A inserção e valorização feminina no mercado de tecnologia são desafios constantes. Isso é o que mostra a terceira edição da pesquisa “Os principais desafios de mulheres em tech”, conduzida pela Yoctoo, consultoria de recrutamento e seleção especializada nesse segmento, que revela que 78% delas já sofreram preconceito.

É nas empresas onde a discriminação mais acontece, sendo em 61% dos casos, seguido por 36% no ambiente educacional e 32% em processos seletivos. “Precisamos identificar essas ações e lutar para que todas as mulheres sejam reconhecidas e valorizadas”, defende Paulo Exel, diretor da Yoctoo.

Entre as situações mais comuns estão o manterruping, que são interrupções feitas por homens, apontadas por 46% delas; o mansplaining, que são explicações óbvias de um homem para uma mulher, com 35%; e bropriating, que é quando um homem leva créditos por uma ideia de uma mulher, com 33%. 

Cerca de 21% delas relatam assédio moral e 19% se queixam de gaslighting, que é o abuso psicológico que faz a mulher duvidar do seu próprio senso de percepção e sanidade.

Esse preconceito, contudo, se inicia antes mesmo da contratação. Cerca de 22% afirmam que seu gênero aumenta a dificuldade nos processos seletivos – número que salta para 53% quando ainda são estudantes de tecnologia. 

Uma vez contratadas, 61% dizem ter que provar suas habilidades técnicas o tempo todo e 46% afirmam que o maior desafio é serem respeitadas por líderes, pares ou subordinados do sexo masculino.

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Áreas tech contam com aumento da presença feminina

Apesar de todas essas dificuldades, a área tem se mostrado cada vez mais atraente para elas. A possibilidade de aprendizado contínuo, somado à paixão pela área, só tem aumentado. Em 2019, a oportunidade de aprender foi apontada por 8% das entrevistadas, saltando para 33% em 2021 e 54% em 2022. A remuneração e os benefícios também são cada dia mais considerados, tendo registrado aumento de 18% em 2019, para 39% em 2021 e 52% agora. 

Na prática, as empresas precisam criar oportunidades para que elas se desenvolvam, atuando em atividades mul­tidisciplinares e com acesso a tecnologias inovadoras

“Também é aconselhável oferecer um plano de carreira estruturado, com possibilidade de participação nos lucros, programas de educação continuada, além de um clima organizacional saudável, que ofereça um trabalho com autonomia, flexibilidade de horários e propósito”, defende Thássia Gonçalves, consultora especializada na contratação de profissionais das áreas de tecnologia e digital da Yoctoo.

Mulheres aumentam sua presença no TI, mas preconceito ainda persiste

Mulheres aumentam sua presença no TI, mas preconceito ainda persiste

Outro ponto importante é a flexibilidade. Cerca de 61% delas buscam vagas com horários flexíveis e 49% com opção full home office. Além desses benefícios, o incentivo à maior participação feminina na área desde a infância é considerado como fator fundamental para estimular essa inclusão por 63% das participantes, seguido pela equiparação salarial em todos os níveis hierárquicos, com 50%.

Para Thássia, porta-voz da Yoctoo neste estudo, as empresas precisam proporcionar mais diálogos entre homens e mulheres, reforçando a necessidade da inclusão.

“É preciso fortalecer a autoestima delas desde cedo e ajudá-las a se sentirem tão capacitadas quanto qualquer profissional. Temos que dar oportunidades nas vagas de base, ainda que elas não tenham experiência, a fim de que possam se desenvolver. Nós precisamos começar de algum lugar, não é mesmo?”, sugere.


Não só para as áreas de tecnologia, mas para o mercado de trabalho em geral, a equidade de gênero vem se tornando uma das mais importantes metas das organizações que visam se manter competitivas, diversas e inovadoras. A construção de um cenário equitativo, porém, vai além de pensar em números. É preciso criar pilares que tornem o ambiente profissional saudável e acolhedor a todos os públicos.

Quem entende muito bem de equidade é a GSK Brasil, que fez do tema parte central de sua cultura organizacional. Conheça os desafios, estratégias e vantagens por trás do trabalho da companhia no RH Pra Você Cast, que entrevistou a diretora de RH, Cintia Magno.


Todos os dados foram coletados com base na amostra de 286 res­pondentes do sexo feminino, entre 26 e 40 anos, com os cargos de estudante, analistas desenvolvedoras, executivas de TI, líderes de equipe técnica, entre outros. Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui.

Além deste estudo, a Yoctoo preparou um e-book com 50 conselhos para mulheres em tech. O material, intitulado de “Conselhos de Amigas Anônimas em Tech”, reúne dicas de mais de 190 mulheres que responderam à pesquisa.

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“Este foi um dos nossos melhores presentes durante a análise de dados. Após analisarmos todo o material colhido, nós achamos que a melhor forma de destacar tantos conselhos inspiradores seria construindo este livro extra com dicas de quem já precisou de apoio em sua própria jornada. Acreditamos que esta é uma forma genuína de mostrar para toda e qualquer mulher que queira se aventurar em carreiras de tecnologia, que ainda que surjam desafios, ela não estará sozinha”, explica Ingrid Alves, coordenadora de marketing da Yoctoo.

Ingrid explica que o livro está dividido em seis categorias, para serem consultadas de acordo com o contexto de carreira de cada mulher de tech, são eles: para ler quando pensar em desistir, quando bater a síndrome da impostora, não souber seu próximo passo, te colocarem para baixo, precisar de motivação e precisar de inspiração. Para fazer download desse material gratuito, acesse: https://bit.ly/anonimasemtech.

Por Redação