Embora o home office tenha, por conta da pandemia da Covid-19, se estabelecido como um modelo de trabalho – de forma integral ou híbrida -, ele é uma realidade ainda distante da maioria dos profissionais brasileiros. Segundo um levantamento conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), somente 20,4 milhões de trabalhadores no país atuam em funções que poderiam ser realizadas a distância, o que totaliza 24,1% da atual massa de trabalho do Brasil.

Os outros 64,4 milhões de trabalhadores – 75,9% dos empregados -, embora sejam responsáveis por 60% da massa salarial do país, não têm a flexibilidade do home office como uma alternativa em sua jornada laboral. Além disso, o estudo identificou que as mulheres representam o público em vagas com maior potencial para adotar o trabalho remoto – 58,3% dos casos.

Ainda de acordo com o estudo, embasado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínuo (Pnad Contínua) do primeiro trimestre de 2021 e também pelo Produto Interno Bruto (PIB), o Sudeste é a região com maior flexibilidade para as empresas adotaram o modelo a distância. 10,5 milhões podem fazê-lo, o que representa quase metade dos 20,4 milhões totais. 

O Sul aparece na sequência com 3,566 milhões de trabalhadores que podem atuar remotamente, enquanto a região Norte é a que menos possibilita tal opção, que pode ser seguida por 1,208 milhão de profissionais.

Dois anos de pandemia

Entre os grupos educacionais, a liderança do ranking é daqueles que possuem formação universitária. A pesquisa indica que 62,6% dos profissionais com ensino superior no currículo poderiam potencialmente trabalhar de casa. Por raça, a predominância é das pessoas brancas, com as portas de casa abertas para o teletrabalho em 60% dos casos. Já por faixa etária, as vagas remotas são, em 71,8% das situações, ocupadas por quem tem entre 20 e 49 anos.

Outro dado levantado, segundo a CNN, diz respeito às zonas. A Carta de Conjuntura do Ipea aponta que “as estimativas indicaram o predomínio, como esperado, do teletrabalho na zona urbana. Não obstante, a área rural conta com mais de 650 mil pessoas em teletrabalho potencial, o que corresponde a 6,4% do total de ocupados”.

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Voltar ao escritório? Não com os combustíveis tão caros

Dentro do recorte da população que pode escolher entre trabalhar de casa ou remotamente, voltar ao escritório é uma opção que, por ora, mais da metade dos trabalhadores não planeja adotar. Por trás disso, um argumento importante: a alta dos preços dos combustíveis – que tiveram picos médios na casa dos R$ 8/litro.

Segundo uma pesquisa da OnePoll, em parceria com a Citrix Systems, 54% dos colaboradores preferem ficar trabalhando de casa para evitar os altos gastos com combustível. Nos Estados Unidos, o número chega a ser maior, com 57%.

“As empresas e os trabalhadores aprenderam nos últimos anos como tornar o home office eficaz e funcional, já que não havia outra solução e, no fim das contas, viu-se que não era um bicho de sete cabeças. Com essa mudança de cultura, começou-se a pesar na balança vários outros custos-benefícios, e com os preços exorbitantes da gasolina, a economia em trabalhar de casa é representativa”, diz Daniela Velez, gerente de Recursos Humanos na Run2biz, empresa de tecnologia da informação (TI) que desenvolve soluções para gestão de serviços e hiperautomação.