Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Por muitos anos, essa foi a lógica permeada no mundo corporativo, onde a figura autoritária do chefe predominava no estabelecimento das regras a serem cumpridas por seus empregados.
Mas hoje, esse cenário já se mostra impensável de ser visto em qualquer empresa, dando espaço para novas relações profissionais pautadas em um modelo de trabalho balanceado e, até mesmo, na possibilidade de muitos exercerem suas funções sem a presença massiva desta figura superior.
Em tempos de demissões voluntárias crescendo potencialmente, o unbossing vem sendo uma alternativa de trabalho cada vez mais cogitada de ser investida no mercado. Sua proposta é bem simples: ao invés de existir um profissional liderando os times, há a criação de um ambiente completamente colaborativo.
Uma nova cultura organizacional onde todos trabalham juntos, eliminando hierarquias rigidamente delimitadas e direcionando o foco da companhia na conquista dos resultados desejados.
As mudanças provocadas pela pandemia foram alguns dos maiores influenciadores desta mudança de mindset, justificadas pela necessidade de adaptação dos negócios frente às novas demandas profissionais.
Surpreendentemente, os benefícios desta proposta foram rapidamente sentidos por muitos empresários – evidenciando as vantagens que a autonomia aos profissionais possibilita no que diz respeito à sua maior felicidade, engajamento e produtividade.
Em uma pesquisa feita pela Harvard Business Review, 66% dos trabalhadores confirmam que abrem mão do cargo de chefia por oportunidades que tragam uma maior liberdade em suas funções. Este dado deixa claro que assumir a liderança do negócio já deixou de ser o sonho de consumo da maioria dos profissionais, atraídos muito mais por vagas que estimulem o diálogo, incentivo e colaboração entre os membros da empresa.
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Já estamos vivenciando o futuro do trabalho, fortemente marcado por relações mais dinâmicas e desconstruídas da figura de um chefe para comandar os times. Para aqueles que ainda insistem em permanecer com uma mentalidade de negócios mais tradicional, é urgente modificar esta linha de raciocínio para se manter operando no mercado.
Este é um caminho sem volta, necessário para fortalecer estratégias competitivas e atrair profissionais qualificados e engajados com a causa da empresa.
Quanto menos demandado for a presença do chefe, melhor será o incentivo à autonomia e crescimento individual dos colaboradores. Os gestores devem compreender como direcionar seus times rumo a sua maior produtividade e desempenho, aprimorando sua autonomia para crescerem junto com a companhia.
Mas, é importante ressaltar que nem todos possuem maturidade suficiente para trabalharem sem uma gestão constante em seu dia a dia.
Muitos profissionais precisam de uma liderança constantemente presente em sua rotina, muitas vezes como forma de se sentirem mais seguros em suas responsabilidades. Por isso, as empresas que decidirem incorporar este novo mindset em sua cultura devem iniciar o processo desde seu processo seletivo – contratando aqueles que se identificam com esses valores e, acima tudo, possuem uma autogestão elevada para terem a capacidade de trabalharem com esta maior liberdade.
Junto a esse “match” entre os envolvidos, o autoconhecimento de seu limite de liderança também deve ser aprimorado pelos próprios gestores. Em meio a perfis opostos presentes em um mesmo ambiente de trabalho, é dever deles analisar a linha tênue entre sua presença ou não na rotina de cada um, prezando sempre por um alinhamento claro para que não haja qualquer desentendimento.
O unbossing certamente é uma tendência que crescerá muito nos próximos anos, especialmente na ascensão dos modelos de trabalho híbrido e 100% home office. Para aqueles que se identificam com estas propostas, deve haver um alinhamento entre estes valores e uma autogestão impecável para garantir a produtividade e satisfação no ambiente de trabalho.
Todos os lados podem ganhar com esta maior autonomia, desde que prezem por uma comunicação próxima a todo o momento e trabalhem em conjunto para atingirem os objetivos desejados.
Por Ricardo Haag, sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
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