Igualdade e oportunidades ainda assolam as mulheres no mercado do trabalho
A manutenção de hábitos e estratégias inadequadas no mundo dos negócios, ainda têm um peso importante no desenvolvimento de mulheres neste setor. Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor de 2019, realizada aqui no Brasil em parceria com o Sebrae, mostram que o Brasil tem cerca de 24 milhões de mulheres empreendendo e indica, ainda, que a proporção de novos negócios, com menos de 3 anos e meio – também é maior entre as mulheres, sendo 15,4% contra 12,6% entre os homens.
Nos EUA, de acordo com o relatório “Empresas pertencentes a mulheres” encomendado pela AMEX, em 2018, as mulheres representam 40% dos novos negócios. A cada ano, mais mulheres optam pelo empreendedorismo.
Aqui no Brasil, um relatório preparado pelo Sebrae em 2019 e que reúne dados de diversas pesquisas, aponta também que a quantidade de negócios iniciados “por necessidade” é maior entre as mulheres, atingindo a marca de 44% em 2018. As razões pelas quais enxergam mais oportunidades no fomento do próprio negócio, eu cito abaixo:
1. Flexibilidade
As mulheres ainda são as principais mantenedoras familiares, seja para cuidar dos idosos ou das crianças. Neste caso, a flexibilidade de horários permite acomodar o trabalho com as tarefas familiares. A possibilidade de um estilo de vida mais saudável também motiva as mulheres ao empreendedorismo.
Segundo a pesquisa realizada pelo Sebrae, as mulheres alocam 24% a mais do seu tempo com a família do que os homens.
2. Ganhar o que é justo
Há 15 anos as disparidades salariais entre homens e mulheres se mantêm estáveis: as mulheres ganham cerca de 80% do que os homens nas mesmas posições de trabalho. Segundo pesquisa realizada pelo Census Bureau nos EUA, a evolução redutiva da disparidade ao longo do tempo é tão baixa que se a mantivermos, apenas daqui 100 anos as mulheres terão o patrimônio líquido igual aos dos homens.
Vale ressaltar que a pesquisa analisa apenas os EUA. Em mercados como o Brasil, as disparidades são ainda maiores e a equidade de salários e de oportunidades entre homens e mulheres pode demorar cerca de 200 anos.
3. Criar sua própria oportunidade para avançar mais rápido
Um fantástico estudo publicado pela Harvard Business Review testou uma teoria: mulheres e homens em condições congêneres são promovidos na mesma velocidade?
Neste estudo, foram utilizados sensores que constataram igualdade de tempo de trabalho, entregáveis, pontualidade e reuniões com superiores. E a resposta, como esperado, foi que não. Ficou comprovado que as mulheres não são promovidas na mesma rapidez que os homens porque simplesmente têm hábitos e se comportam de maneira diferente.
4. Fomento de novos negócios
No que tange o empreendedorismo, atualmente, as empresas lideradas por mulheres são menos propensas a sobreviver, porque não recebem incentivos na mesma proporção que aquelas lideradas por homens. Contraditório, pois as evidências mostram que suas startups, por exemplo, geralmente são mais bem-sucedidas.
E por que as fundadoras não recebem incentivo? Quem faz o cheque, afinal, são as mesmas personalidades que não promovem as mulheres na mesma velocidade e não as remuneram pelo que valem.
A história mostra que é preciso sair da zona de conforto, do ciclo vicioso, para promover evolução significativa e cultural no mundo do empreendedorismo. O ano é 2021 e ainda estamos discutindo sobre como apoiar as mulheres em todos os aspectos.
Por isso, deixo aqui a pergunta: o que você está fazendo para mudar isso?
Por Ana Paula Pisaneschi, cofundadora e CEO do Uffa. A empreendedora dedica sua carreira há mais dez anos em distressed asset, atividades de originação, aquisição e recuperação de ativos não performados. Criadora do método de Recovery Score, é também sócia fundadora da Tróchia, master service de gestão de ativos. É formada em Comércio Exterior, Credit Scoring e Global Business MBA pelo Ibmec.
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