Recorde de endividamento dos funcionários é desafio para RH

Os grandes desafios do RH na atualidade são reter talentos, estar atento ao clima organizacional da empresa e a fatores que podem afetar a produtividade. Segundo pesquisa da Society for Human Resources Management – SHRM, 83% dos profissionais de recursos humanos afirmaram que o estresse financeiro prejudica o desempenho dos colaboradores.

No cenário atual do Brasil, no qual a mais recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) levantou que 71,4% do total dos consumidores estão endividados, o desafio da área ficou ainda maior.

Pessoas com problemas financeiros ficam mais desatentas, mais irritadas e menos produtivas, o que na ponta afeta o lucro da empresa. Por mais que o funcionário queira se dedicar ao trabalho parece haver um fantasma o assombrando.

Ligações de cobrança, escola de filhos atrasada, comprar remédios para os pais, parcelas de financiamento vencendo, tudo isso faz com que o estresse ultrapasse a barreira do individual para o coletivo. É como se em uma empresa que tem mil funcionários existissem 714 bombas relógios pelos corredores, e cabe ao RH encontrar formas de desarmá-las.

Por isso é tão importante desenvolver um programa de bem-estar financeiro, já que uma vida financeira organizada é imprescindível para que o colaborador tenha qualidade de vida e segurança, inclusive no trabalho.

Um bom programa de bem-estar financeiro começa com a conscientização de que o problema existe e pode passar pelos 4 estágios da competência conforme o desejo da empresa.

Estágio 01: Incompetência Inconsciente

O funcionário precisa despertar para o problema e entender que ele tem solução. Para isso, o RH pode recorrer a uma palestra, que aborde o tema de forma leve e mostre que independentemente da situação que o funcionário esteja passando sempre é tempo de se reorganizar financeiramente.

As pessoas sentem vergonha ao expor para empresa que estão com problemas financeiros e essa abordagem tende a funcionar melhor em um primeiro momento.

Estágio 02: Incompetência Consciente

Nessa fase do programa o funcionário está ciente que precisa de ajuda e que a empresa está disposta a ajudá-lo.

Para dar continuidade ao processo, a companhia pode criar um programa de educação financeira com cursos e dinâmicas, que ensinem desde técnicas de organização, planejamento de metas até noções sobre o mundo dos investimentos.

Estágio 03: Competência Consciente

O colaborador já entende as ferramentas que tem à disposição para atingir o bem-estar financeiro e está pronto para fazer uso delas.

Caso a companhia queira ser mais cirúrgica, é nesse momento que pode individualizar o atendimento, disponibilizando ao colaborador uma consulta com um planejador financeiro terceirizado garantindo o sigilo total do funcionário.

Experiências que pulam a etapa 1 de conscientização mostram que, neste caso, esse serviço é pouco procurado pelos colaboradores. Por isso uma palestra inicial é importante para o sucesso da terceira etapa, que pode ser opcional, dependendo da realidade da empresa.

Estágio 04: Competência Inconsciente

Nesse estágio o colaborador já incluiu os novos hábitos financeiros saudáveis em sua rotina, já praticou a nova habilidade adquirida e não tem mais dificuldade em administrar suas finanças, podendo assim se dedicar a empresa como ele e a companhia esperam.

A consequência disso é o ganha-ganha, funcionários com bem-estar financeiro faltam menos ao trabalho, são mais focados, mais motivados, menos estressados, mais produtivos e mais felizes.

A última pesquisa “Tendências globais de capital humano”, realizada pela Deloitte, revela que os líderes de negócios e executivos de recursos humanos mudaram suas prioridades e as organizações devem fazer uma mudança fundamental de mentalidade do foco da sobrevivência para a prosperidade.

Isso inclui a prosperidade de todos os envolvidos no processo, o que não tem necessariamente a ver com aumento de salário, mas com uma mentalidade próspera, que é exatamente o que um programa de bem-estar financeiro proporciona.

Recorde de endividamento é desafio para RH

Por Simone Sgarbi, educadora financeira, membro da Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.

 

 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 72, “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia”” com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia e Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, ambos do Ifood. Clique no app abaixo:

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