350 colaboradores, quase 500 novas propostas para potencializar a eficiência operacional. Assim foi finalizada a primeira edição da Copa Omni de Inovação, um programa inspirado pela Copa do Mundo e que teve os executivos do negócio no papel de árbitros e cartolas. O projeto utilizou o Imagine, plataforma voltada a engajar e dar voz aos colaboradores, para incentivar a proposição de ideias e o intraempreendedorismo. Por meio dela, é possível acompanhar a evolução das sugestões e interagir com os times.

Resultado disso, a Copa Omni de Inovação contou com a participação de 350 colaboradores, além de membros do time executivo. Dez finalistas foram selecionados para terem suas ideias avaliadas pela diretoria da Omni, chegando a cinco propostas escolhidas para se apresentarem no pitch-day e três aprovadas para implantação na empresa”, pontua Maiara Muraro Martins, Head do Imagine.

De acordo com Juliana Burza, Gerente de Inovação da Omni, o envolvimento dos profissionais com o programa foi uma surpresa positiva e a promessa é que as ideias que não foram finalistas sejam, do mesmo modo, discutidas e aproveitadas entre as diversas áreas do negócio.

“Tivemos um sucesso que nem esperávamos. Usando como mote o tema futebol, formamos times multidisciplinares e demos protagonismo aos que contribuíram com soluções para desafios estratégicos da Omni, visando maior eficiência operacional. E mesmo as ideias que não ficaram entre as finalistas, serão encaminhadas para as áreas da empresa, para que os times avaliem como podem ser aproveitadas em suas necessidades específicas. Acreditamos que autonomia, liberdade e motivação são aspectos cruciais para empresas que querem manter a inovação em seu core e apostamos nisso para engajar nossas equipes.”

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O potencial do intraempreendedorismo

O conceito representa práticas que colocam o colaborador no centro da estratégica. Mais do que isso, remete a ações que incentivam o profissional a sair da caixa, ter novas ideias e participar ativamente dos processos e produtos que conduzem o negócio.

Incentivar o intraempreendedorismo reforça a cultura e ajuda a reter talentos. Quando a empresa compreende isso, percebe que, para além de qualquer benefício tangível, essa ação intangível pode se converter em um diferencial competitivo valioso”, pontua Fabricio Saad, professor titular para os temas digital e inovação na pós-graduação da ESPM.

Na visão do educador, uma vez que a organização oferece condições para que o potencial de intraempreendedorismo de seus colaboradores ganhe força, ela fortalece o seu poder de inovar. Ele salienta que a liderança tem o papel de empoderar e incentivar seu time de trabalho.

“A estruturação de qualquer programa com um enfoque assim necessita considerar o ambiente e o empoderamento dos colaboradores por meio de uma liderança que incentive e valorize a importância do tema, não se esquecendo das variáveis envolvidas, como um modelo econômico-financeiro que permita ao colaborador empreender e desenvolver suas ideias enquanto atua na organização, e como o erro. Deve-se haver tolerância ao erro, típico do empreendedorismo, pois a falha faz parte da aprendizagem”, diz.

Juliana, por sua vez, conta que na OMNI um fator preponderante para incentivar a participação dos profissionais é a capacitação. Por meio do desenvolvimento de pessoas, elas se sentem mais confiantes para expor opiniões, ideias, sugestões e buscarem novos projetos.

“Para que os times se sintam estimulados, é preciso, antes de tudo, capacitá-los. A estratégia de apoio à cultura da inovação precisa de preparação prévia para motivar os colaboradores, como workshops, palestras e cursos, que comecem a plantar essa semente dentro da empresa. Como temos áreas e perfis diferentes no grupo, tivemos que entender como conectar e engajar a todos”, diz.

Intraempreendedorismo pode ser um aliado competitivo

Nesse aspecto, a empresa contou com a parceria da Omni Universidade (plataforma de aprendizagem da própria Omni), que foi responsável por disseminar conteúdos de inovação para os times se desenvolverem internamente. “Dessa forma, eles puderam entender suas habilidades, desenvolver a criatividade e, da nossa parte, o que mais percebemos foi a real vontade de interação entre eles, fator que talvez nunca acontecesse, se não houvesse um estímulo”, comenta Juliana. “Além disso, a Omni teve também o auxílio do próprio do time do Imagine nessa parte importante da jornada, com a realização de encontros & Talks sobre cultura de inovação para líderes e outras ações de incentivo”, acrescenta.

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Diferencial competitivo

De acordo com Maria Mendonça, Diretora de Cultura e Times da Troposlab, a inovação via intraempreendedorismo permite às empresas controlarem riscos e recursos. “A inovação só acontece quando a organização aceita e calcula o risco da mudança, além de estar aberta a modificações. Os programas de intraempreendedorismo buscam criar um ambiente favorável para que esta ruptura com a rotina aconteça. É preciso mudar o comportamento para ter resultados novos”, afirma.

Atualmente, segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), menos de 1% dos colaboradores brasileiros são atuantes como intraempreendedores, estatística que revela que a prática ainda é pouco disseminada no mercado de trabalho do país. Programas de intraempreendedorismo tem como objetivo gerar resultados via desenvolvimento de projetos, ideias e negócios, enquanto também geram as mudanças de culturas mais profundas.

Porém, para que o método tenha realmente um impacto na cultura, fazendo com que essas habilidades sejam incorporadas pelo grupo, ele não pode ser tratado como um simples processo de implementação de novas ideias. “Não se trata apenas de criar espaço para o intraempreendedorismo. Conceber esse espaço é fundamental, mas insuficiente se a empresa estiver com pressa em promover essa mudança de mindset”, explica a executiva.

Para Maria e Renata Hora, Diretora de Conhecimento e Inovação da Troposlab, um programa de intraempreendedorismo efetivo na promoção da cultura considera: 

  • A comunicação do programa antes, durante e depois como um instrumento de intervenção na cultura e disseminação de novas práticas – apoiando a descrição das contingências e de modelos comportamentais;
  • Os times são selecionados com a mesma atenção dos projetos, já que precisam ser times que vão desempenhar em um tempo fixado e se tornarão modelos comportamentais diretamente ou indiretamente;
  • O desenvolvimento dos negócios e dos times acontece em sincronia, ambos com processos sistematizados de desenvolvimento – criando um ambiente favorável para quem está “saindo da zona de conforto”;
  • Os líderes dos times fazem parte do processo, estão incluídos e são desenvolvidos e acompanhados – são treinados a acompanhar seus times em novos moldes;
  • Os projetos selecionados são de relevância para a companhia, que fornece recursos para seu desenvolvimento (tempo, orçamento mesmo que limitado, apoio, etc);
  • As pessoas que se dedicam se sentem desenvolvidas e reconhecidas ao final;
  • A empresa se prepara para receber esses “empreendedores formados” dando a ele espaço para mudar seu ambiente de trabalho, processos e autonomia.

“A questão que todo bom gestor deveria se perguntar é: para onde vai esse talento com a sua ideia se eu não o apoio? Por trás de uma ideia – mesmo que ela possa parecer absurda – pode estar escondido um outro grande negócio”, finaliza Fabricio Saad.

Por Bruno Piai