Apesar de serem as Divindades representadas por figuras femininas desde as primeiras manifestações das sociedades organizadas, a liderança dos povos foi transferida para Deuses másculos, que melhor serviam aos grupos em lutas por sobrevivência ou conquistas.
A predominância do poder dos homens na sociedade mundial foi inquestionável até o século 19, quando ideias filosóficas seculares eclodiram nos movimentos que propugnavam pela valorização do ser humano e organizações sociais mais igualitárias.
Lamentavelmente, o processo evolutivo da humanidade, alentado por filósofos e idealistas, sempre foi infiltrados por oportunistas em busca de poder econômico e político. Mas, enquanto o idealismo cessa, o poder busca a perpetuidade.
Esse fenômeno é evidente no movimento feminista. A luta por igualdade e as manifestações de protesto à discriminação das mulheres, que eclodiram no início do século 20, foram apropriadas pelo Partido Socialista da América, que a partir de 1909 passou a comemorar anualmente o Dia das Mulheres. Mais tarde, em 1975, foi instituído formalmente pelas Nações Unidas o “Dia Internacional da Mulher”, que passou a ser comemorado no dia 08 de março de cada ano.
A conquista do direito ao voto pelas mulheres se estendeu aos demais direitos sociais, conduzindo a uma igualdade inimaginável em meados do século 20. Basta olhar desigualdade de direitos contida na constituição brasileira de 1946.
Não tenho dúvidas do grande avanço moral que essas mudanças sociais representam, mas destaco que não podemos ignorar as diferenças naturais, bem como a excrescência cultural herdada, que não se modifica a curto prazo.
Ainda há muito a ser conquistado pela humanidade para a harmonia entre os diferentes, todavia, a exploração política das desigualdades de gênero continua ativa, insistindo em seccionar a humanidade e opondo homens e mulheres como se não fossem parte de um mesmo todo: a humanidade.
O mesmo ocorre com as diferenças raciais, de nacionalidades, sexualidade, religiosidade, aparência física, e assim por diante. Lamentavelmente, em que pese a elevada moralidade das reivindicações, o litígio não traz a harmonia desejada, mas a divisão entre os mais variados segmentos sociais, representando um sério obstáculo a verdadeira integração social.
Sob mantras de justiça social e atraentes apelos às pessoas de boa vontade, se escondem intenções inconfessáveis de movimentos sectários que buscam poder pontual às custas de comunidades isoladas, que assim se tornam mais facilmente manipuladas.
O fundamento axial da integração social reside na igualdade de direitos e obrigações. Uma sociedade igualitária não se constrói com excepcionalidades impostas por lei, nem por movimentos que litigam incessantemente e por todos os meios, por igualdade. É uma total incoerência criar leis ou projetos que enfatizam as diferenças raciais, religiosas, de gênero, ou outros aspectos da diversidade social, com o intuito de gerar igualdade.
Diante da diversidade natural e circunstancial dos indivíduos, nada mais óbvio do que fomentar a integração social por meio de uma educação comportamental de plena aceitação e respeito entre todos, não importa quais sejam as diferenças. Os preconceitos que obstam a harmonia entre os diferentes são hábitos comportamentais adquiridos socialmente, que podem e devem ser mudados através da educação.
O Artigo 5º da Constituição Federal do Brasil garante a igualdade de todos indistintamente. Em termos de salários, o artigo 461 da CLT garante que sendo igual o trabalho corresponderá a salário igual, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Note que a legislação proporciona tratamento igualitário a todos.
Leis ou programas que criem excepcionalidades como quotas, preferências ou de apoio a um determinado grupo social, em que pese as boas intenções, mais estressam as diferenças do que as eliminam. Difícil não dizer que “o inferno está cheio de boas intenções”. Não interessam a sociedade em geral, nem aos empreendimentos econômicos, onde deve prevalecer o trabalho em equipe, qualquer ação que coloque grupos em oposição.
A equanimidade que deve prevalecer em quaisquer atividades coletivas é ingrediente fundamental da função de RH.
Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.
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