Liderança feminina pode garantir maior lucratividade aos negócios
Mais que opinião, estudos mostram que diversidade de gênero aumenta as chances de rendimentos acima da média para as empresas.
Liderança feminina tem sido um tema cada vez mais recorrente nas pautas das empresas que acompanham as tendências e evoluções do mercado. Para muito além da “moda” de falar e criar ações acerca desse assunto, contando também com o “buzz” gerado para as marcas, principalmente nas redes sociais, os negócios dessas empresas tendem a sofrer impactos positivos.
Um levantamento da McKinsey & Company de 2019 mostra que organizações que investem em diversidade de gênero têm 25% a mais de chances de ter rendimentos acima da média. Esse indicador deveria ser suficiente para, ao menos, despertar o interesse das empresas em investir na iniciativa, como sinal de novas práticas empresariais, mas a possibilidade ainda não virou política ou regra.
Vale lembrar que os consumidores brasileiros perdem poder de compra a cada dia, fazendo com que seu dinheiro seja cada vez mais disputado para a aquisição de produtos e contratação de serviços.
Ao mesmo tempo, na outra ponta, esses mesmos consumidores se tornam mais exigentes quanto aos posicionamentos adotados pelas empresas, sobretudo em temas sensíveis e de extrema importância para a sociedade, como diversidade e inclusão, dentre eles o espaço ocupado pelas mulheres em cargos de liderança.
Mesmo com o tema em alta e pesquisas mostrando as vantagens dessa abordagem para os negócios, a liderança feminina ainda é tabu e avança a passos lentos no mundo corporativo.
Fazendo um recorte para o setor de tecnologia, onde a representatividade de profissionais mulheres gira em torno de 20%, de acordo com dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o cenário pode ser ainda menos estimulante.
Uma pesquisa realizada pela IT Mídia, em parceria com a PageGroup, de janeiro a março de 2022, revela que, nas empresas brasileiras de tecnologia, apenas 12,06% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Outro estudo de 2021, desta vez da Deloitte, fala de mulheres ocupando cadeiras nos conselhos de administração das empresas.
Segundo a consultoria, nas companhias nacionais, o percentual é de 10,4%, maior que os 8,6% da edição anterior, realizada em 2018, mas ainda assim muito inferior à média mundial, que chega a 19,7%.
O uso de tantos dados e estudos diversos pode parecer exagerado, mas se torna necessário para mostrar a importância de falar sobre liderança feminina, não apenas em empresas de tecnologia, mas no mercado de trabalho como um todo.
E aqui, o falar sobre o assunto deve ser compreendido no sentido de incentivar ações e boas práticas, bem como a troca de conhecimentos entre as companhias.
Jogando luz sobre essa questão, cada empresa, dentro do seu universo particular de cultura, valores e propósito, poderá encontrar caminhos viáveis para implementar mudanças que impactem em uma maior representatividade de mulheres em cargos de gestão.
O mais importante é deixar clara a necessidade cada vez maior de manter esse tema em discussão dentro das organizações como diferencial estratégico para os negócios.
Na i4pro, que desenvolve soluções tecnológicas para o setor de seguros, conseguimos avançar muito nesse quesito. Numa empresa onde 90% dos colaboradores são de tecnologia, 28% do quadro geral são mulheres.
A presença feminina em cargos de liderança soma 23%, o que representa um crescimento de 350% no período de agosto de 2020 a julho de 2022. Para isso, fizemos um grande esforço em revistar nossos processos de atração de talentos.
Em um segmento extremamente masculino, nos nossos processos seletivos, as mulheres representam 34% dos candidatos; 38% delas chegam à etapa de entrevista com o gestor e 18% são contratadas. Esses números têm como base 190 processos seletivos conduzidos nos últimos dois anos.
Embora ainda não exista uma política clara de diversidade e inclusão, a i4pro está atenta a essa questão apoiando uma mudança positiva nesse cenário, construindo uma base sólida para que as ações do futuro sejam consistentes e tragam resultados satisfatórios.
Não apenas aos negócios, mas também à construção e consolidação de um ambiente acolhedor e seguro para que as mulheres possam trabalhar e se desenvolver, mesmo em tempos de home office.
Maternidade acaba sendo barreira
Trazendo outros dados para esta reflexão, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) fez um levantamento mostrando que, em média, metade do público feminino está fora do mercado de trabalho 24 meses após a licença-maternidade.
A decisão, na maioria dos casos, parte das empresas. Atitudes que acabam por interromper o desenvolvimento profissional das mulheres, trazendo mais uma barreira a ser superada.
Para essas mães, retornar ao mercado de trabalho pode ser uma tarefa mais difícil, o que gera impactos para toda a família, principalmente se levarmos em consideração que cerca de 50% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Contratá-las, seja para cargos operacionais ou de liderança, significa garantir que estas famílias possam ter uma infraestrutura melhor, proporcionando mais autonomia e liberdade financeira para essas mulheres.
Na i4pro, a modalidade de trabalho a distância também proporciona maior comodidade e flexibilidade de horários para equilibrar as atividades da vida pessoal e profissional. Além disso, oferecemos o benefício de auxílio-creche para todos os colaboradores que possuem filhos com até 5 anos de idade.
Infelizmente, a maternidade é apenas uma das várias barreiras que impedem o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho.
Para citar mais algumas, temos também o viés inconsciente, a cultura organizacional, que pode ser mais conservadora em alguns setores, a crença de que “é mais fácil lidar com homens”, a síndrome da impostora e a falta de autoconfiança, sendo as duas últimas características das próprias mulheres, mas ainda assim reflexo da sociedade em que vivemos.
Sou mulher, mãe e líder em uma empresa de tecnologia. Minha trajetória profissional até aqui foi construída em ambientes dominados majoritariamente por homens.
Atuando na área de Desenvolvimento Humano percebo de forma mais evidente a discrepância na presença de líderes mulheres no setor de tecnologia, mas vejo que isso não se limita ao nosso segmento. Hoje, sinto orgulho de trabalhar em uma empresa que, apenas no último ano, promoveu duas mulheres líderes no retorno de suas licenças-maternidade.
Por isso, essa reflexão é sempre tão atual e necessária. Quanto mais pessoas, mulheres ou homens, falarem sobre o assunto, maior será a contribuição para acabar com tabus e preconceitos.
Isso pode abrir caminho para que as próximas gerações de mulheres, incluindo minhas filhas, possam se beneficiar de mais equidade nas oportunidades abertas pelo mercado de trabalho.
Por Carolina Florence, diretora de Desenvolvimento Humano, Gestão Organizacional & Comunicação da i4pro.
Ouça o RHPraVocê Cast, episódio 105, “Qual o caminho para naturalizar a maternidade no ambiente corporativo?” com Marina Franciulli, Head de sustentabilidade financeira e projetos de impacto da b2Mamy e Shirlei Lima, Gerente de Produto da DIMEP. Clique no app abaixo:
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