Reclamar: o hábito que modifica o cérebro e a motivação da equipe. Em qualquer ambiente corporativo, a paisagem sonora é frequentemente marcada por um elemento comum: a reclamação.

No entanto, quando as queixas se tornam parte do cotidiano profissional, é essencial investigar as repercussões que isso pode ter, tanto na saúde mental dos indivíduos quanto na dinâmica da equipe. Mas como o excesso de reclamações pode desgastar a saúde mental, impactar negativamente a colaboração em equipe e, mais importante, como podemos efetivamente modificar esse cenário.

Há relação entre as reclamações frequentes e a saúde mental. A negatividade persistente não apenas espelha a insatisfação ou o estresse, mas também pode demonstrar sintomas de ansiedade e de depressão entre os membros da equipe.

As reclamações frequentes podem influenciar negativamente a estrutura do cérebro, fortalecendo os circuitos neuronais associados a emoções negativas e facilitando o surgimento de pensamentos ruins de forma aleatória no futuro. Esse processo ocorre devido à neuroplasticidade, que permite ao cérebro moldar-se conforme as experiências e padrões de pensamento repetitivos.

Com o tempo, essa reorganização pode prejudicar a capacidade de gerenciar pensamentos e emoções de maneira saudável. Portanto, é fundamental combater esses padrões negativos através de métodos como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a identificar, desafiar e alterar pensamentos negativos e comportamentos de reclamação, promovendo uma reestruturação cognitiva e emocional que pode mitigar esses efeitos e melhorar o bem-estar geral.

O hábito controla a vida de quem constantemente reclama, reflete uma esfera relacionada à vitimização e aprisiona os indivíduos em um ciclo vicioso onde problemas são amplificados em vez de resolvidos.

Essa atmosfera pode ser tóxica, não apenas para o indivíduo que reclama, mas para todos ao seu redor. Em um local onde deveria prevalecer o espírito de equipe e a inovação, encontramos, em vez disso, uma redução na empatia e um aumento nos conflitos interpessoais.

Como criar uma cultura de feedback na sua empresa?

O impacto do excesso de reclamações destrói o espírito de equipe tornando-o conflituoso, fragmentado e hostil. Este não é apenas um problema para os líderes de equipe, mas para a organização como um todo, visto que equipes desunidas são menos propensas a alcançar objetivos de forma eficaz. No entanto, a situação não é desprovida de soluções.

A comunicação aberta e positiva é a chave para virar esse jogo. Promover um ambiente onde o feedback e as preocupações são abordados de maneira construtiva pode transformar reclamações em oportunidades de melhoria. Implementar treinamentos focados em resiliência e gestão de conflitos também pode fortalecer a equipe, preparando-a melhor para enfrentar adversidades.

Conversas individuais que partem da liderança com intuito de auxiliar o indivíduo e mitigar tais reclamações, o objetivo é reforçar a atitude de mudança. Talvez seja necessário, o trabalho de um psicólogo focado nas soluções, até para avaliar em conjunto com o indivíduo, se esse é um comportamento que se repete na vida pessoal e podem denunciar o adoecimento mental.

Além disso, cultivar uma cultura que valoriza as soluções em detrimento das reclamações pode reorientar as energias da equipe para a resolução de problemas.

Isso é reforçado por um ciclo contínuo de feedback construtivo, que não só clarifica expectativas, mas também reafirma o valor de cada colaborador.

Investir no bem- estar dos funcionários, abrangendo tanto a saúde física quanto a mental, pode finalmente diminuir os níveis de estresse e fomentar um clima de trabalho mais saudável e produtivo.

Portanto, enquanto navegamos pelas complexidades do mundo corporativo, a maneira como lidamos com as reclamações pode definir o sucesso ou o fracasso de nossa jornada.

Encarando essas queixas não como meros desabafos, mas como sinais de desafios mais profundos, podemos transformar potenciais problemas em oportunidades de crescimento e fortalecimento para todos.

A chave está na proatividade e na prevenção, garantindo um ambiente onde cada voz é ouvida e cada problema é visto como uma porta para a inovação e o entendimento mútuo.

Reclamar afeta o cérebro e motivação da equipePor Larissa Fonseca, terapeuta Clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico, Burnout e Sono. Desenvolvedora de programas de saúde mental corporativa e treinamentos em liderança. Capacitação em psicologia do sono (instituto do sono). Psicofarmacologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUS-HC).

Ouça o episódio 149, “Líder, já colocou a empatia no seu currículo?“. Na busca por uma gestão mais humanizada e em um momento em que o perfil das lideranças vem passando por transformações, a empatia surge como uma habilidade-chave para os líderes. Mas o que significa, na prática, ser um profissional empático? Como desenvolver essa habilidade? A pandemia e os períodos de crise também evidenciam a importância das soft skills no ambiente organizacional. Como o RH pode contribuir para que esse conceito faça parte da cultura da empresa? Conversamos com Vivian Laube, Especialista em Liderança e Comportamento Organizacional, e Priscila Monaco, Diretora Senior de RH da Visa. Acompanhe!

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