Quando analisamos a forma como as empresas estruturam as políticas de benefícios e assistência voltadas às suas colaboradoras, é nítido, pelo menos no Brasil, que ainda temos uma abordagem bem mais focada em mulheres que estão na fase reprodutiva. Muito pouco é feito ou pensado visando a inclusão e o bem-estar daquelas funcionárias com mais de 45 anos, idade em que a maioria das mulheres iniciam a transição para a menopausa.

O ‘detalhe’ é que nossa população está envelhecendo. Nas próximas duas décadas, segundo um estudo da PWC e FGV, 57% da força de trabalho do país terá 45 anos ou mais. De acordo com estimativas do IBGE, calcula-se que o Brasil tenha hoje aproximadamente 29 milhões de mulheres passando pela fase de climatério e menopausa, o que totaliza 27,9% da população feminina brasileira.

É preciso, portanto, que o mundo corporativo volte os olhos para todo esse público, que inclui profissionais seniores, experientes e atuantes, muitas ocupando cargos de liderança, mas que no período de climatério e menopausa se sentem altamente vulneráveis.

Em média, 85% das mulheres sentirão ao menos cinco sintomas relacionados à menopausa de forma intensa. Na Plenapausa avaliamos 8 mil mulheres e descobrimos que esses distúrbios estão mais relacionados com a saúde emocional do que com os famosos ‘calorões’, impactando diretamente na qualidade de vida e no bem-estar do público feminino nessa etapa da vida. Basta dizer que, do total de mulheres avaliadas, 46% relatam que se sentem menos produtivas no trabalho, o que com certeza está ligado a esse quadro.

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A consequência é o alto índice de mulheres que consideram deixar ou de fato deixam seus empregos por conta dos efeitos da menopausa, algo que, no mundo todo, chega a 20% e gera perdas superiores a US$ 150 bilhões para as empresas, segundo a consultoria americana Frost & Sullivan.

Para não perder esses talentos, as empresas devem, antes de mais nada, trazer informações sobre o tema para dentro do ambiente de trabalho, já que a grande maioria das mulheres em idade de entrar no climatério ou menopausa, independente da classe social ou nível de escolaridade, não sabe identificar se os sintomas que apresentam estão relacionados a isso e nem procura um especialista para conhecer melhor o assunto.

As grandes corporações, principalmente nos Estados Unidos e Europa, já estão pensando nisso e garantindo não só que haja espaço para falar sobre assuntos correlatos à menopausa e envelhecimento da mulher, mas que elas tenham licenças e outros benefícios relacionados a esse momento da vida. 

No Reino Unido, por exemplo, foram debatidas no Parlamento propostas para dar direitos às mulheres na menopausa, sendo que em Londres as funcionárias da prefeitura já contam com licença-menopausa e espaços inclusivos de trabalho, nos quais há áreas com temperatura controlada para aliviar os sintomas de calores.  Ao investirem nesse cuidado, mostra um estudo feito nos EUA pela Evernow, as empresas obtêm um ganho de produtividade que chega a 61% e o nível de satisfação das colaboradoras aumenta 65%, estatísticas que de forma alguma podem ser desprezadas.

A visão da sociedade como um todo sobre o assunto está, claramente, mudando. E as lideranças femininas com certeza farão diferença na abertura desses espaços de diálogo no ambiente corporativo. Queremos acreditar que grandes avanços venham a acontecer nos próximos anos.   

O papel do RH para reter talentos na menopausa

Por Márcia Cunha e Carla Moussalli, fundadoras da Plenapausa, femtech brasileira focada em informar as mulheres sobre a menopausa e oferecer produtos que solucionam alguns de seus principais sintomas.

 

Ouça o RHPraVocê Cast, episódio 138, “O poder das ações em prol do protagonismo feminino” com Edna Vasselo Goldoni, presidente do Instituto Vasselo Goldoni (IVG). Fala sobre difundir o o protagonismo feminino, a sororidade, a equidade de gênero, a diversidade e a reintegração. Criado em 2017, esses são os principais pilares da organização sem fins lucrativos. Durante a pandemia, e com o forte impacto que ela teve na carreira da mulher, nasceu o Programa de Mentoria Para Mulheres “Nós por Elas”. Já em sua 15ª edição, mais de quatro mil mulheres foram beneficiadas no mundo todo. Clique no app abaixo:

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Capa: Depositphotos