A semana começou com uma notícia estarrecedora e que abalou o Brasil. Um anestesista do Hospital da Mulher de São João de Meriti (RJ) foi flagrado estuprando uma paciente em plena sala de cirurgia e durante um procedimento cirúrgico.
As imagens fortes que repercutiram no país e no mundo mostram um ser humano frio e calculista, que mesmo com a presença de outros profissionais na sala, pratica atos libidinosos com a intenção de obter prazer.
Ao ver a cena e analisar o perfil do médico, depreende-se de imediato uma visão de ‘perversão ou até mesmo de psicopatia’, mas claro, os diagnósticos que se supõe somente poderão ser confirmados na medida em que o agora indiciado, que se encontra preso, passar pela avaliação de profissionais do desenvolvimento humano.
Porém, a conduta do anestesista afastado aproxima-se em demasia ao ‘Sadismo’ que está ligado ao prazer de infligir dor ao outro, mesmo que este encontra-se em estado de inconsciência.
Porém, de fato, não temos como afirmar que o referido profissional está associado à estrutura psíquica perversa.
Este caso tem a sua singularidade, que deverá ser analisada com cuidado para distinguir as nuances e assim poder embasar o diagnóstico e atestar corretamente o perfil do acusado até para que se tenha mais respostas em relação ao ocorrido.
De toda forma, é preciso refletir sobre como um local movimentado como uma sala de cirurgia se tornou em um cenário de horror e crueldade. Conforme noticiado por vários meios de comunicação, antes de trabalhar no Hospital da Mulher Heloneida Studart, o agora profissional afastado passou por outras 10 unidades hospitalares.
Com esse histórico, será que o departamento de RH do hospital de São João do Meriti entrou em contato com esses 10 estabelecimentos para conhecer mais sobre o comportamento do candidato ao emprego?
Esse tipo de verificação é comumente importante para certificar que o candidato não tenha em seu histórico nenhum desajustamento social, ou se tenha, que possa ser esclarecido antes da contratação.
Ademais, foram feitos testes comportamentais e de personalidade que poderiam indicar alguns pontos de atenção a serem observados?
A conduta do recém-contratado foi acompanhada pelos superiores?
A aplicação de anestésicos em desacordo com os protocolos médicos foram pontos de abordagem direta ao profissional?
Tais respostas ainda não ficaram claras com o que vem sendo divulgado pela imprensa, mas o novo papel do RH impõe responsabilidades ao seu gestor de pessoas para além da folha de pagamento e do controle de ponto.
No desempenho das suas funções, o profissional de RH precisa ter foco em ‘contratar a pessoa certa para a vaga disponível’, e não apenas contratar porque o candidato atende ao critério técnico. ‘Precisa proporcionar o cenário certo’, seja no clima organizacional, seja na equipe.
Desta forma, um procedimento realizado fora do padrão já deve ser suficiente para chamar a atenção do gestor de pessoas e ligar o sinal de alerta principalmente quando se trata do cuidado em relação às pessoas.
Nesse contexto, é preciso que o lamentável fato ocorrido seja ao mesmo tempo tratado como aprendizado. O perfil do acusado, ainda que de difícil diagnóstico, poderia ter sido mais bem detalhado e observado.
Ninguém consegue esconder por muito tempo aspectos de perversão ou psicopatia. Um ou outro traço sempre aparece, e é nessa hora que um departamento de RH ativo atua para prevenir que algum procedimento seja efetuado com desordem.
Fato é que tanto a perversão como a psicopatia deixaram de ser aspectos raros, e hoje muitos portadores destas personalidades passam em processos de recrutamento malfeitos e malconduzidos pelo país.
Porém, estar atento aos traços e comportamentos que não conseguem ser escondidos pode ajudar o recrutador a tomar a decisão de contratar ou não.
E num processo desses, uma recusa pode salvar pessoas de se tornarem vítimas de personagens que deveriam existir apenas nos filmes de ficção.
Por Renato Lisboa, neuropsicanalista, autor do best seller “3 Segundos: Escolhas que transformam a vida“, vice-presidente da Abrapcoaching e CEO do Instituto Lisboa.
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Capa: Deposithphotos