Empresas ainda desconhecem a saúde financeira de seus colaboradores – e isso tem consequências para ambos os lados

Está comprovado que existe uma relação direta entre a situação financeira do colaborador e o seu desempenho no trabalho. No ano passado, uma pesquisa realizada pela Creditas e o Ibope Inteligência, com homens e mulheres adultos das classes sociais A, B e C de todas as regiões do Brasil, identificou que a relação entre as finanças pessoais do empregado e sua performance no dia a dia está intrinsecamente interligada. Os dados mostraram que, entre os entrevistados endividados, 39% apresentavam insônia, 27% tinham sua autoestima impactada e 10% acreditavam que essa situação impedia o seu sucesso profissional.

As dificuldades em ter uma relação saudável com o próprio dinheiro ainda são inerentes a boa parte dos brasileiros e um dos principais motivos para a desorganização das contas pessoais é a falta de educação financeira. Na hora do desespero, o desconhecimento sobre as próprias finanças faz as pessoas buscarem crédito com juros abusivos (mau endividamento), criando o efeito “bola de neve” nas dívidas. Na pesquisa, 70% admitiram que usam com alguma frequência o cheque especial, 51% pediram empréstimo sem saber quanto era a taxa de juros e 42% contrataram opções caras de crédito, como parcelar a fatura do cartão.

O fato é que a preocupação, o cansaço e a frustração constantes afetam bruscamente o desempenho dos colaboradores. O estudo ainda revelou que 37% dos endividados estavam buscando um novo emprego para pagar as contas, 32% assumiram um trabalho extra para suprir a falta dinheiro, 26% passaram a sentir-se mais desmotivados no trabalho e 10% admitiram que a dificuldade em se concentrar afetava a qualidade de suas entregas.

A situação de endividamento não é ruim apenas para o empregado, mas também para a empresa, que passa a ter que lidar com um aumento da taxa de turnover, gerando mais custos de recrutamento e treinamento de novos funcionários. E não é só isso: funcionários aflitos ou que têm vários empregos para compensar uma situação financeira precária estão mais cansados e têm sua produtividade reduzida.

A questão é que ainda são raros os empresários, gestores ou profissionais de Recursos Humanos que conhecem a realidade financeira de seus colaboradores. Quantos empregados na sua empresa estão endividados? Quantos estão rendendo menos no trabalho por conta da espiral de juros do rotativo do cartão ou do cheque especial? A pesquisa de clima da sua organização inclui perguntas sobre esse assunto?

Aqui temos uma grande oportunidade para que empresas e equipes de RH ajudem o colaborador a equilibrar a saúde financeira. De acordo com a pesquisa, os endividados estão mais propensos a receber ajuda para acabar com as dívidas: 56% desejam ter mais controle sobre as finanças, 53% gostariam de aprender a como usar melhor o salário, 51% aceitariam ajuda para aprender sobre finanças pessoais, 38% têm muito interesse em contar com uma plataforma ou uma consultoria para ajudar na gestão do seu dinheiro e 33% têm interesse em trabalhar em uma empresa que ajude na gestão financeira.

Duas alternativas que as empresas podem adotar para enfrentar a situação são o empréstimo consignado privado e a antecipação salarial, que também vem sendo chamada de “salário sob demanda”. Ao contrário do que se imagina, essas modalidades não são exclusivas de funcionários públicos ou aposentados do INSS e estão disponíveis para colaboradores de empresas privadas, em regime de CLT. O empréstimo consignado privado tem suas parcelas descontadas diretamente da folha de pagamento e, por representar um menor risco de inadimplência, tem taxas de juros menores do que as de outras modalidades. Além disso, pessoas negativadas, que são as que mais precisam de um crédito “saudável”, também podem ser aprovadas.

Sem dúvida, o consignado pode ajudar a melhorar a vida financeira da grande maioria das pessoas que utilizam com frequência opções que geram o mau endividamento, como cartão de crédito e cheque especial, que têm respectivamente taxas médias de juros de 250% e 150%a.a., de acordo com o Banco Central. Com o benefício, a taxa pode cair para até 14%a.a., reduzindo significativamente o comprometimento da renda do funcionário com dívidas. Como consequência, esse crédito tem se tornado um recurso muito relevante para o colaborador, que só pode ter acesso a este tipo de produto por meio da empresa em que trabalha.

A antecipação salarial, por outro lado, pode ser uma ótima solução para aqueles que querem evitar contrair uma dívida causada por um imprevisto pontual. A antecipação é como um “vale” mais flexível, em que o colaborador pode pedir a qualquer momento para receber adiantado pelos dias já trabalhados no mês. O valor antecipado é descontado do seu pagamento final e não há cobrança de juros. Esta é uma opção benéfica tanto para o colaborador quanto para a empresa: o colaborador tem acesso ao valor já trabalhado e a empresa tem um benefício de fluxo de caixa por não ter que antecipar toda a folha de pagamentos com o tradicional “vale” de 40%, tipicamente pago no dia 15 de cada mês.

Enfim, já está cada vez mais clara a necessidade de as empresas darem atenção à saúde financeira, e por consequência, ao bem-estar do empregado. Uma boa gestão de benefícios, que inclua soluções de educação financeira e produtos que aliviam o endividamento, pode ser o diferencial na retenção, no desempenho e, sobretudo, na felicidade dos colaboradores.

Empresas desconhecem a saúde financeira de colaboradores

Por Viviane Sales, VP de Creditas @Work.

 

 

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