Eus autênticos, visões polarizadas e conversas quentes no ambiente de trabalho

Conforme o mundo se torna cada vez mais polarizado em torno de uma série de tópicos quentes, as empresas muitas vezes tentam evitar que essas questões se tornem uma distração no local de trabalho.

Afinal, conversas de funcionários sobre temas sociais como clima, imigração, raça e equidade de gênero podem parecer uma fonte potencial de discórdia — e dores de cabeça no RH.

Porém, existe uma excelente abordagem contraintuitiva: ajude seus funcionários a falar sobre isso. De acordo com a última pesquisa da PwC, a maioria dos funcionários já está tendo essas conversas.

Além disso, eles estão se beneficiando da experiência. A pesquisa, que inclui mais de 52.000 trabalhadores em 44 territórios — uma das maiores pesquisas globais de força de trabalho já realizadas, abrangeram uma série de tópicos, desde o trabalho híbrido até fatores que pressionaram as pessoas a pedir um aumento ou procurar outro emprego.


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Contudo, alguns dos achados mais surpreendentes tinham a ver com discussões sobre temas sensíveis no local de trabalho.

A maioria dos líderes trata essas conversas como um possível campo minado, com o potencial de distrair os funcionários (na melhor das hipóteses) e, mais provavelmente, levar a disputas se os colaboradores se sentem em desvantagem.

Contudo, diferente do que se imagina na maioria dos casos, entre os entrevistados, 65% afirmaram ter esse tipo de conversa às vezes ou com frequência. Esses números foram ainda maiores entre os funcionários mais jovens.

Além disso, as pessoas foram questionadas sobre o impacto global dessas conversas, e elas se mostraram muito mais propensas a citar resultados positivos do que negativos.

Cerca de 37% disseram que conversas sobre questões sociais os ajudaram a entender melhor seus colegas e aumentaram sua empatia por pessoas com diferentes pontos de vista.

Notavelmente, as pessoas também disseram que essas conversas ajudaram a criar um ambiente de trabalho mais aberto e inclusivo — um objetivo fundamental da maioria das organizações nos dias de hoje.

Os impactos negativos, citados por uma parcela muito menor de entrevistados, incluem o aumento da relutância dos funcionários em compartilhar suas opiniões, o estresse adicionado no trabalho e dificuldade em trabalhar com pessoas que têm opiniões diferentes.

Todos esses números, bons e ruins, foram maiores para as minorias étnicas. Eles eram mais propensos do que outros entrevistados a dizer que têm essas conversas, mais assertivos ao mencionarem que essas experiências tiveram um impacto positivo e também mais abertos a citar pelo menos um impacto negativo.

Com toda certeza, o efeito geral dessas conversas é mais intenso para esses funcionários.

Tais resultados se ligam a um tema amplo que aparece em outras áreas dos resultados da pesquisa: os colaboradores querem ser seus autênticos no trabalho.

Eles não querem ser amordaçados por políticas corporativas e não querem sentir que precisam ser censurados pelas suas próprias opiniões.

Como os líderes podem promover um diálogo

Essas discussões estão acontecendo apesar de pouco esforço ativo por parte das organizações para facilitá-las. Apenas 30% dos funcionários disseram que sua empresa fornece suporte para ajudá-los a trabalhar efetivamente com pessoas que compartilham opiniões diferentes.

Esta é uma oportunidade perdida, dada a importância da empatia e da abertura na construção da confiança.

Apoiar e encorajar conversas sensíveis não é fácil. Entretanto, os líderes podem criar as condições certas estabelecendo normas, oferecendo recursos e ajudando a garantir que essas conversas aconteçam em ambientes seguros, com regras básicas sobre evitar julgamentos ou tentar persuadir as pessoas a mudar de ideia.

Criticamente, os funcionários devem sempre ter a opção de apenas aparecer e ouvir para entender melhor como os seus colegas são impactados por algo que está acontecendo no mundo.

O objetivo dessas conversas definitivamente não deve ser alcançar soluções ou gerar consenso.

Dessa forma, fomentar essas conversas é uma oportunidade de crescimento para executivos seniores também, que muitas vezes são muito mais confortáveis no modo de resolução de problemas.

O papel do líder aqui é ajudar a empresa a trazer significado, humanidade e impacto social para a força de trabalho — não para fornecer respostas.

Portanto, a principal vantagem é que, já que não existem métodos possíveis para isolar os funcionários das questões do mundo, a melhor opção é trazê-los para perto, à sua maneira, criando um ambiente mais acolhedor e inclusivo no qual as pessoas são livres para serem seus eus autênticos — e talvez até aprender com os demais colegas.

Ou seja, se os líderes seniores puderem ajudar a promover essa atmosfera mais tolerante, isso poderia ajudar a moderar as visões extremas e polarizadoras que existem hoje e levar a uma existência mais harmoniosa para todos.

Conversas quentes no ambiente de trabalho

Por Adriano da Silva Santos, jornalista e escritor. Reconhecido pelos prêmios de Excelência em webjornalismo e jornalismo impresso, é comentarista do podcast “Abaixa a Bola” e colunista de editorias de criptomoedas, economia, investimentos, sustentabilidade e tecnologia voltada à medicina.

 

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