De acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade por neoplasia maligna entre as mulheres no Brasil. Hoje, as maiores taxas se concentram nas regiões Sul e Sudeste. Até o final de 2023, são estimados 73.610 novos casos, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

Os motivos que levam ao desenvolvimento do câncer de mama são variados, incluindo: obesidade, sedentarismo, uso de contraceptivos orais por tempo prolongado, alterações genéticas e histórico familiar. Atualmente, o ritmo de vida de boa parte das mulheres, isto é, com dupla jornada de trabalho e falta de tempo para a priorização da saúde, potencializa os diagnósticos positivos para a doença. 

Alex Araujo, CEO da 4Life Prime, explica que a rotina é uma das grandes problemáticas atuais: “Estamos falando de profissionais que, além das horas servidas no ambiente de trabalho, gastam parte do dia com demandas domésticas invisibilizadas pela sociedade. É um cenário no qual a saúde é colocada de escanteio em prol de situações diárias”, diz.

Em razão do aumento de diagnósticos em jovens mulheres, a Força-tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos apontou que as mamografias regulares devem ser feitas a partir dos 40 anos, e não mais dos 50. Médicos e especialistas da área explicam que o diagnóstico precoce aumenta significativamente a chance de cura, podendo chegar a 95%. 

Neste cenário, campanhas de conscientização ganham destaque no mês de outubro, a fim de alertar mulheres para a realização de exames preventivos. “É de extrema importância que as empresas invistam em palestras e disponibilizem recursos para que as mesmas consigam aprender a se tocar da maneira correta e detectar sintomas de câncer de mama, fora os planos de saúde”, explica Araujo.

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Apoio às mulheres

Embora as mulheres não sejam as únicas que podem ter câncer de mama, elas representam 99% dos casos, segundo o INCA. Além das consequências físicas, a notícia do diagnóstico da doença também tem um grande impacto na saúde mental das mulheres.

Segundo um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em colaboração com o INCA e publicado na Revista Brasileira de Cancerologia, após receberem o diagnóstico, as mulheres perceberam um aumento nos sintomas de ansiedade, de 20%, antes da notícia, para 40% após elas saberem que estavam com câncer de mama. O mesmo efeito ocorreu em relação a sintomas de depressão, presentes em 15% das mulheres antes do diagnóstico e 30% após, e de estresse, que passaram de 30% para 50%.

“O medo da doença, por si só, gera uma perturbação emocional, por isso a importância da informação e da conscientização sobre o que é o câncer de mama e como tratar, para desmitificar a doença e mostrar a importância do diagnóstico precoce”, explica Renata Torres, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.

Renata Torres, co-founder da Div.A Diversidade Agora!

Renata Torres, co-founder da Div.A Diversidade Agora!

A especialista lembra ainda: “uma pesquisa recente do Datafolha revela que o conhecimento sobre o câncer de mama é muito menor entre mulheres pretas e pardas do que entre mulheres brancas. Mas a doença não discrimina, ela afeta mulheres de todas as raças, idades, origens e orientações”, enfatiza a especialista.

Com todos os fatores, físicos e psicológicos, que afetam a mulher com essa condição, seus índices de produtividade no trabalho também podem ser afetados. O preconceito e a angústia resultantes da doença podem e devem ser combatidos com o apoio das organizações, segundo Renata.

“As empresas podem realizar campanhas internas para conscientizar as pessoas colaboradoras, oferecer exames de mamografia para as funcionárias, proporcionar apoio psicológico para as pessoas que porventura estejam passando por um tratamento, e, ainda, patrocinar eventos e iniciativas dedicadas a trazer informação sobre o Outubro Rosa”, ressalta.

Para a especialista, essas são as organizações que se destacam, por oferecerem um ambiente saudável e inclusivo para as pessoas colaboradoras. “Uma empresa pode fazer muito mais do que aumentar a participação de mulheres em seu quadro colaborativo, ela pode fazer a diferença na vida e na saúde dessas mulheres”, conclui.