emergência na escola. Aos homens, que são pais, nunca se espera que eles também tenham essas responsabilidades: levar e buscar filho na escola, levar em consultas médicas ou atender emergências familiares.

Quando não se cobra ou se espera estas ações dos homens, o peso recai exclusivamente sobre as mulheres e, em muitos casos, acabam sendo determinantes na hora de uma promoção, transferência e, inclusive, a possibilidade de uma carreira internacional. Vamos trazer essa realidade para mulheres periféricas, negras e pobres. Trabalhar ou assumir a maternidade, na maioria das vezes, não é uma opção e, quando a opção ou falta dela as levam a ficar fora do mercado de trabalho, temos um sério problema de carência de recursos para atendimento das necessidades primárias.

A tal rede de apoio se restringe a alguém da família, muitas vezes os filhos mais velhos assumindo a responsabilidade de cuidar dos mais novos. Não raras vezes, a opção é sair do mercado de trabalho para o empreendedorismo de sobrevivência, ou se dedicar na tarefa de cuidar da casa e do filho de outra pessoa.

Quando se fala de maternidade e carreira precisamos sempre ter em mente de qual mulher estamos falando. A solução apresentada é inclusiva ou excludente. Quando falamos em maternidade e carreira é fundamental pensarmos na necessidade de políticas públicas para tratar de questões como creches, escolas de período integral e contraturno para atendimento das crianças.

Qual é o papel do homem, quando se fala em maternidade e carreira. O homem, como líder, valoriza essa profissional mãe?

Qual o papel do homem quando se falar em cuidar e dividir responsabilidades na criação dos filhos? Quando normalizarmos que tanto homens quanto mulheres têm
responsabilidade iguais com relação aos filhos, tais como: levar o filho e buscar filho na escola, e que isso significa negociar o horário de entrada e saída para o trabalho. Que às vezes precisará não finalizar uma reunião para atender uma emergência ou precisar de uma tarde de folga para uma consulta médica de seu filho. A situação começará a mudar.

Algumas dicas para empresa:
1) Pense em políticas de horários flexíveis, a pandemia mostrou que isso é possível; converse sobre questões de gênero dentro da empresa;
2) Forneça treinamentos para ajudar suas líderes a equilibrar a maternidade e carreira;
3) Crie uma cultura inclusiva (incentive os homens a compartilharem as responsabilidades na criação dos filhos),
4) Crie um ambiente seguro para mulheres (maternidade não impedirá seu crescimento profissional).

Trata-se de um processo de mudanças e, mudanças de comportamentos e paradigmas
levam tempo, mas é necessário dar o primeiro passo.

Elizabete Leite Scheibmayr, palestrante e co-fundadora da Uzoma Diversidade, Educação e Cultura. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.