Nós temos um potencial gigantesco aqui no Brasil, mas, que em geral, não é convertido em potência. Estou falando das juventudes, que poderiam estar no mercado de trabalho ou estudando, mas não estão – o termo cunhado de “Geração Nem-Nem” (as pessoas entre 15 e 29 anos impossibilitadas de estudar e trabalhar).

O termo, criado e normalmente usado de uma forma pejorativa, é uma generalização e uma estereotipação dos jovens, principalmente da Geração Z.

Porém, o convite aqui é que possamos olhar sob outra ótica De acordo com o IBGE, atualmente no Brasil há 51,3 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, o que representa ¼ da população brasileira. Porém, 35,2% desses jovens não têm acesso ao estudo e ao trabalho.

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Por isso, a temática dos Nem-Nem é questionável e muitas vezes passa uma visão diferente do que é a realidade. É quase como se dissesse que o jovem não está nem aí para nada, mas quando analisamos vemos que, na realidade, existem muitas questões estruturais e socioeconômicas.

É só pensarmos em algumas situações comuns aqui no país, por exemplo, o clássico caso do jovem que precisa ficar em casa para cuidar dos irmãos mais novos, porque os pais precisam trabalhar e não tem quem fique com as crianças.

Outro dado importante para analisarmos é de um estudo publicado no ano passado pelo CIEE, que apontou que 7 a cada 10 estagiários utilizavam a bolsa estágio para arcar com as contas básicas da família, sendo que cerca de 10% deles eram a única pessoa responsável por trazer renda para dentro de casa.

Quando analisamos todos esses dados, começamos a entender o porquê existem tantos jovens que não conseguem estudar ou trabalhar. Quanto mais vamos nos aprofundando na realidade das juventudes brasileiras, mais nos deparamos com diversas outras questões que influenciam nessa condição.

Dentre elas, a desigualdade de gênero, que muitas vezes tiram as meninas do estudo e do trabalho ou as desestimulam até mesmo a tentar, e a dificuldade de ter acesso a educação de qualidade gratuitamente, o que pode fazer com que os jovens acabem se desinteressando da vida acadêmica ou achando que aquele não é o lugar deles, pois não tem condição de pagar, por exemplo, uma faculdade.

Ainda há para analisar o cenário de desemprego e o aumento da instabilidade na busca pelo trabalho, que fez com que muitos jovens sejam impactados pela defasagem educacional e ampliação do índice de desalentados, o que se agravou no pós-pandemia.

São tantos os quesitos que trabalham como uma barreira para o mundo acadêmico e corporativo, que eu vejo, na realidade, muito mais “Sem-Sem” do que “Nem-Nem”: sem acesso aos estudos e sem acesso ao trabalho, por privações estruturais para a prosperidade.

E cabe ao Brasil dar mais oportunidades às nossas juventudes, melhorando as políticas públicas. Além, do cada vez mais, urgente chamado para que os empregadores entendam seu papel de impulsionar o futuro (ou presente?) do capital humano brasileiro.

O relógio não está ao nosso favor, porém os caminhos são viáveis.

Como podemos nos unir para entregar um Brasil melhor para as juventudes? Esse é o meu papel e também o seu!

Nós temos um potencial gigantesco aqui no Brasil, mas, que em geral, não é convertido em potência. Estou falan

Por Carolina Utimura, CEO da Eureca – consultoria e plataforma digital especializada em recrutar e desenvolver estagiários e trainees.

 

 

Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? No episódio de hoje, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:

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Capa: Depositphotos