Inúmeros testes, entrevistas com várias pessoas, ausência de retornos e feedbacks e meses de uma jornada que não tem fim. Muitos profissionais já sentiram na pele o que é vivenciar um daqueles processos seletivos intermináveis, que após o início parece que não chegam a lugar algum. Mas por que eles existem?

De acordo com pesquisa realizada pela Robert Half, a maior frustração para os candidatos no Brasil é o retorno lento, citado por 58,1% dos respondentes. Na sequência aparecem as várias entrevistas com o mesmo empregador (48,6%) e a falta de comunicação referente às etapas que integram o processo de seleção da vaga (48,2%). Demora na decisão, aspecto apontado por 30,2% dos participantes do estudo global, também é uma das principais queixas.

Para Célia Lourenço, consultora de Recursos Humanos, por mais que até existam algumas justificativas plausíveis para as organizações prolongarem seus processos seletivos, elas devem avaliar quando isso é mesmo necessário, uma vez que o incômodo causado na seleção pode ser negativo para a marca empregadora.

“Vagas muito complexas, dificuldade para encontrar o profissional certo, confidencialidade do processo e envolvimento de muitos gestores, como diretores globais, são circunstâncias que podem prolongar uma oportunidade. Porém, testes desnecessários, agenda desorganizada e entrevistas que não levam a lugar nenhum não podem e não devem integrar a vaga. Além de demonstrar falta de foco, estratégia e organização da empresa, também são pontos prejudiciais à imagem”, diz.

Durante o HR4results 2023, evento realizado pela Gupy, a maior influenciadora de RH do país, Carolina Martins, disse, durante sua palestra, que muitas empresas criam etapas na seleção que sequer são importantes para a vaga em questão. Segundo ela, ainda é comum que quem poste a vaga em alguma plataforma não saiba quais são as diretrizes, de fato, necessárias.

“Quando o recrutador não faz um bom alinhamento da vaga, ele coloca etapas desnecessárias. E quando o recrutador não se comunica com o candidato, ele desiste da vaga. Quanto menos o candidato se sentir perdido, mais ele vai se comprometer com o processo seletivo.”

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Problemas devem ser corrigidos

De volta ao estudo da Robert Half, 63,4% dos candidatos brasileiros se candidatam em cerca de dez ou mais oportunidades ao mesmo tempo. Célia explica que da mesma maneira que as organizações precisam repensar a forma como constroem seus processos seletivos, o candidato deve ser estratégico.

“Quem procura emprego nem sempre tem a oportunidade de escolher quais vagas deseja. No desespero, você se candidata a tudo o que encontra pela frente. O problema disso é que além de ser comum se perder em meio a tantas candidaturas, o candidato não consegue ir direto ao ponto nas vagas. O que quero dizer com isso: ele não faz currículos específicos para cada vaga, padroniza as informações para todas as vagas e perde o foco até mesmo dos pontos principais que precisa desenvolver para sua carreira, uma vez que se vê diante de inúmeras exigências diferentes. A quantidade mais atrapalha do que ajuda”, explica.

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Referente às empresas, a consultora faz o alerta de que a jornada do candidato deve ser levada em consideração a todo momento. Da descrição da vaga às etapas e entrevistas, é essencial que as companhias tenham em mente que qualquer trabalho de engajamento começa neste momento e não somente quando alguém é aprovado.

“O candidato deve estar no centro da ação. Os testes devem ter propósito e as burocracias devem ser eliminadas. Não se encontra os melhores talentos desenvolvendo metodologias insuportáveis, que só fazem perder tempo, para ‘diminuir a quantidade de gente’ e assim facilitar a filtragem do RH. O RH não é o protagonista do processo seletivo, mas sim o candidato. Quanto mais hierárquica a vaga, menos as pessoas estão dispostas a desperdiçar o seu tempo”, pontua.

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Vale a pena ir além nesses processos seletivos? Como superá-los?

Quem responde isso é a estrategista de recolocação profissional e gestão de carreira, Ticyana Arnaud. Em episódio do RH Pra Você Cast, ela trouxe todos os segredos para que os candidatos consigam alavancar a sua competitividade em cada vaga disputada.

“Não fique à disposição da plataforma. Quem tem o domínio do processo é cada pessoa. Não espere a plataforma entrar em contato. Faça uma lista com todas as suas candidaturas e acompanhe-as. Se você tem o controle do processo, ele avança mais rápido. Às vezes há aberturas no processo que não foram vistas”.

Confira o episódio completo no player abaixo ou acesse a plataforma de streaming de sua preferência.

Por Bruno Piai